capítulo 44

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Acordei com um gosto amargo na boca e a garganta estava seca. Olhei pela janela e grunhi ao ver a chuva cair e um lampejo cruzar dando luz ao céu escuro noturno sem lua. Estava chovendo impetuosamente sobre o silêncio mundano. Levantei com uma preguiça gigantesca e me arrependi de leve de sair da cama quente e confortável no meio da madrugada. Meu pijama era uma bermuda justa até o joelho com estampa de bigodes, uma camiseta vinho de manga comprida que mostrava o ombro e a clavícula. Como presente de Jack tinha uma coisa ofensiva escrita: "welcome to nobody cares". Lembro do que ele falou quando me deu ontem. Eu tenho um blusão tipo esse com a mesma coisa escrita.

Eu sorri ao pensar no sorriso torto e travesso no rosto fofo de Jack. Ele era bem bonito e tinha um corpo bem legal, mas Jack é meu irmão. Não consigo nem imaginar pensar nele desse jeito. Melissa era bem legal e estar perto dela fazia tudo ficar bem. Eu ria a cada segundo com ela, pois Melissa tinha tanto talento para te fazer sorrir, mesmo que Melissa não estivesse feliz. Lembro de uma vez aos treze anos que eu estava chorando feito condenada por causa de um amor platônico por um garoto que eu nem lembro o nome (mas, da bunda eu lembro). Melissa se aproximou de mim na hora da escola e me abraçou me fez rir e eu não conseguia chorar mais nenhuma lágrima. Ela foi embora é quando cheguei em casa, minha mãe se aproximou com um sorriso solidário. Filha, aconteceu uma coisa. A mãe da sua amiga Melissa, lembra que a pobrezinha estava com câncer desde os oito anos da sua amiga? Foi um milagre ela ter sobrevivido todo esse tempo. Mas, ela não suportou a noite e veio a falecer. Melissa te disse alguma coisa? Eu me senti um lixo na mesma hora. Agora minha mãe quase morreu de câncer e eu entendo tudo que Melissa sentia por cinco anos de sua vida. Eu queria guardar algumas pessoas no meu bolso e nunca as deixar ir! Não era possível essas pessoas serem tão especiais. Tenho que mantê-las na minha vida, custe o que custar.

Comecei a andar em frente pelo meu quarto no piso de madeira frio e as tábuas rangiam sobre meu peso. Abri a porta com cautela e me aprumei ao ouvir um barulho. Era só a chuva no teto que pareciam passos! Está tudo bem, Katherine. Vaguei pelo corredor um pouco torta e desci as escadas soalho. Entrei na sala de estar e olhei em volta. Os dois sofás de couro preto, um criado-mudo com uma televisão de plasma, quadros e uma janela entre aberta com um pouco da tempestade adentrando e molhando o piso de mármore da sala. As paredes brancas com a luz da tempestade iluminavam um pouco do ambiente. Meu olhar penetrou no vaso azul com figuras de ondas do mar gravadas. Eu odiava aquele vaso! Então, seria perfeito para um movimento inicial. Me aproximei como se fosse um gato e segurei o vaso na mão.

- Não vou sentir falta! - sussurrei.

Os estilhaços do vaso no mármore voaram e pareceram pedaços de estrelas que se partiam. Alguns furaram minha perna e os meus pés e filetes vermelho surgiram dos joelhos aos pés. Com um movimento frio e quase zumbi da minha parte peguei um dos caco no chão e cortei um pouco dos meus braços. Larguei o caco no chão que se partiu em mais mil pedacinhos. A segunda parte eu já estava rindo. Rasguei dois quadros com a unha e joguei algumas coisas em cima da mesa de centro no chão; incluindo aquela flor ridícula. Odeio tulipas! No lugar deveriam ser ou rosa chá ou margaridas. Mas, minha mãe gosta dessa flor ridícula.

Dei um grito. Não muito alto, nem muito baixo. Em seguida ajoelhei nos cacos do vaso azul no chão e senti-o furar minha pele, mas nem estava muito ligada na dor. Comecei a chorar. Eu era uma boa atriz. Hollywood me aguarde. Então comecei a murmurar.

- Eu matei ele. Isaac. Fica comigo. NÃO! PORQUE? PARA!

Uma luz e passos surgiram na escada. Minha mãe desceu num robe rosa seguida do meu pai com as pantufas. Fiz a cara mais lunática que me achei possível e fui com o corpo pra frente e para trás enquanto mais lágrimas escorriam. Minha mãe deu um gritinho ao acender a luz da sala.

- Katherine! - ela me abraçou enquanto eu falava mais besteiras sem sentido.

- Ele... Preciso... NÃO AGUENTO MAIS! Me salva!

Dei gemidos de choro.

- Leva ela pro carro, Morgan!

- Vamos mesmo fazer isso, Amberly?

Ela parou de me abraçar e levantou com um impulso quase apático.

- Não temos escolha. E eu achei que ela estava melhorando... Vamos, concorda?

Ela suspirou com desgosto, me abraçou e me levantou enquanto eu balbuciava palavras sem sentido e deixava as lágrimas molharem meus sentidos. Eu me fingi cair e meu pai me pegou no colo como se eu não pesasse nada. Fiz meu corpo tremer e indagava onde estava Isaac.

- Vamos! - ele disse me carregando para fora de casa.

Estava uma noite fria e a tempestade havia diminuído relativamente, mas ainda era o bastante para me deixar ensopada. Olhei para as estrelas e imaginei que outra vez eu as veria. No entanto as nuvens de chuva cobriam a lua, então não pude me despedir direito. Fomos até carro pisando em poças que estalavam como vidro quebrando e refletiam meu rosto destruído pelas lágrimas. Morgan me pôs deitada no banco de trás com um carinho paternal preocupado e fechou a porta. Deu um tempo para eu me recompor e respirar fundo; repassei o que iria fazer na cabeça. Quando minha mãe entrou no banco do passageiro e olhou para trás adotei o rosto mais sem vida e indiferente que adquiri no momento e deixei o braço cair pelo banco de couro até o chão de veludo.

- Ela não parece bem! Vai! Vai!

Meu pai dirigiu por uns poucos minutos, a chuva castigando o carro.

- Aonde mesmo, querida?

- Hospital mental Carol Ness. 1975 Street.

Morgan dirigiram em silêncio e mamãe olhava sem rumo pela janela escorrida.

Chegamos numa rua perto do centro de Bradford e meus pais pararam com violência o carro na frente de um prédio de dois andares branco com rachaduras o cobrindo do chão até o topo, janelas de vidro preto e uma placa prateada grande do lado da porta da frente.

Hospital Mental Carol Ness.

Em memória de Caroline Ness Zamb - Amada esposa, mãe e vó (1933 - 2006)

Minha mãe abriu a porta enquanto meu pai me pegava no colo novamente. Agora meu teatro consistia em fingir respirar com dificuldade e chorar em silêncio, tudo que me fizesse parecer lunática. Sendo que em meu rosto, eu estava desmoronando, mas por dentro eu sabia que iria ficar bem. Somos todos os mesmos. Meu pai correu e avançou cruzando a fronteira dos degraus de cimento cinzento entrando no hospício. Do qual nunca mais sai. Mas, isso já é outra história.

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capitulo quarenta e quatroo!

gnt perdão pela demora. mas é q a ruiva ta sem celular, e fica difícil dela escrever pelo meu.

nossas provas começaram e eu vou tentar postar rápido,

nos perdoem (( again )) pela demora, a gnt ama mt vcs.

seu voto nos faz feliz!

espero q estejam gostando ♡

hallucinations // zmOnde histórias criam vida. Descubra agora