Meus passos, como de costume, ecoavam por todo o lugar e eu escutava o sangue correndo pelas veias e artérias próximo aos meus ouvidos. Parecia que ia explodir.
O rei Edwig, no entanto, sorria tranquilamente, afinal, sua vida e a de seu povo todo não dependiam disso. Não era ele quem estava com a corda no pescoço. Não conseguia manter o olhar no rei. Era muita pressão. Eu nem devia estar ali. O problema é que eu estava e não dava para simplesmente sair correndo. Não podia desapontar Dimitri, Gaston e Stephen, e muito menos jogar fora tudo o que havia aprendido e visto com Teresca, Audrey e Brooke.
Finalmente alcancei o rei. Fiz uma breve reverência, a melhor que pude, e ele pediu que eu me sentasse. Não deveria agradecer, mas o fiz, porque realmente precisava me sentar.
— A senhorita está bem? — perguntou o rei.
Rapidamente levantei o olhar e encarei o rosto do reino. Não, pensei.
— Não é nada demais, majestade. — respondi.
— Então que prossigamos. Qual a sua resposta para a pergunta que eu fiz ao seu grupo mais cedo?
Respirei e pensei por um segundo. Torci para que meu cérebro estivesse funcionando de acordo com o do rei.
— Para ser sincera, vossa majestade, acredito que não haja uma resposta para essa pergunta. — o rei franziu o cenho, mas continuei antes que ele dissesse algo. — Pensei muito durante a última meia hora, escutei as breves opiniões das outras moças de meu grupo, mas não cheguei a me identificar com nenhuma. Penso eu que na realidade vosso questionamento depende de como a competição correr e de como for o meu relacionamento com o meu rei. Acredito que se ambas as partes entrarem num acordo pode sim haver espaço para o amor, como também podem entrar num acordo para manter uma relação estritamente profissional.
O rei me encarava, não mais como antes, mas sim com um ar de curiosidade em seu semblante. Podia ser um bom sinal, logo saberia.
— Vossa majestade não deixou muito claro em sua pergunta qual era a situação da relação entre meu rei e eu. Acredito que a resposta final à sua pergunta dependa disso.
A coroa do rei parecia me encarar.
— Entendo. — ele disse assentindo. — Nesse caso, me permita fazer outra pergunta à senhorita.
— Como quiser, majestade. — falei, sem hesitar, gesticulando para que ele prosseguisse.
— A senhorita, neste momento, está a dispor espaço para o amor?
Hesitei por um momento. Por quê o rei falava de amor? Por quê eu deveria dispor espaço para o amor? Essa competição é sobre poder, não?
— Sou muito jovem, majestade. Não conheço o amor. Se, por um acaso, ele se mostrar a mim, acredito eu que ficaria, no mínimo, curiosa para descobrir o que de tão especial existe nele.
Para minha surpresa, o rei sorriu e assentiu assim que eu terminei de falar. Meu coração dançava agitado no peito.
—Boa resposta, senhorita. Vá sentar-se com as outras.
Demorei alguns instantes até processar as informações. Pisquei algumas vezes enquanto encarava o rei, sua expressão curiosa e os raios de sol metálicos em sua cabeça. Ele indicou as cadeiras que restavam. Foi então que me levantei e caminhei em direção a elas.
Rapidamente percorri todos os rostos que estavam daquele lado do salão. Mercello sorriu para mim e fez sinal positivo. Significava mesmo que tínhamos passado para a próxima fase? Eu esperava que sim. Encontrei os olhos de Hayden, ele retribui o olhar, mas rapidamente o desviou, deixando escapar um pequeno sorriso.
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A Disforme - Filhos do Sol e das Estrelas
Teen Fiction(LIVRO II) Logo após uma série de eventos mais do que inesperados e em meio a um turbilhão de dúvidas e sentimentos, Edeline se vê circulando entre os átrios da sociedade apolínea. A cidade de Ilka recebe calorosamente o tão aguardado evento que d...