B R O K E N

príncipe sonserino e pergaminhos no escuro

O loiro platinado sentia a ponta de seus dedos dormentes, não lembrando a última vez que sentiu um frio tão repentino quanto este, mesmo estando com as luvas que foram compradas por seu pai juntamente com seu uniforme na loja da Madame Malkin - também com complemento do cachecol, que estava cuidadosamente colocado em volta de seu pescoço -, o Scorpius mais uma vez cruzou os próprios braços, enquanto estava pacificamente observando o lago de Hogwarts sobre a ponte principal da escola.

A aparente solidão já era rotineira durante a primeira semana de aula e, por mais que não incomodasse tão profundamente o herdeiro Malfoy, ele talvez gostasse de alguém que pudesse conhecer o castelo com ele. Mas havia um ponto positivo naquilo tudo, havia recebido uma carta de seu pai, Draco Malfoy, que apesar de ainda estar em um território distante como os Estados Unidos da América - e infelizmente deixar na carta a notícia de que talvez não fosse retornar na data esperada -, não havia esquecido de lhe mandar notícias e lhe perguntar pelas suas.

Scorpius também pensou se sua efêmera amizade com os primos Weasley poderia ajudar naqueles dias, mas depois de terem sido selecionados para diferentes casas da escola, a comunicação havia se torando consideravelmente mais precária. Não podia negar o descontentamento com a notícia, pois havia apreciado Rose e Louis, verdadeiramente.

Newt, sua companheiro de todos os dias, arrastando seu pelo levemente pelo tecido macio da roupa do menino, parecia chateado com a hostilidade do clima no local, mesmo que dispusesse de uma boa quantidade de pelos para lhe proteger do frio.

O pequeno Malfoy voltou a dar atenção a carta que havia pego a poucos minutos no corujal. Estava cuidadosamente selada com o brasão imponente de sua família e, quando abriu o envelope e desdobrou papel da carta, sorriu ao notar a letra caprichosa de seu pai, milimetricamente desenhada e de uma elegância inegável.

"Scorpius, espero que esteja bem. 

Estou a par de que você foi selecionado para a Sonserina, assim como é de meu conhecimento que deu um trabalho excepcional aquele chapéu velho. Fiquei sinceramente magoado ao também descobrir que sua avó recebeu uma carta com atualizações primeiro, mas posso perdoa-lo se retribuir a falta de elegância, caso o rapazinho queira me enviar algumas atualizações.

Temo não ter muitas novidades sobre a minha viagem a América, nesse meio tempo. Mas lembro de você em muito dos lugares que frequento, especialmente quando cruzo com uma biblioteca muito curiosa em frente a minha estadia. Tentarei levar livros interessantes para casa, desculpe se eu chegar a lê-los antes de você.

Esperando notícias suas,

Draco Malfoy."

Leu e releu aquela carta mais vezes do que era realmente necessário, até que as palavras de seu pai estivessem cuidadosamente guardadas em sua memória. Talvez fosse efeito colateral de não ter tido uma mãe, mas o loirinho sentia que não podia amar mais uma pessoa do que amava o seu pai e, mesmo assim, sempre podia escutar de algum lugar sobre a péssima e asquerosa pessoa que Draco Malfoy era.

Que costumava ser, ele sempre desejava responder. Mas nunca achou que tivesse credibilidade o suficiente.

Ele circulou-se com os próprios braços, tomando cuidado para não amassar a delicada carta de seu pai. Olhou mais uma vez para a longa imensidão que a ponte de Hogwarts lhe permitia enxergar, as montanhas que cresciam atrás do grande lago negro e o céu que nublava a luz do sol aquele dia. Quando começou a andar de volta ao ambiente morno do castelo, viu que Newt o acompanhava, muito próximo aos seus pés.

Com algum tempo de caminhada, Scorpius teve uma visão mínima do campo de Quadribol, onde alunos sobrevoavam muito rapidamente sobre vassouras de muitos tipos diferentes. Lembrou que mais cedo - enquanto ele desfrutava de uma de suas refeições sobre a mesa da Sonserina - surgiram vários comentários sobre um amistoso entre Sonserina e Corvinal. Não era nenhuma surpresa para ele que muitos alunos talvez estivessem aglomerados nas altas arquibancadas do campo para assistir a partida em um dia de sábado. Pensou se o seu companheiro de dormitório - Alvo Potter - também estaria lá, se esse fosse o caso, evitaria o lugar por hoje.