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- Você não teria um cigarro, teria?
Eu olhei para a garota de camisola que parecia nunca ter visto a luz do sol. Ou um pente.
- Não!
- Se você tem, me fala! - ela fez uma expressão de quem estava contando um grande segredo.
- Já disse que não - ela continuou a me encarar - EU NÃO TENHO CARALHO DE CIGARRO! SAI DAQUI!
A garota se virou e sai correndo como se eu tivesse apontado uma arma para ela. Eu voltei a escrever no meu bloco de papel com giz de cera, por isso minha letra ficava parecendo a de uma criança aprendendo a escrever. Era meio que uma norma os pacientes não terem nada afiado ou pontudo. Como se um giz ia impedir alguém de rasgar uma garganta; saudades lápis e caneta. Uma enfermeira morena se aproximou de mim, aquela que sempre ficava me encarando com desaprovação. Eu a fitei com indiferença e ela enrijeceu ficando numa postura firme. Devia ter uns 50 anos e tinha uma verruga cobrindo a bochecha esquerda.
- Acho que vou falar com o diretor para colocar um calmante forte nos seus remédios.
- Também acho que você devia falar com um obstetra sobre o filho que ta crescendo na sua cara.
Ela me fuzilou com o olhar insultado.
- Tenho o poder de tirar o teu dia de visitas se eu bem quiser!
Eu dei de ombros. Me levantei e cheguei bem perto dela.
- Foda-se! - disse irônica.
Ela me fuzilou com o olhar e saiu andando batendo o salto no chão de concreto. Peguei o quer que havia pego do bolso dela e sorri. Estava boa nisso. Pus o chiclete na boca e masquei feliz. Fazia tempo que eu não mascava um. E se tinha uma coisa que me fazia parar de pensar era chiclete.
O lugar que eu me encontrava era uma área enorme atras do hospital psiquiátrico com alguns bancos e um gramado cheio de flores de vários tipos e flores. A área que eu estava no entanto era a parte embaixo de uma coluna de pedra com um teto de mosaicos e chão de concreto. O banco em que eu estava tinha cheiro de suor e era marrom como os de parque. A briza que passava pelo meu cabelo me lembrava de casa. Não em Bradford, mas em Nova York mesmo. Pois, tinha um cheiro familiar. E isso me acalmava. Não que eu quisesse voltar para lá. Me lembrei da escola. Era eu e Melissa andando feito retardadas pelo corredor ignorando os olhares voltados para nós. As garotas da minha sala eram apenas amigas quando eu estava entediada e todos os meninos eram feios ou completos idiotas. Toda tarde depois da escola, eu e Melissa íamos ao Central Park e ficar embaixo de arvores conversando por horas e depois íamos no Upper East Side ver as lojas chiques. Sorri ao lembrar de nós experimentando várias roupas na Chanel e bolsas na Louis Vuitton e nunca comprar nada. Parecia outra vida. Nada comparado a roupa de hospício que estava vestindo. Uma jaqueta tipo cardigan só que sem botões com a manga maior que o meu braço, uma calça de linho branco e uma camiseta de manga curta com uma margarida estampada. Calma, Katherine! Só até os seus dezoito anos. Depois você vai poder usar jeans de novo.
Voltei ao meu texto. Era mais uma musica que eu gostava de me lembrar para não pirar completamente. Eu usava ela nos meus piores dias depois da morte do Isaac. Eu nem pensava mais nele e acho que sei porquê. Porque em duas noites que eu estava nesse hospício, eu só pensava nele. Isso deve ser alguma doença! Não é possível alguém passar tanto na minha cabeça assim! Agora era o dia de visitas e eu sentia muita a falta dos meus pais, mas não queria ver Jack, nem Melissa. Eles iam brigar comigo ou pior, fazer um monte de perguntas.
- Você tem um cigarro?
Eu revirei os olhos para a garota parada do meu lado. Ela devia ter uns quinze anos e tinha olhos grandes e tristes. Se ela se arrumasse seria bonita, mas agora estava com uma aparência triste e deprimente.
- EU NÃ.. - podia jurar que senti uma lâmpada acendendo em cima da minha cabeça como em desenhos animados. Levantei do banco para ficar na altura dela, mas ela era mil vezes mais baixinha do que eu. Batia no meu ombro no máximo - Eu sei onde te arranjar um.
Ela me abraçou. Minha reação foi ficar parada olhando feio para as enfermeiras que nos encaravam e fazer algumas bolas de chiclete até que a pirralha finalmente me soltou.
- Fica aqui...! Qual é o seu nome?
- Lauren.
- Okay, Lauren. Cala a boca e haja naturalmente.
Larguei o bloco de notas e pisei na grama começando a andar.
Eu avistei na bolsa da minha psicologa o maço Malboro ontem a tarde. Ela no momento estava andando pelas flores conversando com uma enfermeira ruiva com uma prancheta. Eu andei até ela. Quando eu me aproximei ela se virou. Eu engoli em seco assim como fazia toda vez que a via. A enfermeira ruiva sorriu para mim e caminhou para longe.
- Olá, Katherine.
- Elizabeth.
A mesma da droga da escola que meus pais contrataram. Acontece que ela sempre trocava de emprego e tinha de vir para o mesmo hospício que eu. Eu respirei fundo, mas antes de eu usar o meu truque ela interrompeu o meu pensamento de apunhala-la com o giz na garganta.
- Sabe, ainda bem que você teve essa recaída. Assim eu posso realmente ajudar você a superar o seu problema. Acho que se você se abrisse mais sobre o seu problema você teria mais compreensão da parte das outras pessoas. Alguns ignorantes não entendem que vocês só estão perdidos e não "loucos". Não gosto dessa palavra. Você sem duvida vai ser difícil, mas vou tentar ao máximo te curar. Não vou desistir de você, nem vou te julgar se você se abrir comigo.
A voz mais carente e assustada saiu da minha boca naquele momento.
- Acho que a razão de tudo é que qualquer sentimento que eu tenho é muito forte e não tem meio termo. Por isso eu não tenho nenhum tipo de equilíbrio. E parece que eu afundo, volto a nadar, então vem uma onda e eu estou no fundo de novo. Então é melhor ficar no fundo mesmo do que tentar nadar e me afundar de novo.
Elizabeth Lee sorriu e pareceu satisfeita. Eu roubei a atitude de Lauren e abracei a doutora. Ela retribuiu com tapinhas sem graça nas minhas costas. Eu a soltei e ela sorriu para mim com instinto maternal. Me virei e fui até o meu banco onde Lauren mastigava meu giz de cera vermelho. Ela me olhou com expectativa e eu mostrei o maço nas mangas. Aquelas mangas eram ótimas para esconder coisas.
- Uau! Vamos fumar lá no telhado! Vem! Vem! - ela me puxou para a porta dentro do prédio pela minha manga - O que você falou pra ela?
- Uma música.
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capitulo quarenta e cincoo!
como eu tinha dito, ruiva está sem celular e está MUITO difícil para ela escrever,
por isso que não posto faz tempo.
ela provavelmente vai pegar seu celular essa semana, então quando ela pegar o celular dela eu volto a postar todos os dias.
nos perdoem d nv mais, A CULPA É DA RUIVA ELA QUE FEZ MERDA, a gnt ama vcs.
seu voto nos faz feliz!
espero q estejam gostando ♡
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hallucinations // zm
FanficKatherine Paige era realmente feliz. Tinha amigos q ela não vivia sem. Tinha dois pais maravilhosos que sempre estavam do lado dela e recentemente ela conheceu Isaac Lahey. Uma amizade que se transformou em amor. Ele sempre a beijava e abraçava com...