um pouco de sangue e uma dose de final feliz

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Se as boas notícias corressem na mesma velocidade que o vento em meio aquela manhã, talvez o Malfoy não estivesse mais uma vez de cabeça baixa e, mesmo cercado por tantas pessoas no salão comunal, ficar sozinho parecia a melhor opção.

Desde o dia o qual desmaiou - a uma semana atrás - os pesadelos pareciam duplicar durante seu sono, as noites eram bem mais difíceis agora. Além dos pesadelos, as avaliações também lhe tiravam o sono, uma em específico, onde faria uma prova em particular com o professor Fineas, que parecia empático a respeito das dificuldades de Scorpius.

O tempo sem dormir adequadamente deveria estar mexendo com todo o seu corpo, pois ele não sentia fome como nos outros dias. Há pelo menos quatro dias inteiros ele só frequentava o salão principal durante a noite, para jantar no único momento que seu corpo estava verdadeiramente pedindo por comida.

Durante os intervalos que não estava em aulas, ele visitava a biblioteca, lendo os livros da sessão reservada que conseguira com a ajuda do monitor, dias atrás.

Seu rosto antes redondinho e corado em sinal de uma boa alimentação tinha se estreitado aos poucos ao passar dessa semana. Durante a noite, quando os pesadelos chegavam, ele se contentava em abraçar Newt em sua cama até que seus olhos pesassem tanto que ele não pudesse mais suportar, assim o cansaço lhe venceria, mesmo que em menos de uma hora depois ele acordasse, assutado por imagens de seu passado e novas que sua cabeça criava.

Malfoy, tem... tem sangue... — não foram precisas muitas as palavras que saíssem da boca do menino terceiranista que estava ao seu lado na mesa para que ele levasse sua mão ao nariz.

E como já suspeitava, pôde visualizar o líquido vermelho que agora sujava suas mãos, e com uma naturalidade quase anormal, levantou da mesa, caminhando com a cabeça baixa o mais rápido que conseguia em direção ao banheiro do segundo andar, o mais próximo dali. Alvo, que estava em outra extremidade da mesa Sonserina, tinha notado o acontecido, e era até uma surpresa ver o Malfoy no salão principal durante o almoço. Nos últimos dias ele tinha sempre a sensação de estar desencontrando do Malfoy.

Não que estivesse preocupado com o Malfoy, mas da última vez que o menino desapareceu estranho como hoje havia sobrado para ele.

Assim que passou pelas grandes portas duplas do grande salão, Scorpius sentiu sua guarda fraquejar, e seu nariz ardeu, sabia que aquela era uma das indicações que mostrava o quão próximo de chorar ele estava, seus olhos queimavam, mas dessa vez não pela vontade de chorar, e sim pelas noites mal dormidas, que nesse momento lhe causavam sono.

Nunca fora suscetível ao choro, e isso só acontecia quando sentia-se tão frustrado a ponto de não querer lutar mais pela normalidade, sentia falta da calmaria silenciosa da mansão Malfoy.

Escutou alguns passos atrás de si, mas quando girou os calcanhares - de uma forma um pouco lenta - não foi capaz de ver ninguém, então apenas continuou em direção ao banheiro mais próximo, tinha que limpar suas mãos e manter a cabeça erguida para que o sangue deixasse de cair.

— Vamos lá, Scorpius, você consegue, hoje é sexta! — falando sozinho e ignorando a sensação de que havia alguém com ele.

Quando deixou o térreo e subiu pelas escadas até o segundo piso entrando no banheiro não muito depois, deixou sua mochila encostada em uma das paredes, caminhando em direção a pia a começando a lavar o rosto, mãos e nariz com cuidado para não molhar o uniforme.

Quando terminou, não se reprimiu a vontade de sentar no chão do banheiro masculino e apoiar suas costas na parede, e bem... talvez o que tenha feito ele cair em um sono no mesmo instante tenha sido a exaustão física ou o sono que tomava conta de si, mas era bom, como um band-aid retirado de um machucado.

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