One Last Time

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Capítulo XIII

Porto Real

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Jaime demorou alguns momentos para entender que estava no Septo Baelor. Não tardou em encontrar o cavalo e seguir em direção à Fortaleza Vermelha, seus pensamentos estavam um tanto quando confusos; as memórias de Elia e dos filhos que tiveram pareciam um sonho, todos os momentos felizes que viveram estavam se misturando com a realidade deprimente a que estava acostumado e não desejava degradar essas memórias com tal infelicidade.

Quando deu por si, estava dentro do quarto em que o Grande Meistre Pycelle e Qyburn cuidavam de Sor Gregor Clegane. Nunca gostou da Montanha, sempre o tolerou por reconhecer sua utilidade à Casa Lannister, mas agora, só conseguia pensar em destruí-lo. O cheiro de morte era predominante, os gritos e uivos do homem eram como música para os ouvidos de Jaime, a dor dele era sua satisfação. Vislumbrou o corpo da Montanha que estava nu sobre a cama, tendo apenas uma toalha cobrindo-lhe o sexo. A carne do corpo estava quase toda gangrenada e as feridas infeccionadas com sangue de coloração preta e pus. O cheiro de imundice prevalecia, não importava quantas vezes as feridas fossem limpas.

— Os dorneses deveriam ter sido detidos para que descobríssemos que substância nefasta o Príncipe Oberyn usou contra Sor Gregor. – Pycelle queixou-se enquanto molhava um pano em vinho fervendo para passar nas feridas do cavaleiro. – Estou certo de que ele não sobreviverá e também não estou satisfeito com sua presença aqui. – Disse para Qyburn. Estava enojado com a presença desse homem, que teve a cadeira tomada na Cidadela, mas a Rainha Cersei insistia que ele auxiliasse nos cuidados de Sor Gregor, embora ele não entendesse o porquê.

— Sor Jaime. – Qyburn foi o primeiro a reconhecê-lo e lhe prestou uma reverência profunda, sendo imitado por Pycelle. – Imagino que os gritos de Sor Gregor o tenham perturbado, sugeri à Rainha que deveríamos transferi-lo para as masmorras.

Jaime deu de ombros, observando a cama onde a Montanha estava. Os olhos dele possuíam uma cor amarelada doentia e estavam semicerrados. Um grosso pano estava amarrado nos lábios, para impedi-lo de morder a língua durante as convulsões e os pés e mãos estavam contidos por grossas cordas. – Ele deve estar sentindo muita dor. – Observou com atenção o homem, antes de olhar pelo quarto em busca de um cobertor. Cobriu-o com o cobertor, ignorando o olhar questionador dos dois homens enquanto pegava o castiçal com três velas que estava ao lado da cama.

— Sor, o que está fazendo? – Pycelle questionou com receio.

— Eu quero ver a Montanha queimar. – Jaime respondeu simplesmente. Queimou as pontas do cobertor e assistiu com satisfação o fogo espalhar-se rapidamente pelo cobertor de pele. E os gritos da Montanha, mesmo que abafados pelo pano, era nítidos o suficiente para boa parte da Fortaleza Vermelha.

— A Rainha não ficará satisfeita, Sor, não posso ficar parado diante de tamanha barbaridade...

— Você se recorda dela, Pycelle? – Sor Jaime questionou enquanto assistia às chamas tomarem conta da cama, os movimentos de Gregor estavam ficando cada vez mais lentos, à medida que o fogo o consumia.

— Me recordo de quem, Sor? A idade infelizmente faz com que eu me esqueça de muitas pessoas.

— Elia. – Jaime pronunciou o nome dela devagar. – Ela tinha uma risada tão bonita. Era um pouco alta e alguns poderiam considera-la até exagerada. Nunca pensei que sentiria tanto a falta do som daquela risada. – Encarou o Grande Meistre que o observava com desconfiança e horror. O fogo já havia queimado toda a cama e espalhava-se pelas cortinas. – Talvez, alguém deva chamar algum dos servos para apagar o fogo. – O cavaleiro sugeriu enquanto deixava o aposento. – Particularmente, desejo que toda essa Fortaleza vire cinzas. – Não pôde deixar de pensar em Aerys e toda a obsessão do antigo Rei pelas chamas.

Quando chegou até seus aposentos, fechou os olhos e desejou que pudesse ver Elia uma última vez. 

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