Capítulo XVI
Dorne
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Os Jardins de Águas pareciam uma paisagem retirada de um sonho. O palácio estava localizado em uma praia próxima ao Mar de Verão, a três léguas a oeste de Lançassolar. Era preciso seguir por uma estrada costeira, enquanto o som das ondas e o cheiro agradável de maresia os acompanhava durante todo o percurso.
A arquitetura de mármores rosa-pálido que pavimentava os jardins e pátio. Os terraços dos aposentos com vista para as inúmeras piscinas e fontes de água, sombreadas por laranjeiras de sangue. Todas as crianças nobres e plebeias, seguindo os desejos da Princesa Daenerys, eram enviadas para o palácio, onde gozavam da hospitalidade e brincavam juntas na praia, piscinas e fontes de águas.
Jaime necessitou de três dias para convencer a Princesa Loreza Martell de suas intenções para com sua única filha. Então, recebeu autorização para seguir em direção ao outro palácio pertencente a Casa Martell, onde encontraria Elia. E ela estava lá, com os longos cabelos cacheados soltos e molhados e trajando um vestido amarelo de seda ensopado. A risada dela se misturava com a das crianças que a cercavam e com quem brincava de jogar água.
Era curioso como havia convencido o pai a permiti-lo seguir para Dorne onde deveria cortejar a única filha da princesa reinante, mas quando entrou no barco que o transportaria durante duas quinzenas até a parte mais meridional de Westeros, ele não tinha certeza do que fazer. Passou dias perguntando-se como havia se metido naquela situação, primeiro fez com que Cersei fosse punida severamente pelo senhor seu pai e sabia que a irmã nunca o perdoaria, então, partiu para uma terra estranha por uma princesa que nem conhecia, embora, toda vez que pensava em Elia, sentia uma pontada de dor no peito e um certo pânico.
Assistiu quando uma dama envolveu a princesa com uma grossa toalha de algodão e cochichou-lhe algo, mostrando-o para ela. Elia começou a andar em sua direção. Ele deveria ficar parado e cumprimentá-la? Sentia como se fosse arruinar aquele momento, então recordou-se que era um cavaleiro responsável pela derrota do Cavaleiro Sorridente e não seria intimidado por uma princesa bonita com um sorriso fácil nos lábios carnudos. Viu-se sorrindo de volta à medida que ela se aproximava.
— Meu senhor. – Elia cumprimentou com sua voz melódica e suave. Ela andava com elegância, sua graça era tanta, que nem parecia estar enrolada em uma toalha enquanto molhada por divertir-se com crianças. – Sinto não estar em condições mais adequadas para recebê-lo, o Jardim de Águas é como se fosse uma parte alheia de políticas e normas de corte.
— N-Não se preocupe! – Jaime gaguejou, amaldiçoando-se em seguida por sua falta de postura. Seus olhos atentos a figura dela e suspirou ao assisti-la umedecer os lábios cheios com a língua rosada. – Não desejo importuná-la. – As palavras estavam lhe fugindo, sentia-se realmente estúpido. – Só quero dizer que você deve fazer o que quiser e eu seria grato se você me permitisse cortejá-la.
— Minha mãe não já lhe concedeu permissão? – Elia perguntou.
— Sim, mas não desejo impor-lhe nada! Seus desejos devem ser sempre levados em consideração, minha senhora. – Jaime respondeu francamente, não pretendia e nem queria obriga-la a uma situação importuna.
— É muito gentil de sua parte considerar os meus desejos. – Elia murmurou, não conseguia entender porque estava tão feliz em ouvir aquelas palavras. Jaime era mais novo do que ela, parecia estar um pouco perdido e incerto com as palavras que proferia, mas havia uma verdade e calor nos olhos verdes que a deixavam sem ar. – Eu aceito que você me corteje.
— Sério? – Jaime perguntou surpreso e ficou envergonhado em seguida. Viu a princesa rir e nem conseguiu se ofender, ela tinha uma risada alta e bonita. Ela estendeu a mão para ele, Jaime aceitou sem hesitar e os dois seguiram para uma das piscinas de mármore. Elia se sentou e suas pernas ficaram submersas na água. Jaime retirou as botas que calçava e enrolou os calções até os joelhos, antes de se sentar ao lado dela. – Minha mãe sempre falou sobre os Jardim de Águas, mas nunca pensei que fosse tão bonito.
— É meu lugar favorito em Dorne. – Elia disse, os olhos fechados enquanto sentia a brisa do mar que chegava até as piscinas. – Quebra meu coração saber que um dia será meu último dia aqui.
— Poderíamos vir quantas vezes você quisesse. – Jaime ofereceu rapidamente. – Ou fazer um lugar parecido em Rochedo Casterly.
Elia não pode deixar de rir. – Você é real Jaime Lannister?
— Acredito que sou. – Ele respondeu sorrindo.
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Golden Tears
FanfictionJaime está desolado com os recentes acontecimentos de sua vida: A traição de Cersei, o ódio de Tyrion pela verdade sobre Tysha e a morte de seu pai. Durante o velório de Tywin, o cavaleiro se depara com a falecida mãe, que lhe mostra como sua vida p...