Capítulo 8 - O rei pergunta

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Voltei com Hayden para o palácio, dessa vez os jardineiros nos cumprimentaram e os guardas também. Ele havia me oferecido o braço novamente e eu aceitei, mas estava um pouco incomodada com o que ele havia dito sobre casais no concurso. Teresca não havia mencionado aquela regra, apesar de ser bastante válida, já que esse tipo de situação pode trazer muitos problemas. Fato era que não seria nada bom que as pessoas pensassem que éramos um casal, já que isso violava as regras do concurso.

Perguntei a Hayden as horas e ele disse que já poderíamos ir direto para o local da segunda fase. Ele disse que havia chegado esta manhã e o levaram direto para fazer a primeira fase. Bóris o informou que a segunda fase seria no salão de baile. Não sabia onde era o salão de baile, Emese e Verena haviam mostrado o que conheciam do palácio, mas não tudo.

— Sabe onde é o salão de baile? — perguntei.

— Não faço a menor ideia.— ele disse.

— Então para onde estamos indo?

— Encontrar alguém que possa nos levar até lá.

Quando entramos no palácio por uma das portas laterais, Hayden relaxou o braço que estava enganchado ao meu e se soltou. Ele olhou rapidamente para mim e então, dessa vez, fez sinal para que eu o acompanhasse. Ele estava pensando o mesmo que eu, provavelmente.

Um guarda vinha andando em nossa direção no corredor. Hayden aproveitou para perguntar a ele onde era o salão de baile. O guarda parecia saber sobre a seleção, pois antes de responder, checou-nos olhando diretamente para onde estavam os broches.

— Sigam-me. — foi tudo o que o guarda disse. Ele deu meia volta e nos guiou pelos corredores.

O salão de baile ficava no térreo e era o que tinha as belas varandas que eu havia visto quando fui ao jardim. Estávamos tão perto do salão e mal sabíamos. O guarda abriu a porta para nós e pediu que entrássemos. Ouvi ele fechando a porta atrás de nós, mas mal podia tirar minha atenção do ambiente do salão. Havia uma organização muito simples: mulheres de um lado homens de outro. No entanto, isso não foi o que mais me chamou a atenção.

As únicas figuras que estavam de pé, além de Hayden e eu, eram Indra, o rei e a rainha. Estava certa de que eram eles porque eu já os havia visto no apedrejamento de Mila e também porque carregavam suas coroas no topo da cabeça. Não me lembro se no dia do apedrejamento eles usavam suas coroas, mas agora que eu as via tão de perto pareciam ser pesadas e ter seu próprio poder, apesar de serem apenas peças de metal. A coroa do rei era, indiscutivelmente, inspirada em raios de Sol. Os raios pareciam brotar de sua cabeça como agulhas grandes e grossas. A da rainha não era tão extravagante, mas era cravejada de rubis e outras pedrarias vermelhas.

Ouvi Hayden engolir em seco ao meu lado. Ele fez um pequeno sinal com a cabeça para mim e lançou-me um último olhar antes de se dirigir até onde estavam os rapazes e se sentar em uma das cadeiras.

Fiz o mesmo. Fui até onde as moças estavam e me sentei. A rainha e o rei não fizeram questão de nos olhar enquanto nos movemos pelo salão, mas estavam atentos.

— Indra. — chamou o rei, soando um tanto impaciente. Estremeci sob o tecido de meu vestido. — Quanto falta?

— Dois minutos, majestade. — ela respondeu prontamente.

Que bom, ao menos eu estava dentro do horário. Mas deveria ter chegado mais cedo. Hayden também. Se tivéssemos sido um pouco mais descuidados com certeza estaríamos desclassificados por alguns minutos de atraso. Precisava ficar mais atenta a isso a partir de agora.

O rei bufou. Não sabia que reis podiam descumprir o código de etiqueta. Eles é quem deveriam ser os que mais seguem à linha. O silêncio no salão era quase fúnebre. Poderia ouvir uma agulha caindo no chão ou até mesmo uma tarrachinha de brinco. Ouvia a respiração das moças sentadas ao meu entorno.

A Disforme - Filhos do Sol e das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora