Capítulo 24 - As intoxicações

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Nolan aproveitou que estavam anunciando o baile e resolveu convidar Níquel para uma disputa de arco e flecha. Queria uma revanche. Minha amiga ruiva não pensou duas vezes e logo aceitou. Chermont adorou a ideia. Terminado o almoço todos fomos assistir a disputa. Foi tão emocionante e acirrada quanto a outra. Todos estávamos em pé dessa vez, assistindo de longe. O cinegrafista alternava os takes entre os arqueiros e a torcida. Foi realmente uma pena Níquel não ter ganhado dessa vez, foi por muito pouco.

— Não se engane. — falou Nolan para Chermont. — Tenho certeza de que Níquel me deixou vencer desta vez. Ela é realmente muito boa arqueira.

— Testemunhei com meus próprios olhos, rapaz. — ele disse, olhando para Nick. — Essa senhorita tem talento com o arco e flecha. Ela é o próprio vento que guia os tiros. Parabéns, foi uma disputa e tanto! Deu gosto de ver.

Calina, ansiosa para ler o livro que Selena havia emprestado, voltou rapidamente para seu quarto e lá ficou até que fosse hora do baile. Níquel, Lisceha e eu fomos jogar cartas para passar o tempo até que fosse hora de nos arrumar para o baile. Recentemente Nick e Lisceha descobriram uma sala de jogos no palácio, um tanto quanto escondida nos corredores, porque ficava atrás de uma porta que passava despercebida. Infeliz ou felizmente, os outros competidores logo descobriram sua existência também. Alguns rapazes jogavam bilhar, outros truco e faziam barulho demais. Chermont chegou a participar de uma partida. Fiquei assistindo os rapazes todos eufóricos e competitivos. Lisceha e Nick já haviam desistido de jogar cartas, assim como eu.

Eram cerca de cinco da tarde quando saí da sala de jogos. Já era hora de começar a me aprontar para o baile. Encontrei Hayden, mais uma vez, nos corredores do palácio. Ele sorriu ao me ver e eu fiz o mesmo.

— Você está bem, Madeline? — ele perguntou, quando nos aproximamos. — Soube que ontem estava indisposta.

— Estou melhor agora. — falei, sem perceber que minha frase poderia ser entendida de outra forma.

— Eu também. — ele falou, com um sorriso torto. Entendi o que havia feito e corei, tanto pela resposta de Hayden quanto pela minha ingenuidade.

— Ah, não. Eu não quis... Não... Digo sim... Ah! — falei, num misto de vergonha e desespero. Já não dava mais para consertar.

Hayden riu. De um jeito ou de outro eu estava sempre fazendo-o rir não intencionalmente. Calei-me apenas para ouvi-lo rir. Por algum motivo estranho, era realmente prazeroso ouvi-lo rindo.

— Fico feliz que esteja bem. — ele falou por fim. — E sua perna? O arranhão já está sarando?

— Ah, está sim. Emese fez o favor de me trazer uma pomada cicatrizante. Não vai deixar nenhuma marquinha... Quase me esqueci! Já estou com o livro. Assim que terminar de ler, te aviso. — acrescentei.

— Por favor. — ele disse. — Aproveitando que está aqui, tenho uma pergunta. Na verdade é mais um pedido para lhe fazer. — abri a boca para perguntar o que era, mas ele continuou. — É um pedido incomum, eu acho, mas ainda assim gostaria de fazê-lo.

Hayden encarou o chão por alguns instantes e então voltou a me olhar.

— Mais tarde, quando estivermos no baile, me concede sua primeira e sua última dança? — ele perguntou. Encarei-o. — Pode dançar quantas vezes quiser e com quem quiser, só peço pela primeira e a última dança. — ele assegurou, olhando-me com seus olhos verde oliva.

Estendi minha mão para ele, para selar o acordo. Hayden alternou olhares entre minha mão estendida e meu rosto.

— Se assim o deseja. — falei, concordando.

A Disforme - Filhos do Sol e das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora