Estava tão nervosa que acabei perdendo a fome, mas faria um esforço para comer pelo menos um pouco no jantar. No caminho para o grande salão onde todos os participantes presentes se reuniriam para jantar eu desejei que encontrasse alguma coisa de fácil digestão. Caso contrário não me sairia bem na primeira prova e provavelmente teria pesadelos – se conseguisse pegar no sono, claro.
Verena e Emese me acompanharam pelos corredores até o salão. Confesso que naquele momento tudo o que eu queria era sair correndo e deixar o palácio, mas não seria possível. Não tinha para onde fugir, minha única opção era trabalhar meu nervosismo e finalmente era chegada a hora de Edeline dialogar com Madeline.
As portas do salão estavam abertas, muitos estavam sentados em suas respectivas mesas esperando pelo início do jantar. Observei rapidamente o lugar, senti o cheiro da comida, que era muito bom, mas fez meu estômago revirar. Mercello já estava sentado em nossa mesa, me deixando um pouco mais aliviada.
— Acho que nos despedimos aqui, senhorita. — falou Emese.
Olhei para ela e assenti.
— A senhorita deseja mais alguma coisa? Podemos arrumar algo para depois da prova, talvez um chá com biscoitos para acalmar?
Pensei em negar, mas não poderia contar com o jantar para me alimentar direito, então talvez fosse melhor ter algo para comer depois.
— Sim, por favor. Podem deixar chá, biscoitos doces e alguma coisa salgada. Mas não me esperem, só deixem a comida em meus aposentos, depois disso estão liberadas.
As meninas concordaram e foram fazer o que pedi. Voltei minha atenção para o salão. Respirei fundo algumas vezes na tentativa de me acalmar, mas não teve o efeito desejado. Você é Madeline Clark, apolínea. Você é linda, mas mais que isso, tem um grande potencial dentro de você.
Atravessei as portas e caminhei até minha mesa, analisando brevemente o ambiente, as pessoas e o tom das conversas. As coisas ainda estavam calmas. Queria saber por quanto tempo esse clima duraria. Cheguei logo a minha mesa e me sentei ao lado de Mercello, que sorriu ao me ver.
— E então? O que fez essa tarde? — ele perguntou, muito simpático.
Fui ao shopping, uma multidão me cercou e precisei de escolta para voltar. Nada demais.
— Fui ao shopping, mas tive um pequeno imprevisto. Apesar disso, minhas compras chegaram.
— O que? O cartão foi recusado? — ele perguntou, ironicamente.
— Não exatamente... — falei.
—Psss. — olhei em volta. — Pssssss.
Nice estava se aproximando. Ela não parecia feliz. Estava com a sobrancelha arqueada e seu rosto carregava um ar muito sério.
— Foi com você? É de você que estão falando? — ela perguntou para mim.
— Não sei. — respondi surpresa. – O que estão dizendo?
Comecei a olhar em volta. Não tinha percebido antes, mas vários olhares aqui e ali estavam voltados para mim.
— Sobre o shopping. Parece que não vão mais deixar os competidores saírem do palácio. — ela falou. — Não me importo muito, mas parece que tem gente muito zangada por aí.
— Mas o que aconteceu afinal? — perguntou Mercello.
Voltei meu olhar para Nice e para Mercello. Ela já estava tirando um telecomunicador do bolso de seu vestido. Ela tinha bolsos! Que magnífico! Adicionaria a ideia em meus próximos trabalhos. Nice tocou a tela algumas poucas vezes e entregou o aparelho para Mercello.
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A Disforme - Filhos do Sol e das Estrelas
Novela Juvenil(LIVRO II) Logo após uma série de eventos mais do que inesperados e em meio a um turbilhão de dúvidas e sentimentos, Edeline se vê circulando entre os átrios da sociedade apolínea. A cidade de Ilka recebe calorosamente o tão aguardado evento que d...