Capítulo 21 - Flechas certeiras

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Depois de devidamente seca e aquecida, deitei-me em minha cama e contei para Verena e Emese como foi a ida a montanha. Logicamente expliquei a elas sobre a lenda e ambas ficaram pasmas. Emese, como uma boa e jovem sonhadora, comentou que tudo isso era conteúdo para uma história que deveria ser escrita para que todos pudessem conhecê-la e me encorajou a escrever. Se você não escrever, eu vou, ela disse decididamente e eu ri. Verena, que não era das mais falantes ultimamente comentou que era uma história muito linda e Emese acabou deixando escapar o pequeno segredo de Verena.

— Mas não tão adorável quanto Aiden, não é Verena? — Emese provocou, cutucando-lhe as costelas com uma bela cotovelada.

— Detenha-se a assuntos seus, Emese! — Verena disse de forma ríspida.

Apenas me concentrei tentando me lembrar quem era Aiden, pois tinha certeza que conhecia esse nome. Oh, sim! Aiden o gentil garçom que recebeu a Mercello e a mim numa das primeiras noites, quando fomos agradecer os chefs pela refeição.

— Conhecem Aiden? Ah, que pergunta idiota, é claro que conhecem... O que há com Aiden? Contem-me. — pedi.

— Nada! — disse Verena, um tanto desesperada. — Nada. Só conversei com ele uma única vez. Não é nada demais.

— Sim, senhorita Madeline, não é nada demais. — disse Emese piscando para mim. Era uma garota muito sagaz.

Pouco antes do almoço Menescal veio até meu quarto e entregou uma carta que havia chegado para mim. Deveria começar a colecionar os bilhetinhos e cartas que recebia? Certamente se tornaria uma bela coleção. Quem teria me enviado uma carta? Agradecia a Menescal por ter trazido a carta e então rasguei o mais delicadamente que pude o envelope. Estava selado com cera e um brasão. O papel de dentro estava cuidadosamente dobrado. Desdobrei-o devagar e então encarei a caligrafia que beirava a disgrafia.

Minha querida amiga Madeline Clark,

Definitivamente escrever cartas não é algo que me agrada, mas farei isso somente por você, haja vista que não há outra maneira de me comunicar com você. A menos que queira tentar sinais de fumaça, o que acha?

Brincadeiras a parte, sou eu, Mercello, caso ainda não tenha notado. Tenho muito a lhe contar, Madeline e creio que você tenha muito, muito mais para contar do que eu. Depois que fui eliminado voltei para Penim e contei a todos os meus conhecidos, e até mesmo aos desconhecidos, sobre você. Não pense que estou exagerando, sei que sou um pouco dramático e não engulo sapos, mas dessa vez não é um exagero. Quando finalmente anunciaram os competidores oficiais, na cerimônia de abertura do D.E.R. eu fiz minha família toda jurar que votariam em você, acredite!

Fui hoje mesmo votar! Votei somente em você, já que não conheço os participantes homens. Inclusive, gostaria que respondesse essa carta com algumas indicações de voto para mim, por favor. Foi uma loucura ir votar, porque sabe-se lá como uma jovenzinha descobriu que eu fui um dos eliminados na fase da seleção e fez um alvoroço. Claro que não foi como o seu incidente no shopping, mas fiquei assustado. Um soldado me acompanhou de volta até minha casa. Eu havia ido a pé para me exercitar mesmo e aproveitar para ver algumas novidades do comércio, mas voltei de mãos vazias e com uma bela história para contar. Meu pai achou incrível para promover os negócios da família e minha avó Antonietta, que é a criatura mais adorável de todas, ficou preocupadíssima e preparou um de seus doces deliciosos para mim. Eu não reclamei e comi tudo, como um bom neto.

Estou pensando em ir visitar Nice, mas não sei se devo. Queria poder te visitar, mas sei que não é possível por agora. Quando for te visitar quero que seja recebido como o melhor amigo da rainha, já que você será a rainha. Mal posso esperar por isso! No momento ficarei contente em te ver pela tela do telecomunicador. Falando em telecomunicador este é o meu número: 7758.3265

A Disforme - Filhos do Sol e das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora