Alive And Kicking

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Capítulo VI

Porto Real

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Jaime já estava se sentindo bem o suficiente para treinar. Não pode deixar de sorrir enquanto caminhava ao lado de Gerold para o campo de treinamento, o filho possuía um humor perverso, não poupava comentários debochados e desdenhosos sobre aqueles que os cercavam, pelo menos ele possuía o bom senso de não ofender ninguém em voz alta. Tinha percebido que esposa também possuía tal senso de humor, ainda era estranho referir-se a Elia como sua esposa, mas às vezes esquecia-se de sua antiga vida e referir-se a ela dessa maneira soava tão natural. Seria fácil esquecer sua vida antiga e deleitar-se com a que estava vivendo.

No campo de treinamento reconheceu seus antigos irmãos jurados da Guarda Real de Aerys: Arthur Dayne, Oswell Whent, Jonothor Darry e Barristan Selmy. Barristan era o Senhor Comandante, visto que Sor Gerold Hightower havia falecido durante o sono há alguns anos. Era estranho vê-los, pois três dos homens a sua frente não sobreviveram à rebelião de Robert e Sor Barristan após a Guerra só conseguia olhá-lo com ódio e repulsa.

— Arthur Dayne. – Gerold disse com desgosto, para a surpresa de Jaime. – Pensei que ele estaria limpando a bunda de Aegon ou farejando o rabo de Rhaegar.

Jaime parou repentinamente e segurou o filho pelo ombro. – Ele é a Estrela da Manhã. – Ele murmurou, incrédulo com o jeito que Gerold estava se referindo a Arthur Dayne. O cavaleiro dornês tinha sido aquele que o tornou um cavaleiro. Quando mais novo desejava ser igual ao mais mortal dos membros da Guarda Real de Aerys.

— Eu sei! Um guerreiro fantástico! Ele se acha tão importante que provavelmente a estrela que caiu do céu e forjou a amanhecer está alojada em sua bunda. – Gerold gargalhou, não entendendo porque o pai não estava rindo junto dele. – Pai, ele é o mesmo homem que tentou intimidá-lo para não se casar com a minha mãe. Você mesmo me contou que ele o desafiou para um combate, mas foi impedido por minha avó que o mandou embora de Lançassolar. Ela já estava irritada com Rhaegar pressionando-a e achou o cúmulo um dos membros da Guarda Real tentar eliminar outro pretendente de minha mãe, o senhor teve mais coragem que Baelor Hightower.

— Baelor?

— Sim. – Gerold parou e observou Jaime com atenção. – A queda parece ter afetado sua memória. Meistre Pycelle disse que poderia acontecer. Não me importo de informá-lo sobre coisas relevantes e omitir o que não importa.

— Tenho certeza que você irá omitir o que lhe é conveniente. – Jaime tentou soar de maneira acusatória. – Você é impossível! Infelizmente, há coisas de que não me recorto e não desejo perturbar sua mãe.

— Pois bem. – Gerold respondeu. – Irei contar. Baelor era um dos pretendentes de minha mãe, antes do senhor chegar a Lançassolar o casamento dos dois estava mais do que certo. O Rei Aerys enviou Sor Gerold Hightower para visitar sua Casa ancestral e após essa visita os planos de casamento se tornaram inexistente. Havia um diplomata dornês em Vilavelha, que relatou a minha avó o ocorrido. – Ficou em silêncio quando estavam próximos demais aos cavaleiros da Guarda Real, uma distancia a que eles poderiam ouvir o que falavam. – E foi assim que Aegon fez de si mesmo uma piada maior do que já é. – Finalizou com um sorriso desdenhoso nos lábios, satisfazendo-se com a expressão incomodada de alguns dos Membros da Guarda Real.

— Sobrinho. – Oberyn Martell saudou, aproximando-se de Gerold e Jaime. Ao lado dele estava o Príncipe Lewyn, que não utilizava a armadura da Guarda Real. – Lannister. – Reconheceu o outro de má vontade. – Fico feliz que tenha se recuperado após aquela queda lamentável. O rapaz Tyrell provou-se naquele torneio.

Jaime apenas acenou para Oberyn, não escutando realmente suas palavras, os olhos estavam atentos ao Príncipe Lewyn.

— Não seja desnecessário. – Lewyn repreendeu Oberyn. – Ficaria satisfeito com a tristeza de sua irmã?

— Claro que não tio. – Oberyn respondeu rapidamente. – Pelos Sete! Há uma proteção divina sobre o Lannister?

Lewyn ignorou o sobrinho e voltou-se para o sobrinho-neto. – Observe atentamente seu pai e tio. Você possui a arrogância dos Lannister e a ferocidade perversa de Oberyn, mas acredito que você possa ser melhor do que esses dois tolos que subestimam seus adversários e acabaram mortos por isso. – Colocou a mão sobre o ombro de Gerold e o puxou em direção ao campo de treinamento. – Devemos treinar, nossos pés criaram raízes se ficarmos esperando seu pai e tio terminarem uma discussão.

Gerold riu e acompanhou o tio-avô com um sorriso estampado nos lábios.

— Ele é impulsivo como você. – Oberyn informou a Jaime enquanto assistia Gerold iniciar uma luta com Lewyn. – Tio quer torná-lo um guerreiro melhor que você.

— E que você também. – Jaime ressaltou. – Você é muito mais impulsivo, A víbora vermelha.

— Eu sou um guerreiro muito mais capaz. – Oberyn retrucou com arrogância. – O Jovem Leão. Você está velho para esse nome. – Indicou os Membros da Guarda Real que estavam à volta do recém-chegado Príncipe Herdeiro. – Esse menino é um problema. Possui a mesma loucura nos olhos que o pai. Nunca imaginei que lhe diria isso, mas estou feliz que tenha se casado com minha irmã.

Jaime curvou-se com dor quando sentiu o golpe ágil de Oberyn contra suas costelas. O cunhado o agrediu com o cabo da espada. – Que inferno?

— E isso é por tê-la chateada. – Ele respondeu simplesmente. Recordou-se da expressão desolada e desespero da irmã enquanto Jaime era socorrido. – Não irie matá-lo, mas feri-lo já me trás grande satisfação.

Jaime ergueu-se e olhou diretamente nos olhos de Oberyn. Teve um vislumbre de si mesmo na companhia do cunhado há anos atrás.

— Se você machucá-la. – Oberyn disse com irritação. Segurava Jaime pela túnica e estavam tão próximos que o Lannister podia sentir os respingos de saliva que deixavam a boca do outro enquanto falava. Enorme era o ódio que o mais novo dos Martell parecia sentir naquele momento. – Pode apostar que vou matá-lo!

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