Joanna of Lys

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Capítulo V

Porto Real

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O choro infantil da criança recém-nascida preencheu o aposento. Jaime não conseguiu pegar a filha que a serva tentava colocar em seus braços, seus olhos estavam focados na figura exausta e ensanguentada de Elia. Estava tão preocupado com a esposa que havia enfrentado um árduo trabalho de parto durante dois dias e uma noite. Nas últimas horas ela quase não teve forças, o Meistre e a parteira tiveram de utilizar um fórceps para retirar a criança, Elia chorou desesperadamente quando viu o instrumento e teve de ser segurada, nenhuma palavra de conforto dele parecia acalmá-la e após o nascimento ela se encolheu contra os seus braços.

Jaime sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto a abraçava, beijou os cabelos dela carinhosamente, contemplou suas feições empalidecidas e suas pernas cobertas de sangue, mais sangue do que deveria. Jurou naquele momento que não teriam outro filho, jamais a obrigaria a passar por aquela situação. Temeu durante os quase três dias perdê-la, não desejava ser como seu pai, incapaz de tolerar o filho que tirou o grande amor de sua vida.

Elia segurou seu braço e apertou ligeiramente. A parteira estava ao lado deles e tinha a criança chorona nos braços. Uma menina. Uma menina pequena com pele escura, cabelos cacheados finos e olhos verdes brilhantes.

— A criança que não queria nascer, finalmente veio ao mundo. – Elia disse com a voz cansada. A respiração estava fatigada e um suspiro longo e exausto escapou dos lábios dela.

A parteira estava prestes a oferecer a criança para Elia, mas foi impedida por um olhar mortal de Jaime. – Leve a menina para a ama de leite! – Ordenou, encarando a mulher mais velha.

— Mas, nós não escolhemos o nome. – Elia queixou-se. Tentou se sentar, mas estava tão cansada que quase não conseguiu mover o corpo. Jaime a abraçou e beijou seu rosto com ternura. – Eu nem mesmo a segurei.

— Você poderá segurá-la depois amor. – Jaime disse suavemente. – Mas, primeiro precisa descansar e se recuperar.

— Devemos escolher um nome para ela. – Elia insistiu. – Pensei em Joanna. Sua mãe desejava o nosso casamento. Penso que esse seria um nome muito bom.

— É realmente um bom nome. – Jaime concordou, estava feliz com a escolha e também queria que tirassem a criança que não parava de chorar do quarto. Mas, não queria decepcionar Elia e dizer que não se importava com a menina, dizer que não desejava ter mais filhos se isso colocaria a vida dela em risco. – Mas, seria bom que ela fosse levada para a ama de leite e recebesse os devidos cuidados.

Elia concordou, Jaime imaginou que se ela não estivesse tão exausta estaria argumentando com ele.

Ficaram em Lys por quase dois anos, Elia demorou meio ano para se recuperar do nascimento de Joanna e quando estavam prestes a partir para uma nova cidade, descobriram que ela estava grávida mais uma vez.

Jaime acordou com lágrimas nos olhos devido ao sonho. Pôde sentir todas as emoções que o outro sentiu no momento do nascimento de Joanna. O desespero devido às horas que passou impotente ouvindo os gritos e choros da esposa, o medo de perder a mulher que amava e a felicidade mesmo que não admitida de ter uma filha. Levantou-se da cama, deparando-se com os filhos gêmeos adormecidos, Elia não estava lá.

Vestiu um roupão vermelho com um leão bordado e deixou os aposentos, podia ouvir o som de conversa e risadas vindas da sala de jantar. Deparou-se com Elia, Joanna e Gerold. Tinha visto os dois filhos por breves momentos desde que despertou, já que os mais velhos pareciam acatar as ordens de Elia melhor que os mais novos. Recordou-se das palavras de Elia: Joanna é idêntica a mim e Gerold a você. Joanna era uma cópia de Elia, possuía o mesmo rosto em forma de coração, maçãs do rosto salientes e lábios grossos. Os olhos eram a única coisa diferente, os de Joanna eram verdes como os dele. Gerold tinha a típica aparência Lannister, alto para sua idade, com cabelo dourado cacheado e olhos verdes brilhantes. Jaime sentia como se estivesse olhando para si mesmo quando tinha quinze anos.

— Bom dia, papai. – Joanna desejou quando Jaime adentou a sala e se sentou na cabeceira da mesa.

— Dia, Jojo. – Jaime responde, o apelido soou tão familiar que por um momento nem parecia algo novo.

— Bom dia, pai. – Gerold saudou com um sorriso divertido nos lábios. – É bom que o senhor esteja aqui, assim não preciso repetir a história.

— Pare de provocar sua irmã. – Elia censurou o filho. Ela corou ao sentir os lábios de Jaime sobre sua bochecha, um beijo leve, às vezes sentia-se como a menina que foi deslumbrada pelo garoto dourado de Tywin Lannister. – Bom dia, meu senhor.

— Bom dia, esposa. – Jaime sorriu e então voltou-se para Gerold. – Filho, eu apreciaria se você parasse de dizer histórias assustadoras aos gêmeos, para que eles não se esgueirassem até o meu quarto.

Gerold concordou com a cabeça, por algum motivo Jaime sabia que o filho mais velho não pararia de atormentar os mais novos.

— Deixem-me contar o que aconteceu. – Gerold implorou. – Vocês estavam enfurnados na Torre da Mão e perderam o vexame do Príncipe Aegon, os Sete são testemunhas de que ele estava insatisfeito por Loras Tyrell ter coroado Joanna Rainha do Amor e da Beleza. – o menino avaliou a irmã. – Ainda não compreendo o motivo de tal escolha.

— Você é detestável. – Joanna disse com irritação. – Eu realmente terei de me casar com Aegon? Ele realmente me assusta.

— Não. – Jaime respondeu com firmeza. Sentiu o corpo arrepiar ao ouvir a tal proposta, todos os seus sentidos lhe diziam que esse menino era um problema. – Você se casará com alguém que escolheremos cuidadosamente.

— Diga isso a tia Cersei. – Gerold recomendou. – Aegon depois de algumas taças de vinho interrompeu a dança entre Joanna e Loras, também derramou boa parte da bebia no vestido dela. O avô intercedeu e mandou que eu a escoltasse para cá, não sei o que ele fez com Aegon, mas o arrastou irritado para fora do salão.

— Ele arruinou minha noite. – Joanna disse com pesar. – Quando a dança começou, acredito que quase todos os homens presentes me convidaram para dançar, não aceitei a todos e quando percebi que muitos se encontravam tomados pela bebida, recusei, sei que poderiam esquecer as boas maneiras nesse momento.

— Se as boas maneiras fossem esquecidas, irmã, não hesitaria em machucá-los.

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