tudo ficaria bem

133 13 36
                                    

Alvo, ao escutar o restante do depoimento assustado do auror, sentiu o famoso - nos livros de romance que por vezes encontrava o primo Louis lendo - frio na barriga, entretanto, a sensação pouco tinha relação com paixão ou qualquer uma de suas características.

Estava aterrorizado.

— Niv? — fora a voz mansa porém surpresa de Scorpius que o trouxera de novo a realidade.

O moreno largou os apetrechos da injeção do soro na mesa auxiliar ao lado, cuidadosamente para não derrubar algo e denunciar o óbvio nervosismo. Olhou na direção do loiro antes de qualquer coisa, procurando nas íris azuis o que seria um mínimo sinal negativo na aparição de uma outra pessoa ali. Dessa vez, não era egoísmo que impedia Alvo de permitir a visita, mas o medo de - talvez - toda aquela calmaria de Scorpius.

Tinha medo de que as coisas podiam piorar antes de melhorarem.

— Deixe-me recebê-la então...

— Não será necessário. — uma mulher passou pela porta sem preocupações, usava o conhecido sobretudo longo dos aurores, haviam correntes de prata nas aberturas. — volte ao seu posto, Manir.

Nívea com certeza havia mudado o suficiente, estava consideravelmente mais alta, seus cabelos escorridos pretos agora alcançavam abaixo dos ombros e os olhos oblíquos se tornaram brilhantes, o que contrastava muito bem com sua pele escura, notou o amigo na maca, olhando-a com certa confusão. Alvo estava no caminho entre eles, como uma espécie de proteção.

O relance do olhar de Niv pra ele disse tudo, ela estava furiosa, magoada.

— Vamos conversar sobre isso depois. — ela simplesmente disse, tornando a olhar Scorpius, agora um pouco incerta, mas muito emocionada. — eu não preciso dizer que quase morri de saudades suas, não é?

A intenção era uma brincadeira, que talvez melhorasse um clima que sequer estava ruim, mas lágrimas teimosas insistiram em deixar as pálpebras da auror, ainda que ela tivesse enxugado lágrimas antecessoras antes, ainda no caminho do hospital bruxo. Descobrira sobre o resgate de Scorpius por boatos no esquadrão dos aurores, quando foi apresentar-se após concluir uma missão que lhe tomara as últimas duas semanas do quartel.

Como um alento ao seu sofrimento, os lábios finos e agora corados de Scorpius sorriram, ainda que seus olhos estivessem um pouco cansados. Niv aceitou aquele sorriso como um convite e, com cuidado, aproximou-se.

— Eu e o idiota tínhamos feito um combinado, de que na chances qualquer notícia sua, chamaríamos um ao outro, imediatamente. — Nívea ia puxar uma das cadeiras de madeira que haviam ali, mas foi interrompida muito rapidamente por Alvo, que levantou o móvel com uma agilidade surpreendente, ela franziu as sobrancelhas. — o que...?

Algo não disse nada, mas apontou em direção ao berço mais ao canto do quarto onde Kiran descansava pacificamente.

— Você mesma disse: conversamos sobre isso depois. — um pouco desconfortável, relembrou. também arrastou os dedos pelos cabelos já desarrumados. — tente não fazer barulho, Kiran está dormindo.

Nívea com certeza não sabia quem era Kiran, ou porque aquela criança estava no mesmo quarto que seu amigo, porém não disse nada. Não imaginava que pudesse, de qualquer forma. O Potter estava olhando-a como quem praticaria magia proibida caso ela perguntasse algo sobre o pequeno ser humano adormecido, não querendo conflitos agora - pois em outra situação ela com certeza compraria aquela briga - a auror sorriu, finalmente sentando na cadeira agora ao lado da maca.

Scorpius ainda estava em silêncio, mas não aparanteva desconforto. Estava surpreso, pois tudo estava tão diferente, ainda que lhe passasse sensações boas como uma dia experimentara no passado.

B R O K E NOnde histórias criam vida. Descubra agora