promessa a enfim despertos

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Encontrou paz quando seus dedos mergulharam nos fios claros do corpo adormecido sobre o seu, fechando os próprios olhos para se permitir sentir enfim o alívio que seu peito buscava a tanto tempo. É claro que seu coração ainda batia desesperadamente do susto recente, que fizera ele e seu pai aparatarem em péssimas condições.

- Padrinho, Alvo.

A voz soou distante primeiramente, mas bastou o moreno abrir os olhos para notar a presença de Teddy Lupin ali, bem a sua frente, a alguns passos de distância. Os fios normalmente azul-esvedeados do afilhado de seu pai estavam em um tom estranho de castanho, o que ele bem sabia que sugeria nervosismo. Por isso e um número infinito de motivos, afastou de sua mente - ao menos por esse momento - quaisquer que fossem as emoções que insistiam fervorosamente em aparecer.

Inspirou fundo o ar pesado dali, notando na visão periférica pessoas e mais pessoas ali, preocupadas e curiosas após o retorno rápido. Ao seu lado, Harry Potter estava de pé, a criança em seus braços enfim dera espaço a exaustão infindável tal qual o de Scorpius, que dormia em seu colo.

Haviam aparatado do cativeiro de madeira escura e odor forte, deixando o corpo suspenso e repleto de estacas da bruxa naquela parede, mas também aurores e seus próprios tios, que ficaram cercados por criaturas tão odiosas quanto o motivo de sua existência, inferis. O ódio corria pelas veias de Alvo tão rápido quanto o alívio, mas - no momento - não poderia deixar quaisquer desses sentimentos ganhar espaço.

Dentre todas as pessoas ali, duas avançaram muito rapidamente, de modo que quase recuou passos atrás, mas não o fez quando notou fios loiros como os dos de Scorpius. Draco Malfoy, normalmente recatado e elegante, era imagem de desespero. Não o desespero de anos longe do filho que tanto amava ou o desespero do luto, mas algo além.

Os dedos longos e já trêmulos dele alcançaram o rosto do filho adormecido e, quando suas digitais sentiram o calor da pele alheia e os vestígios da respiração cansada, soluços surgiram, um após o outro. Draco parecia prestes a avançar sobre o corpo e toma-lo dos braços de Alvo, mas as mãos delicadas de Narcisa se envolveram sobre os ombros largos do Malfoy, o segurando como podia, apesar da própria ansiedade.

Havia resistência, pois ainda que Narcisa tentasse o conter da forma mais velada o possível, ela não podia sozinha. Era além de inútil, pois ali estava um homem que carregou a dor de perda e saudade por tempo demais.

Alvo teve de encarar olhos também azuis como os de Scorpius - porém jamais iguais - para dizer o que precisava ser dito.

- Eu posso ajuda-lo, vou fazer isso. - afirmou, em suas palavras não havia espaço para medo ou questionamentos, saques seu próprio. - mas preciso que me deixe cura-lo, preciso que suporte mais um pouco a dor e então o teremos de volta, para sempre dessa vez.

Draco Malfoy era naturalmente imponente, alto e pessoa que as outras procuravam respeitar por medo. Sempre fora também irredutível, do tipo que seguia até o fim com suas ideias, apesar de quão péssimas fossem elas, por isso, Harry - escutando as palavras do filho bem ao seu lado - jamais poderia imaginar assistir uma cena como a que se seguiu.

Draco se afastou, não muito, mas o suficiente para dar espaço aos Potter.

Nem sequer um segundo perdeu-se.

- Bianchi vai retornar em alguns minutos e levará ao menos mais duas duplas de aurores, estamos sob ataques de inferis, ao restante, montem guarda ao redor do Saint Mungo's, não será permitido nenhum jornal. - Harry discursou, suas mãos estrategicamente postas ao redor das orelhas pequenas da criança loira em seus braços, afim de não assusta-la mais ainda, desviou a atenção do grupo maior de aurores em direção ao afilhado. - Lupin, redobre a guarda de Aiden Lightwood. Eu, Alvo e a família de Scorpius Malfoy vamos aparatar até o hospital e depois disso verifiquem a identidade de casa pessoa que tentar entrar na mesma ala.

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