Capítulo 12 - Recanto feminino e fofocas

16 5 12
                                    

Não pude deixar de sorrir. Estava tão feliz que sentia como se estivesse brilhando. Por mais que eu estivesse cansada, o sono havia se dissipado. O sorriso bobo em meu rosto dizia tudo, assim como a felicidade estampada na cara de todas as outras moças que assim como eu haviam passado. Níquel, que estava perto de mim, veio me parabenizar com um abraço. Calina também havia passado. Nós moças ficamos tagarelando num nível de voz moderado pois ainda não podíamos voltar para nossos aposentos. Toda a tensão parecia ter evaporado de nossos corpos. Haviam sobrado cerca de 30 moças apenas e eu estava entre elas!

Bóris estava tão ocupado com a bateria de entrevistas que ainda viriam que não se importou de deixar que nós conversássemos um pouco. Até mesmo o rei e o príncipe pareceram não ligar. Conheci outras competidoras e me apresentei. A mais velha dentre elas tinha vinte e cinco primaveras, quase dez a mais que eu, mas essa informação não chegou a me abalar, afinal eu havia ganhado positivas suficientes mesmo sendo tão nova.

A rainha e a princesa chegaram para fazer as entrevistas e mal pareciam estar cansadas. Estavam impecáveis. Rapidamente elas deram início às entrevistas dos rapazes e incrivelmente pareciam estar sendo bem mais rápidas. Menescal e Indra vieram dar as instruções para nós. Podíamos finalmente ir para nossos aposentos e descansar.

— Queridas, — começou Indra — primeiramente gostaria de parabenizá-las por terem chegado até aqui. A partir de agora não haverá mais provas, o que pode ocorrer e muito provavelmente vá acontecer de fato são alguns cortes pois o rei foi bastante claro quanto ao número de casais que devem ser selecionados. Mas não devem se preocupar com isso agora. Voltem aos seus aposentos e descansem. Amanhã entregaremos seus horários um pouco mais tarde para que não sejam incomodadas. Mas já deixo avisado que não precisam comparecer ao café da manhã, peçam a suas criadas que o levem, elas já foram orientadas para isso. Por hora, os recados são esses. Tenham uma boa noite, senhoritas.

Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela enorme janela da torre. Não havia dormido o suficiente e não me lembrava de como havia chegado a cama. Ainda estava usando o vestido de ontem e havia grampos se aninhando em minha cabeça. Levantei apenas para fechar a cortina e me permiti voltar a dormir.

Emese batia insistentemente na porta e perguntando se eu me sentia bem e se tinha permissão para entrar.

— Entre. — falei com a voz rouca.

— Oh, que maravilha! Não sei se consigo expressar em palavras o quanto estou feliz, sabe senhorita Madeline? Ainda poderei servi-la por hoje e isso muito me alegra! Estava com muito medo de que a senhorita fosse eliminada, apesar de saber que você é boa demais para ser descartada.

Começava a me acostumar com o falatório de Emese.

— Não pode ser um pouco menos falante, menina? — reclamou Verena, que continuava de mau humor. — Senhorita, ontem fui chamada por um dos competidores e ele pediu que entregasse isso a você.

Verena tirou de seu avental um papel e deixou-o na ponta de minha cama. Ergui-me e me arrastei até lá e peguei o papel. Deitei de lado e desdobrei-o cuidadosamente. Era de Mercello. Ele dizia que sentia muito por não poder se despedir corretamente e que torcia por minha permanência na competição e pediria a toda a sua família e conhecidos que também fossem a meu favor. Fiquei muito feliz por ele ter se lembrado de mim.

— O que é que diz? — perguntou Emese, morta de curiosidade.

— Pode ler se quiser. É de meu amigo Mercello. Ontem a noite ele foi eliminado na seleção e escreveu-me esse bilhete de despedida. Vocês não tem os horários? Que horas são?

— Menescal ainda não trouxe nenhuma informação. São 11:02, senhorita. — respondeu Verena, enquanto Emese lia as palavras de Mercello.

— Como é tarde! Quase hora do almoço e eu mal tomei café da manhã... Bem que Indra avisou.

A Disforme - Filhos do Sol e das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora