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Lauren puxou a fumaça pra dentro do pulmão com uma habilidade quase mecânica. Ela acendeu com um isqueiro que eu não tenho a menor ideia de onde ela tinha pego. Ela me pegou a observando e sorriu. Parecia muito mais velha a luz do céu cinzento e o cigarro pendente na boca vermelha.
- Quer? - falou me oferecendo o maço para eu pegar um cigarro. Fiquei com um frio na barriga quando puxei o cigarro. - Anda logo com isso! - Lauren falou impaciente - Você vai morrer de qualquer maneira.
Dei de ombros. Meu plano precisava dessa parte. Eu me odiei intensamente quando pus o cigarro na boca e Lauren esticou o isqueiro. Uma fumaça com gosto metálico se infiltrou na minha boca e eu a puxei. Tossi e Lauren caiu na gargalhada.
- Você pareceu um gatinho tossindo! - Observou ela e caiu na risada.
- Cala a boca! Todo mundo tosse na primeira vez!
- Não to rindo porque você tossiu, to rindo porque você tosse que nem um gatinho.
- Isso é um elogio?
- Não.
Eu ignorei suas palavras e puxei mais uma fumaça hedionda direto para meu pulmão. Eu odiava que estava começando a ficar melhor. Jurei com todas as minhas forças que essa seria a última vez que colocaria um cigarro no meio dos lábios. Quando percebi que já estava com hálito de futuro câncer de pulmão parei de sugar aquela fumaça e só deixei o cigarro de lado na boca. Estavamos num telhado de cimento com uma antena, uma saída de ar e um banco semelhantes aos do jardim. Lauren disse que eles trazem os que sofrem de depressão profunda tomar sol aqui pelo sol ser um antidepressivo natural. Mas, aqui era a Inglaterra e raramente fazia algum sol então o telhado ficava deserto até os dias ensolarados.
Lauren já estava no final do cigarro e me perguntei o que a fez vir pra cá.
- Por que você esta aqui? - ela perguntou antes de eu chegar a teorizar o problema mental dela.
- Ah, eu tenho personalidade múltipla. - menti. - Uma hora sou eu depois eu sou o bob esponja.- Sério?
- Sim..
Quem ela pensa que é?
- Sua vez. - disse tirando o cigarro da boca e fazendo pose.
- Eu tenho depressão psicótica.
Ela falou isso com uma calma de quem diz: "eu gosto de cor-de-rosa". Eu a encarei sem saber o que dizer. Eu nem sabia o que era depressão psicótica. Pra mim só existia um tipo de depressão; cortar os pulsos, chorar e sentir culpa. Só. Não sabia que existia mais do que esse.
Ela reparou na minha observação constante nela. Afundou o cigarro na madeira do banco e sorriu. Um sorriso quebrado.
- Você esta se perguntando o que é depressão psicótica, tenho certeza. É tipo a depressão normal só que você tem delírios e alucinações.
Aquela palavra final da frase me pegou em cheio. Como nunca me diagnosticaram com isso? Já disseram que era trauma, depressão pós trauma, até uma vez disseram que eu estava virando médium, mas nunca me disseram o que realmente era. Eu e a pirralha tínhamos a mesma coisa. Mas, eu superei. Lauren, ainda não sei dizer.
- Sério? Massa, hein. Pena que eu não tava me perguntando nada. Fume aí os seus cigarros que eu vou indo.
Fumei mais um pouco do cigarro só para um final da fumaça, que eu sinceramente gostei no fundo.
- Tchau, Lauren.
Levantei e fui para a porta que dava em escadas sujas e cheias de insetos mortos, que abria-se num corredor cheio de enfermeiras e salas suspeitas. Tudo aqui era muito branco e limpo, mas ainda sentia um buraco no estômago toda vez que pensava em entrar em qualquer lugar. O hospital permitia que os doentes mentais menos graves andassem pelo prédio para não nos sentirmos presos. Mas, ainda estávamos sem poder viver ou respirar direito. Pensei na faculdade e decidi que faria nos Estados Unidos. Talvez na NYU. Jack se inscreveu lá, assim como Melissa e eu ainda não me inscrevi. Precisava sair daqui, mas ainda não. Ia segurar a maçaneta e abrir a porta quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Ei! Quer ser o Bob Esponja do meu Patrick?
Eu a encarei e abri a porta. Entrei na escuridão sem olhar pra trás.
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Andei pelo corredor com a cabeça em pé fuzilando as enfermeiras com o olhar. Puxei o cabelo e o deixei pendente nas costas e esfreguei os cílios e a parte de baixo dos olhos cheios de casquinhas pela falta de sono. Aquele lugar me dava arrepios demais pra dormir. Senti falta do meu celular para ouvir música até cair no sono. Normalmente um Skrillex ou o One Direction. Saudades dos livros que estava lendo e as séries que eu deixei gravada e não vou mais assistir. Triste.
Fiquei andando sem rumo e pensei na pequena Lauren. Uma garota de cabelos negros e olhos cor de quartzo fumando no telhado. Senti um aperto no coração ao pensar em alguém que ela tentava esquecer desde pequena. Senti as lágrimas molhando os meus olhos e afastei o sentimento. Isaac era uma coisa, ela era outra diferente.
- Katherine Paige?
Eu ouvi uma voz atrás de mim. Me virei e vi uma enfermeira de descendência asiática. Eu a dei um olhar de indiferença.
- Você tem visita. Na verdade, duas. De dois homens, um com uma frase muito grosseira no blusão. Um disse que o nome dele é Zayn e um senhor Garota Bipolar.
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capitulo quarenta e seeis!
falta poucos cap para acabar,
então a gnt ""decidiu"" q iria postar um pouco mais de vagar (( nem tanto ))
nossas provas de rec começaram e a gnt já tem q começar a estudar de novo,
ms provavelmente até lá acho q a gnt já vai ter terminado a fic.
não é certeza.
seu voto nos faz feliz!
espero q estejam gostando ♡
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hallucinations // zm
FanfictionKatherine Paige era realmente feliz. Tinha amigos q ela não vivia sem. Tinha dois pais maravilhosos que sempre estavam do lado dela e recentemente ela conheceu Isaac Lahey. Uma amizade que se transformou em amor. Ele sempre a beijava e abraçava com...