capítulo 2

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Meus pais me acordaram de madrugada e me levaram até o quarto. Dormi com olhos molhados refrescou de um jeito que ninguém deveria sentir.

Acordei com o despertador do meu celular e fiquei considerando se poderia inventar alguma dor de cabeça ou cólica para nunca mais levantar daquela cama. Então minha mãe abriu a porta. Ela estava arrumada para o novo trabalho aqui em Bradford num escritório de advogacia, coque, um terninho e uma saia justa até depois do joelho. E eu na mesma roupa de ontem.

- Filha, deve estar se perguntando porque estamos no outro lado do mar. - eu assenti. - A verdade é que estamos aqui para ir para uma das melhores psiquiatras do mundo! Elizabeth Lee é formada em Yale e Harvard em psicologia, psiquiatria e terapia. Eu e seu pai juntamos nossas economias e conseguimos pagar um ano para que ela te ajude com as suas quedas.

Ela fez aspas nas quedas. Ela não queria dizer surtos psicóticos ou algo pior. Não a culpo. Eu não era o ícone da sanidade e acho que enquanto a realidade se afastava, a insanidade andava ao meu lado; como uma cobra brincando com a presa antes de dar o bote.

- Ta, tudo bem, mãe. Já acostumei a todos esses profissionais. Já decorei até as perguntas...

- Ela te atenderá as duas. - ela disse ignorando meu comentário. Ela falava como se estivesse ensaiado no espelho e ninguém iria interromper antes dels terminar - Vamos filha se arrume você ficará linda no seu primeiro dia de aula. A escola é só você virar a esquina e seguir reto na rua. Vai se divertir.

Ela saiu acariciando meu cabelo. Gostava quando ela tentava.

Me levantei e peguei uma roupa na mala. Uma camiseta, uma jaqueta xadrez e um jeans. Decidi só pegar uma sapatilha em vez de por o tênis, porque minhas mãos tremiam de ansiedade. Passei lápis para esconder o vermelho em baixo dos olhos, base e corretivo para esconder as olheiras e um batom para esconder os lábios machucados por eu morde-los até sentir o gosto de sangue. Desci as escadas penteando os cabelos loiros rebeldes e passei pela cozinha. Meu pai comia panquecas e bebia suco de laranja.

- Quer café?

- Não, Morgan!

Desde que Isaac morreu e comecei a deteriorar, meu pai foi o que menos me apoiou. Ele nunca ia me ver no meu quarto e em todas as minhas "quedas" ele revirou os olhos e foi me ajudar com aquela voz de desgosto.

Sai pela porta e andei pelas ruas úmidas de Bradford.

Ao chegar na escola, que eu nem quis saber o nome, peguei o horário das aulas e andei pelos corredores brancos até minha primeira aula.

Conversei um pouco com uma garota morena, Phoebe, e os garotos mandaram beijos uma vez enquando eu passava. Odiava ter que ouvir o sutaque ingles dos professores e alunos.

Ao chegar na porta da orientadora estava um dos garotos dos beijos sentado na cadeira. Eu andei e esperei Elizabeth me chamar. Olhei de cima a baixo o garoto. Era moreno e hoje eu vi que ostentava suas tatuagens para algumas garotas que davam em cima dele. Pelo que Phoebe comentou depois, ele tinha 19 anos e continuava no último ano. Seu nome era Zayn Malik.

- Por que você vai ver a Liz? - ele disse depois de dez minutos.

- Não te interessa!

Ele pareceu ofendido e até franziu o olhar. Como se eu tivesse medo.

- Posso pelo menos saber o seu nome?

- Katherine Paige. - uma mulher japonesa baixinha de no máximo trinta anos falou segurando uma prancheta. - Pode entrar, querida.

hallucinations // zmOnde histórias criam vida. Descubra agora