o tempo que cura e machuca

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Alvo estava distraído por um segundo andando vagarosamente pelos corredores de pedra, quando notou. Havia pouca movimentação pela escola, devido a maioria dos alunos estarem degustando o jantar, mas ele não sentia fome o suficiente para juntar-se a Nívea ou qualquer outra pessoa, entediado, traçava seu caminho em direção a torre de astronomia, pensando que talvez lá o ar fosse um pouco menos denso e não pesasse tanto em seu peito.

No mesmo corredor que estava, metros a frente uma garota andava rápido, muito mais do que era normal. Fora a pilha de jornais em suas mãos que chamou atenção de Alvo, não por conta dos papéis, mas o par de luvas verde acima.

Porque estava caminhando muito próximo a parede e a garota de cabelos negros parecia especialmente perturbada para notar a sua presença, Alvo pode acelerar o passo também, pedia a Merlin que seus sapatos não fizessem muito barulho contra o chão de pedra até que pudesse ter certeza do que via.

Quando se aproximou o suficiente para ter certeza que ela também o notaria, sanou suas dúvidas.

Luvas verdes de crochê, uma mais escura que a outra.

— O que é isso? — o que deveria ser um pensamento fora tão intenso que lhe saíra na voz.

A menina a sua frente congelou, antes de explodir.

O que viu em seguida foi uma sequência de cenas que não podia esperar. Os jornais foram ao chão, junto as luvas e aparentemente a sanidade da garota, que girou o corpo, os olhos oblíquos e repletos de terror, como se ele houvesse a atacado. Ele não o fizera, mas não entender os movimentos da mão que corria as vezes em busca provavelmente de uma varinha, agiu também.

Estavam cercados por folhas finas impressas com imagens que ele conhecia muito bem, páginas do jornal amador que circulava pela escola com imagens suas e de Ariani, boatos de seu irmão e mais uma quantidade enorme de alunos. A garota a sua frente lhe apontava a varinha, a aparência dela era desequilibrada, os fios médios e muito escuros estavam bagunçados e sua feição era de pavor, Alvo supôs que nada bom surgiria dali, apontava a própria varinha de volta, apesar de não ter um só feitiço passando por sua cabeça.

— Por que está apontando a varinha assim para mim? Não lhe fiz nada. — conversou, tentando adiar ao menos um pouco o caos prestes a começar.

O transtorno que a moça trazia no olhar não relaxou, os finos dedos femininos ao redor da varinha começavam a ficar esbranquiçados, devido a força que utilizava. O peito alheio não mexia, Alvo então notou que ela não respirava, a percepção o assustou, pois quando a próxima respiração viesse ele bem imaginava o que aconteceria, não deixou tempo para que acontecesse.

— Expelliarmus!

Gritou com todas as suas forças, apontando ao lodo oposto o qual a menina estava, feixes de luz vermelha invadindo todo o corredor em uma magia que ele sequer sabia que era capaz de invocar, fizera para chamar atenção e rezava para que alguém notasse, nesse meio tempo, foi atacado pela primeira vez.

Não escutou o nome do feitiço devido a adrenalina, mas o a parede de pedra perto de si explodiu, livrou-se de um impacto maior com uma queda simples e, antes mesmo de levantar, usou o feitiço de desarmação mais uma vez. Mas a bruxa era talentosa na mesma medida que parecia desesperada, protegeu-se sem maiores dificuldade e contra-atacou, quase não deixando tempo para que Alvo conjurasse proteção.

Mas o fez, "protego" foi dito somente em sua cabeça, mas lá estava, sem nenhum arranhão.

Havia feito seu primeiro feitiço não verbal, sem qualquer intenção de o ter feito.

Não teve tempo para comemorar, entretanto. Outra vez a voz estridente da garota soou, dessa vez em um estranho feitiço que fez o lugar que estava - antes de pular assustado com as consequências de um novo feitiço - rachar quase sob seus pés, aquela altura havia entendido que não conhecia, ou conseguia pensar, em feitiços para combater a menina da forma correta.

B R O K E NOnde histórias criam vida. Descubra agora