Segunda Temporada 02x03

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flashback

Era a primeira vez que eu saia do castelo depois que fui transformada.

Caius havia colocado Alec para me vigiar, então, mesmo ali escondida no beco, eu sabia que ele estaria por perto, em algum lugar.
Passos, cada vez mais altos ecoavam pelo beco sem saída que ficava ao lado de uma danceteria. Uma brisa bateu em meus cabelos trazendo consigo o cheiro de sangue e álcool misturados. Bêbados.
Meu nariz se enrugou involuntariamente, me lembrando o quanto eu odiava pessoas bêbadas. Eu não conseguia bem me lembrar o motivo pelo qual odiava tal coisa, mas aquele cheiro fez o ódio que eu sentia dentro de mim aumentar.
Dois caras entraram no beco cambaleando, um deles com uma garrafa de bebida nas mãos. Estavam sorridentes e tive vontade de revirar meus olhos com a cena.
Humanos! Tão estúpidos!

— O que a mocinha faz aqui tão só? — perguntou um deles, ganhando minha atenção.
Analisei os dois caras. Os dois eram altos e morenos. Tinham alguma semelhança um com o outro, mas era quase imperceptível. O que falava comigo tinha bonitos olhos azuis, cabelo negro jogado de um jeito bizarro para o lado. Sua boca era fina, e formava um pequeno biquinho ao tentar transmitir alguma coisa sedutora.
O outro escondia o cabelo em uma touca de lã preta. Seus olhos castanhos transmitiam calma e alegria, sem que ele se esforçasse para isso. Sua boca carnuda poderia ter sido alvo de várias mulheres naquela noite.
O que falava comigo se aproximou, fazendo o cheiro de sangue ficar mais forte, me deixando totalmente cega de desejo.
Sua mão escorregou " sem querer " em minha bunda, apalpando a mesma com prazer. Eu sorri. Um largo sorriso perverso.

Seria fácil demais saciar minha sede ali. De alguma forma, nós vampiros, erámos atrativos demais para eles, o que me facilitava e muito em seduzi-los para saciar minha sede por completo.

— É sério isso? Você já arrumou confusão demais por hoje por causa de mulheres... — disse o cara de touca. Ele parecia estar mais consciente das coisas.
Fiz um biquinho teatralmente e puxei ele pela gola da camisa, colocando o dedo indicador em sua boca.
— Você não precisa ficar com ciúmes, eu posso dar conta dos dois.
Eu me aproximei mais e o beijei, enquanto o outro continuava me acariciando.
O desejo por sangue foi ficando cada vez mais forte, e eu acabei perdendo o controle da situação, deixando os lábios do garoto e beijando seu pescoço.
Aproveitei seus gemidos de prazer, e pus minha mão sobre sua boca para abafar seu grito, e então , cravei meus dentes em seu pescoço.
Ele gritou, fazendo com que seu amigo me olhasse com pavor, mas não me importei. Continuei sugando todo o sangue de seu corpo, sentindo um êxtase de prazer que jamais havia sentido bebendo sangue de ratos.
Pude ver o outro garoto começar a correr, mas eu poderia cuidar dele depois.
Quando terminei com o primeiro, tive vontade de partir para o segundo, mas algo me chamou atenção.
A carteira dele havia caído aberta no chão.

Havia uma foto ali que me chamou atenção, me tirando totalmente do foco em sangue.

Me abaixei, e analisei a fotografia.

O garoto que eu acabara de matar estava sorrindo na foto com a família.
Meu coração se apertou só de ver a imagem. Provavelmente naquela noite mandariam a polícia atrás dele é só achariam seu corpo, não, nem mesmo o corpo, eu teria que sumir com ele.
O outro cara estava gritando, pedindo socorro pelo beco e tropeçando nos próprios pés por estar bêbado. Não me importei com ele, ninguém acreditaria em suas mentiras, afinal, ele estava cheio de álcool em seu sangue e era mais provável que não se lembrasse de nada no dia seguinte.
Peguei o corpo do outro e joguei na caçamba de lixo, tacando fogo logo em seguida, era melhor que achassem o corpo do garoto, ao menos a família teria chances de se despedir...arfei com meus pensamentos inapropriados e comecei a caminhar tristemente pelo beco, passando pelo cara bêbado.
— Você não pode deixá-lo vivo — Alec disse assim que nos encontramos.
Estreitei meus olhos para ele.
— Ele está bêbado, não faz diferença alguma...
Alec riu sem humor.
— Se você não vai fazer, eu não me importo de tomar um drinque — ele piscou e saiu em um vulto atrás do cara.
Continuei ali parada, escutando os gritos de agonia e desespero da vítima e fechei meus olhos fortemente, desejando que Caius tivesse me matado e não me transformado em um monstro.
Ao abrir os olhos eu apenas confirmei o que estava pensando. Minhas roupas estavam sujas, banhadas de sangue vermelho vivo. Eu sentia o gosto ainda em minha boca, e pelo reflexo do vidro do prédio abandonado eu poderia notar meus cabelos bagunçados e meus lábios sujos. Eu me tornara aquilo que jurei nunca ser. Uma pessoa sem amor, sem compaixão. E a culpa era da minha família que havia me abandonado.

My imprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora