Prólogo

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Ela estava ali, deitada, imóvel como há dias atrás, Dr. Hanson havia me prometido que faria o possível para acordá-la, mas eu já havia perdido as esperanças.
Sua mão, que era sempre quente, agora estava gelada e isso não se devia só ao fato de ter ar condicionado no hospital.
Limpei as lágrimas de tristeza que caíram involuntariamente do meu rosto com o dorso da mão, e lhe dei um beijo na bochecha como fazia todos os dias durante minha visita, depois suspirei, e saí logo dali, rezando para que o pior realmente não acontecesse, mas sem fé alguma na minha pequena prece.
Acabei esbarrando com Dr. Hanson no corredor. Ele me olhou angustiado por alguns segundos, depois me lançou um sorriso fraco.
Há um novo médico no hospital, mais experiente. — ele suspirou — Dr. Cullen. Ele irá cuidar do caso de sua mãe agora, não fique tão preocupada... 

Não sabia se ele acreditava no que estava dizendo, ou se eu acreditava que ela teria chances de sobreviver...

Assenti e lhe agradeci pelos dias dedicados a causa da minha mãe, por fim, saí do hospital decepcionada, de novo, por minha mãe permanecer naquele estado mórbido.

Dr. Cullen parecia jovem demais para ter tanta experiência assim, porém, depois de meses cuidando do caso, pude observar que ele parecia realmente entender bem do assunto, mas naquela tarde chuvosa em Ketchikan meu coração se apertou ao vê-lo, tínhamos criado um pequeno laço de amizade, e Dr. Cullen sempre estava ali, fazendo o possível para me animar e resolver o caso de minha mãe, porém, naquele dia seu rosto angelical parecia frustrado, e ao  pedir para que eu me sentasse eu soube de imediato o que havia acontecido antes mesmo dele falar.
Ela...- Engasguei com minhas próprias palavras
Eu sinto muito, tentei fazer o possível para...
Não foi culpa sua  Forcei um sorriso fraco e sem emoção ao interrompê-lo. 

Eu não conseguia chorar. Minhas pernas pareciam não responderem ao meu comando de sair correndo daquele lugar. Minhas mãos estavam tão gélidas que pareciam duas pedras de gelo.

Acho que vou indo então, não me resta nada para fazer aqui — Minha boca pronunciou as palavras que eu sequer havia pensado em dizer.

Levantei, novamente sem saber se minhas pernas obedeceriam meus comandos, me sentia tão indisposta e pensava em qualquer forma de sumir do planeta, pois sabia que seria obrigada a ficar por algum tempo com meu pai. Eu estremeci só de pensar na hipótese de voltar para casa.

Obrigada...por tudo Dr. Cullen Disse antes de caminhar para fora de seu consultório, e pude sentir seu olhar de compaixão sobre mim.
Ignorei.

Continuei a caminhar, sem rumo pelos corredores do hospital, até algo gélido encostar em minha pele, me fazendo arrepiar.

Não posso deixá-la partir assim.

Seus olhos agora estavam escuros e haviam algumas olheiras em seu rosto angelical.
Eu não...
Ashley, eu preciso avisar que vou sair do hospital mais cedo. Preciso que me espere aqui, quero lhe fazer uma proposta...
Olhei para ele sem entender nada, o quê ele poderia me propor naquele momento trágico ? Mas tudo que fiz foi assentir, já que ele parecia desesperado, embora tentasse conter sua emoção. Eu também poderia ser educada, convenhamos que ele havia se dedicado ao máximo no caso da minha mãe...

Morar...aqui ? Perguntei encarando as sete pessoas que estavam na sala.
Nós nos mudaremos logo para outra cidade, será bom para você. Não estou dizendo que tem que esquecer tudo que aconteceu aqui, mas depois do que aconteceu...de tudo...creio que será bom recomeçar Carlisle se aproximou de mim no sofá e me olhou como se realmente quisesse que eu fizesse parte de sua família.
Olhei novamente para todos ali presentes. Uma garota loira estava emburrada no outro lado da sala, me encarando como se fosse me atacar a qualquer momento, e tenho certeza de que não havia gostado da ideia de Carlisle.
Eu suspirei, e pus a cabeça entre as mãos. Não tinha nada a perder, talvez eu ficasse com eles durante alguns meses e depois partisse, não queria dar trabalho para ninguém.
Tudo bem Enfim, encarei Carlisle.

Carlisle estava ciente que a assistência social a aquela altura estava no meu pé, afinal, eu ainda era menor de idade. Eu já havia cogitado mesmo ir embora dali, tinha alguma economia que dava para me sustentar por algum tempo, e voltar a encontrar meu pai biológico me dava arrepios só de pensar na hipótese, o que claro, seria o que me a assistente social tentaria me convencer a fazer. Como eu não tinha nada a perder ali, decidi arriscar, mesmo sem conhecer aquelas pessoas. O que mais de ruim poderia acontecer agora comigo?

Eu fico — Disse por fim — Mas só alguns meses, até eu arranjar um jeito de me manter sozinha. Posso pagar a dívida com vocês com o tempo... Engoli em seco.
Querida A mulher de Carlisle, Esme eu acho, segurou a minha mão.Ela estava sentada ao meu lado Não queremos nada de você, o que Carlisle está lhe propondo é que você venha fazer parte de nossa família.
Analisei Esme por alguns minutos, ela tinha um jeito maternal, e era tão jovem quanto Carlilsle para ter filhos, sejam adotivos ou não. De alguma forma, ela me lembrava um pouco minha mãe, Elizabeth...Seus olhos, embora dourados tinham o mesmo brilho de esperança que Elizabeth tinha. 

Eu cedi, porque não me restava nada além de fugir daquele que havia acabado com a minha vida.

My imprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora