capítulo 8

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Acordei e fiquei pensando deitada olhando para o teto de meu novo quarto. Saudades do antigo, que eu tinha decorado com várias coisas. Tinha um apanhador de sonhos, um mural de fotos, luzinhas roxas que pendurei em minha cama e tinha tudo que eu sempre podia entrar lá e me ocupar com algo. Esse quarto era ridículo, comparado ao meu. A parede um dia fora um azul vivo, agora estava um azul bebê desbotado e que já estava descascando. Tinha uma cama encostada na parede, uma janela com persianas quebradas, um armário e até que tinha um banheiro no quarto, coisa que o meu em Nova York não tinha, mas nada mais era grande coisa naquele quarto.

Levantei cansada de olhar aquela vista deprimente e andei pelo corredor, meus pais não estavam em casa então fui para a sala e vi a TV britânica.

Meu celular fez um beep-beep e eu considerei se deveria me conectar com o mundo a fora. Peguei e era de um número desconhecido.

Kathe, minha casa agora já tenho uma idéia sobre como parar as alucinações.

Zayn...

Não queria ir, mas eu queria ver onde isso ia dar. Vesti uma calça de moletom, uma regata e pus uma blusinha de lã, para parecer mais relaxada só faltou a pantufa, então pus um tênis vans.

Caminhei até a casa dele olhando as folhas das árvores paradas pelo vento inexistente. Chovia um pouco e molhou minha roupa e pele, mas nem liguei. Estava frio hoje e fechei a blusinha de lã contra o meu corpo para concentrar o calor, não deu certo, a chuva o molhou.

Chegando lá toquei a campainha. Um Zayn de pijama atendeu. Ele usava uma camiseta preta regata com botões, uma calça de pijamas com águias e estava descalço. Zayn me olhou esperando eu rir, mas não estava com humor para isso. Ele apenas me deu espaço e eu entrei.

- Qual a sua grande idéia, gênio?

Ele sorriu travesso e eu comecei a considerar se deveria continuar com aquilo ou não.

Fomos até o sótão e eu sentei na poltrona e afundei a cabeça. Senti um certo tremor quande ele pegou algo que estava em cima de um móvel de madeira empoeirado. Era um pote, ele removeu a tampa, saiu um vapor e um cheiro misto, e lá dentro tinha sopa. Ou pelo menos era minha melhor teoria.

- Que merda é essa?

Zayn pegou o pote e aproximou-o de mim.

- Sopa de legumes. Minha mãe que fez! Vamos testar se você sente sabores nas alucinações.

Eu o olhei de cima a baixo.

- Como pode ter essas idéias geniais e ter repetido dois anos?

Ele não pareceu gostar do comentário. As vezes esquecia que Zayn tinha dezenove anos.

- Tá, cala a boca e fantasia logo! Não temos o dia todo!

- Já vou!

Fechei os olhos, mas nada veio.

- E então? Nada? - Zayn disse irônico.

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo?

- Eu penso que você deveria estar agora vendo o tal de Isaac.

- Não fale o nome dele!

Levantei o meu tom de voz.

- Você quer minha ajuda ou não?

- Na verdade não quero! Eu nem a pedi! Por que eu iria querer a sua ajuda? Aliás, por que alguém em sã consciência pediria a sua ajuda?

- Sabe por que você pediu? - ele falou delicado depois gritou. - Por que você NÃO TEM UMA CONSCIÊNCIA SÃ!

Me irritei! Levantei da poltrona e andei até ele pisando duro.

- Prefiro enlouquecer do que passar mais um segundo com você! As alucinações são melhores!

- Ótimo, então fique com elas! Por que também não põe uma camisa de força e vai pro hospício? Louca!

O fuzilei com o olhar enquanto dava mais um passo para ficar poucos centímetros dele. Mostrar que eu não ia recuar.

- Melhor que aqui!

- Então VAI! Eu não to te segurando!

- JÁ ESTOU INDO!

Empurrei ele e já comecei a ir embora.

- Você é tão teimosa! Por que tem que ser tão irritante? Eu só queria te ajudar, fazer uma boa ação, mas você estragou tudo.

- Você que estraga, Zayn! - disse me virando para encara-lo. - Você é um idiota e ninguém deve conseguir te suportar!

Ele me fuzilou com o olhar também. Mas, suas próximas palavras foram cuspidas na mais perfeita calma.

- Não sei quem era Isaac, mas ele fez bem em ti deixar.

Ai! Eu já estava com os olhos meio molhados de raiva, a raiva se transformou em um misto de sentimentos. Agora eu não sabia como responder, toda a minha raiva foi possuída por uma tristeza, por choque, por uma desilusão.

Não tinha mais fôlego para gritar, não tinha mais peito para aguentar tudo isso. Eu estou tão cansada de tudo.

Ele percebeu que tinha me afetado e abaixou os ombros. Seus olhos diziam: perdão por dizer a verdade!

Me virei, comecei a andar, se é que pode chamar aquilo de andar, eu mais cambaleava. Então veio a alucinação. No pior momento possível.

Eu estava na minha rua em Nova York. Estava como sempre. Lixo pela calçada, prédios grandes, alguns mendigos que eu sempre dava comida e sempre me diziam oi, as lojas embaixo dos prédios... Nova York, uma cidade onde se usa todo o espaço disponível.

Mas, a rua já estava a noite e eu tinha medo dela a noite, não era perto do centro, ou de algum lugar famoso. Ou seja não é seguro andar lá a noite. Só havia uma vez que andará lá a noite. Com Isaac. E eu nos vi dobrando a esquina, ele segurava a minha mão e enquanto eu ria ao contar uma história, ele só ouvia o que eu dizia e sorria. Ele me segurou e me beijou para calar a minha boca. O beijo foi bom, mas Isaac não era quente, era sensível, fofo e delicado. E isso me irritava um pouco, mas agora parecia algo que eu deveria ter valorizado.

Então senti uma onda quente descendo pela minha garganta. Sopa. Zayn! Então a alucinação parou enquanto Isaac me dava nosso anel de namoro. Era prata e tinha uma linha curvilínea dourada brilhante, representando ramos com folhas. Eu havia deixado-a ser enterrada com Isaac.

Acordei na poltrona. Olhei Zayn e ele me olhou. Seu rosto sem expressão visível. Levantei e andei até a porta da frente sem dizer nada. A rua estava fria e com crianças jogando futebol, pareciam baratas correndo atrás da maldita bola. Eu estava ficando um pouco amarga. Ao chegar em casa fiquei vendo TV e alguém abriu a porta lentamente. Saltei do sofá e olhei em quanto o desconhecido tomava forma.

Ela tinha minha idade, cabelos negros longos e olhos azuis.

- Melissa.

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oitavo capituloo!

finalmente nossas provas acabaram, e fica bem mais fácil da gnt escrever e postar.

esse capitulo foi sem graça, eu sei, mais o próximo eu prometo q vai ser legal.

seu voto nos faz feliz!

espero q estejam gostando ♡

hallucinations // zmOnde histórias criam vida. Descubra agora