capitulo 11

1.4K 120 5
                                        

[ não se esqueça de votar ]

//

Dia 24 - 09:47 - diário de Melissa

As lembranças de corredores brancos sempre eram comuns para mim. Lembrei de segurar sua mão todo dia e dizer que ela ia melhorar.

Desta vez, porém eu sei que iria funcionar.

Era estranho ver Katherine ali. Seus ferimentos eram uma lembrança amarga, mas os cabelos louros escuros sob o travisseiro ainda lhe dava o ar angelical que Kathe sempre tivera.

Como podia me fazer ir a um hospital, Katherine?

De início, fiquei brava quando ela disse que iríamos ao hospital, como ela pode? Aceitei vir porque pensei que seria uma única vez.

Depois de conhecer Jack eu não senti mais raiva. Ele trouxe uma benevolência ao branco e cheiro de remédio e desespero. Mesmo assim a lembrança de minha mãe nunca iria ser substituída. Segurar sua mão, pentear seu cabelo no travesseiro, pegar o carrinho de oxigênio e escorregar pelo corredor até bater de cara na parede. Foram meses difíceis, na minha inocente ingenuidade infantil via aquilo como um novo playground. Isso até hospitais serem uma nova fobia, porque me lembram dela. Jack me fez companhia até tarde ontem equanto Katherine estava sendo cuidada. Aos pais dela saberem de que ela havia sido atropelada largaram as maletas de advogados e correram até o hospital. Eles estão do outro lado da cama olhando a filhinha deles. Centenas de cortes profundos causados pelo vidro do carro, um braço quebrado, torceu o tornozelo e fraturou oito costelas. O carro foi parando, o motorista afirmou que estava distraído e pisou no freio ao ver a jovem. Ainda bem que ele freiou porque senão Katherine podia estar morta. Depois das coisas que ela passou e o que ela esta passando agora, com as alucinações acho que ela não se importaria tanto. Pobrezinha! Me dói profundamente não poder ajudar.

Os pais dela voltaram ao trabalho depois de um tempo e eu fiquei lá sozinha com minha amiga. Ela iria pra casa hoje porque ela não sofrera tantos ferimentos. Me pergunto o que Katherine Paige fazia no meio da rua.

Viajei o mar para vê-la e isso acontece no segundo dia? Uau! Sinto falta de Calum. Mas, não podia perdoa-lo. O que ele fez sempre será uma rasura na nossa história.

Mas, por que ainda não parei de pensar nele?

Fiquei de mãos dadas com Katherine o tempo todo.

Ela acordou depois de um longo tempo que seus pais sairam. Ela esta me olhando com os olhos azuis reluzentes de pluma estrelada e eu estou parando de escrever.

~Melissa H. Alea

**********

Melissa parou de escrever e me olhou sorrindo.

- Você teve muita sorte! O que aconteceu exatamente? Por que estava no meio da rua?

Eu lembrei de Isaac machucado e ferido me olhando e dizendo "culpa sua". Aquilo tirou toda a minha coragem de bater no falso Isaac. Era difícil quando parecia que as forças da natureza queriam que você ficasse cada vez mais fundo na insanidade. Levantei e sentei.

- Melissa, um dia te conto, prometo! Mas, agora tô com fome!

Ela riu e saiu da sala. Virei e olhei para a janela. Imaginei Isaac sorrindo no outro lado da rua. Só vi o gramado verde do parquinho solitário do hospital. Pensei em ir lá, mas acho que não deixariam. Gostaria de ir no balanço e quase voar. Balanço era meu brinquedo preferido desde que eu era pequena. Sentir que podia tocar o céu sentir o vento no meu rosto, a grama nos meus pés e a sensação de ter o mundo em minhas mãos. Agora eu já não sabia ou entendia mais o mundo. Ser criança era tão fácil. Naquela época, minha única preocupação era se minhas bonecas estavam confortáveis. Naquela época chorava porque caia literalmente não psicologicamente. Naquela época... A vida parecia tão legal.

hallucinations // zmOnde histórias criam vida. Descubra agora