Where You Left Your Heart

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Epílogo

Yi Ti

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Lomas Longstrider referiu-se a Yi TI como a Terra de mil deuses e centena de príncipes, por estar impressionado com as maravilhas daquela nação. Os dois livros de autoria do escriba eram os guias para as viagens que Jaime estava efetuando junto de sua esposa e filhos.

Os contos sobre Yi Ti eram lendários e contados nos Sete Reinos, uma terra grandiosa e conhecida por sua diversidade, repleta de reinos distintos com planícies com brisas frescas, morros ondulados, bosques e florestas tropicais, lagos profundos, fontes naturais de água quente, rios torrenciais e mares que se tornavam cada vez menores à medida que chegavam mais ao interior. As descrições dos livros sobre a riqueza lendária não eram nada quando comparados à realidade de estar à frente de casas e castelos feitos de uma variedade de ouro de cores amarelo, vermelho, verde, rosa e branco. As ruas eram de pedra e cercadas por árvores milenares sagradas que simbolizavam paz e longevidade, as folhas de tonalidade amarelo ouro quando caiam formavam uma bela manta que cobria as ruas. Era comum ver pessoas pegando algumas folhas em busca de sorte.

Os doces polvilhados de pérolas e jade, eram delicados e extremamente saborosos. Os lábios e a língua por um tempo adquiriram a coloração perolada e esverdeada.

No verão, as noites eram tão quentes quanto os dias na cidade portuária onde os membros da Casa Lannister se encontravam. Estavam hospedados em uma luxuosa casa de ouro branco com detalhes de ouro verde e rosa. Dentro dos aposentos principais, Elia e Jaime estavam adormecidos sobre uma cama de carvalho branco, com lençóis de samito dourado.

Jaime raramente sonhava, ou não se recordava dos sonhos como Elia gostava de salientar. Naquela noite sonhou que estava no berçário onde os dois filhos residiam no andar abaixo de suas câmaras. O aposento estava silencioso por ser tarde da noite e iluminado pelas poucas velas acesas. Ao lado da cama enorme cama que seus filhos estavam adormecidos, vislumbrou uma mulher parada.

— Mãe! – Ele sabia que se tratava dela. Reconheceu o vestido de seda vermelha e rendas de Myr com a capa feita de pano de ouro. O mesmo traje que ela usava no quadro em que foi pintada ao lado da Princesa Loreza, a obra de arte se encontrava em Dorne. Recordava-se de ter solicitado que um artista fizesse uma cópia para enviá-la ao senhor seu pai. – Como isso é possível?

— Dessa vez não se esqueceu de mim. – Joanna observou, sem desviar os olhos das duas crianças adormecidas. Com a mão pálida e suave acariciou o rosto do neto e depois enrolou os dedos nos cachos escuros da neta. – Crianças são tão preciosas e inocentes, não têm ideia de como o mundo é um lugar perigoso.

— Eu não entendo! Isso é algum tipo de aviso? – Ele queria saber.

Joanna ignorou outra pergunta e andou em passos vagarosos em direção ao filho. Tocou o rosto dele com carinho, beijou ambas as bochechas e o envolveu em um abraço apertado. – Você está perdido meu filho?

— Não estou perdido e não me sinto sozinho. – Respondeu, sem entender por qual motivo acrescentou a parte em que informava não se sentir só. Como poderia se sentir sozinho? Possuía uma esposa amorosa, duas crianças e a liberdade que sempre desejou. Odiava as intrigas de corte e não conseguia se imaginar engordando dentro das paredes de um castelo. Ele almejava mais. Queria as aventuras e os lugares inimagináveis além das águas que banhavam as terras dos Sete Reinos.

Uma lágrima rolou pelo rosto de Joanna. Desvencilhou-se dos braços do filho e então retirou o colar que tinha em volta do pescoço; que consistia em uma cabeça de leão com pequenos rubis no lugar dos olhos e o cordão feito de ouro cravejado com diamantes. Colocou a joia nas mãos de Jaime e partiu.

Ele acordou de repente, como se tivesse despertado de uma longa e satisfatória noite de sono. Elia tinha a cabeça sobre seu peito e Jaime teve cuidado na hora de se levantar para não acordá-la. Seguiu para fora do aposento em direção ao berçário. Os dois filhos estavam deitados na cama e surpreendeu-se ao notar que estavam acordados, cochichando com empolgação com as cabeças cobertas, a serva que deveria assisti-los estava adormecida em uma cadeira próxima a cama.

— Papai! – Joanna disse alegremente, sentando-se na cama e sendo imitada por Gerold. Ela voltou-se para o irmão. – Disse que ele viria. – Destacou, vendo o irmão simplesmente acenar com a cabeça, ele não falava muito quando estava com sono.

— O que estão fazendo? Já passa da hora de dormir. – Observou, os olhos verdes avaliando os filhos com cuidado. Após despertar sentiu uma grande necessidade de ver as duas crianças, o sonho que teve parecia tão real.

— Podemos dormir com você e a mamãe? – Gerold perguntou timidamente. Ele saiu debaixo das cobertas, foi para a ponta da cama e erguendo os braços para Jaime. O homem mais velho se viu acatando o pedido do filho e o levou nos braços, Joanna foi pega em seguida, satisfeita por estarem indo para os aposentos dos pais.

Atravessou o aposento com os filhos nos braços, retornando para suas câmaras e colocando os filhos na cama em que Elia se encontrava. Fez sinal para que as crianças ficassem em silêncio enquanto se acomodavam sob as cobertas. Deitou-se ao lado da esposa e a envolveu pela cintura, respirou a essência de lavanda que emanava dos cachos escuros e sedosos dela.

Na manhã seguinte, Jaime despertaria quando o quarto já estivesse todo iluminado com a luz do sol. Veria Elia sentada em frente à penteadeira de madeira clara enquanto uma serva penteava seus longos cabelos escuros cacheados. Ele olharia para os dois filhos ainda adormecidos, antes de se levantar e parar ao lado da serva. Seus olhos verdes estariam atentos a esposa e enrolaria os dedos em um cacho escuro. – Pode sair. – Ordenou a serva, a mulher prestou uma reverência adequada. – Você está muito bonita hoje, senhora Lannister. – Elogiou, admirado com o vestido de tecido feito de fios de prata trançado, com um corte quadrado e permitindo um vislumbre tentador dos bonitos seios. Reconheceu o colar em volta do pescoço de Elia, o mesmo que sua mãe o entregou em seu sonho. – Onde encontrou esse colar?

Elia sorriu, tocando a cabeça do leão com os dedos delicados. – Obrigada pelo presente! É muito bonito. – Ela pareceu notar a confusão nas feições de Jaime. – Encontrei sobre a penteadeira. Não se trata de uma das joias vindas do Oeste que você mantém em seus pertences?

Jaime segurou o colocar entre os dedos, sentindo o olhar questionador de Elia. Ela estava certa, se assemelhava com muitas das joias que ele mantinha. Um colar que poderia estar em sua família por gerações e pertencido a muitas consortes de reis e posteriormente do senhores do rochedo. Não podia negar a estranheza daquela situação, o mesmo colar que sua mãe o entregou durante o sonho encontrar-se ao redor do pescoço de sua esposa. Não conseguia imaginar nada maléfico proveniente da situação, então, soltou o color e beijou Elia demoradamente nos lábios. – Esse colar ficou perfeito em você, meu amor.

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