B R O K E N

memórias torturantes e urgente conversação

A primeira coisa que Alvo visualizou quando aparatou frente ao hospital bruxo foi a expressão em alerta de seu próprio pai, que apontava o dedo em direção ao seu tutor com uma arrogância que o moreno não estava habituado a ver.

Os olhos verdes de Harry Potter quase tão famosos quanto a própria história de vida estavam bem abertos em um misto de raiva e agitação, também gesticulava e seus lábios em movimento denunciavam mesmo de longe que estava no meio de uma conversa.

— Pai?! — Alvo avançou em passos rápidos, estendendo a mão para tocar no ombro de Harry, que usava o casaco longo característico do esquadrão dos aurores. — o que está acontecendo?

Mas o corpo de Harry sequer moveu-se para olha-lo. Era uma cena incomum e desconfortável para Alvo, que assistia seu pai e tutor em uma atmosfera tensa, Almeric - com os olhos azuis cobalto, pele pálida e pelo menos um e oitenta de altura - não era normalmente paciente, tampouco tolerante o suficiente para aceitar um dedo sendo apontado em sua direção, mesmo que fosse o dedo de Harry Potter, o Eleito.

— Alvo Potter é meu pupilo, com habilidades para feitiços e que conhece combate a artes das trevas. — o loiro afirmou, os olhos azuis contra os verdes do Potter mais velho. — se quer ajuda do Saint Mungo's, terá, mas seu filho é um Medimago e vai me acompanhar.

— Goldstain..

Estavam ao lado de fora do grande hospital bruxo e haviam aurores alguns metros de distância de onde estavam - obedecendo ordens de seu chefe -, mas Almeric não parecia assustado com a presença de nenhum deles, sequer a presença do próprio Alvo, que olhava confuso de um a outro, sem entender o que acontecia.

— Disse que era uma emergência, senhor Potter. — irredutível, Almeric desviou o olhar finalmente, capturando os olhos de Alvo.  — Alvo, seja rápido e troque as vestes no hospital, partiremos em uma missão conjunta ao esquadrão dos aurores. E ao senhor Potter, não lhe cabe nenhuma ordem a essa pessoa, em outros momentos ele pode bem ser o seu filho, mas agora é somente um Medimago capaz. Alvo, vá!

Olhou uma última vez para seu pai, enxergando nas íris verdes atrás das lentes redondas uma repreensão que ele conhecia muito bem, mas não hesitou daquela vez, girando os calcanhares e dando um passo após o outro em direção ao interior do grande hospital bruxo, aquele era seu trabalho.

Nunca recebera muitos elogios de seu tutor, pois Almeric era muito centrado para desperdiçar tempo com bajulação desnecessária, o próprio costumava dizer. Alvo ainda lembrava de como o seu chefe estivera descontente quando descobriu que um bruxo de curtos dezessete anos fora chamado pelo hospital e custaram semanas para que alvo tivesse algum de seu valor reconhecido. Agora, quando ouvira um elogio velado de frente ao pai e estava de fronte com sua primeira missão de suporte externa, estava extasiado.

Existia um misto de emoções muito confuso em seu peito enquanto trocava as roupas casuais pelas vestes de couro e a capa verde características dos Medimagos, sentia raiva de seu pai continuar a lhe proteger daquela forma obsessiva, assim como fizera em Hogwarts. Estava cansado de ser tratado como uma maldita criança quando mesmo seu tutor reconhecia suas capacidades, a ansiedade em seu peito gritava, mas Alvo a ignorou, não alimentaria nem mais um poucos seus traumas.

Longe de onde ele terminava de vestir-se, Harry Potter não mais insistia arrogante, mas olhava o Medimago experiente com um tom de sobreaviso no olhar.

— Esse caso envolve meu filho pessoalmente, o melhor amigo desaparecido dele e tudo que cerca essa história é um trauma, Alvo quase não se recuperou. — tentava controlar a raiva em sua voz, mas parecia impossível. — não pensa na saúde dele? é seu pupilo!

Almeric entendia os temores de um pai com traumas para toda uma vida, que havia perdido a família mesmo antes de conhecê-la e por esse exato motivo, não cedeu.