comunal, enfermaria e precisa.

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Desde o momento em que acordou, Scorpius se esforçou para manter as expectativas baixas. Pois, apesar de ser um domingo, ele sabia que as chances de aquilo ser um dia preguiçoso e sem grandes emoções eram mínimas.

Haviam muitas motivações que o levavam a desconfiar daquele dia em específico, entre elas: a carta que seu pai o enviara ainda muito cedo e a presença de Alvo na enfermaria depois do café da manhã.

Não chegou a abrir a carta selada com cuidado, escrita em um dos sofisticados e caros papéis de escrita de seu pai. Tampouco conseguiu acompanhar o melhor amigo até a enfermaria, mesmo sabendo que deveria estar ao seu lado, pois aparentemente Ariani tinha relações estreitas com Alvo e para o loiro, reconhecer aquilo gerava um sentimento muito estranho.

A memória do diálogo entre os dois na comunal da Sonserina - na mesa afastada a serpente entalhada na pedra sobre a lareira - lhe recorria vez ou outra, as imagens ainda muito recentes.

— Eu preciso ir a enfermaria. — Alvo foi abrupto ao anunciar.

Scorpius apenas levantou o olhar do pergaminho, os olhos azuis claros um pouco perdidos. Eles estavam no salão comunal a quase uma hora, um pouco afastados em uma mesa circular de madeira maciça escura mais longe da lareira que os sofás de couro.

Niv insistia que era mais decente que eles se encontrassem ali do que no dormitório dos dois.

— Então vá. — Niv não costumava ser a pessoa mais paciente quando o assunto era lidar com Alvo.

Na opinião do Malfoy, aquilo era porque ambos tinham uma personalidade forte e isso tornava as coisas mais difíceis.

— Não vou demorar.

O jeito com que os olhos verdes se fixaram nos azuis antes que Alvo realmente se movesse para deixar mesa disse muitas coisas em palavras mudas.

— Eu cuido dos seus livros. — Scorpius repuxou o canto dos lábios, apesar de não sentir a mínima vontade de sorrir.

Porque quando Alvo deixou o salão comunal, a mente afiada de Scorpius não tinha dúvidas das motivações do Potter.

Alvo iria visitar Ariani, que havia sofrido lesões durante o duelo contra Aiden Lightwood, o monitor da Sonserina, que enfrentava uma detenção e surpresa por parte dos alunos.

Ariani, que era apanhadora do time. Ariani, que era simpática e nunca o havia tratado mal.

Então porque tudo que lhe parecia relevante era que ela era “Ariani, a pessoa que Alvo tem beijado as escondidas”?

E o loiro também se questionava se Alvo teria tomado aquela decisão por conta de um desejo sincero de visitar a menina ou se era por conta de todos aquelas olhares de expectativas e julgamento sobre ele.

Sabia que a manchete no jornal amador que surgira dias atrás ainda surtia muito efeito na imaginação dos alunos e que eles alimentavam a ideia de um relacionamento entre Ariani e Alvo.

Todos pareciam convencidos de que havia um romance ali e estavam chateados por Alvo não estar agindo de acordo com um cavalheiro ideal.

E Alvo não pareceu querer lidar com uma nova leva de rejeição social.

— Você está a quase seis minutos encarando essa carta. — o tom vocal de Niv era sempre aveludado e por isso, apesar do leve tom de provocação na sentença, ela ainda parecia muito calma dizendo aquilo quando a olhou. — você está tentando adivinhar o conteúdo?

Por uma fração de segundos, Scorpius olhou a amiga fixamente, capturando os olhos castanhos no seu e observando como o cabelo dela havia sido cuidadosamente preso em um coque que deixava alguns cachos negros soltos.

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