Après Moi, Le Déluge

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Capítulo XV

Mata do Rei

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Jaime não pôde deixar de sorrir quando se deu conta do momento em que estava. Recordava-se da euforia que sentiu ao ser comunicado por Lorde Sumner Crakehall que faria parte do comitê designado para auxiliar os membros Guarda Real e outros cavaleiros ilustres contra a Irmandade da Mata do Rei. Por mais que estivesse em seu corpo juvenil, suas memórias e sentimentos eram de um homem adulto.

Sentia-se frustrado diante da incumbência, os membros da Irmandade estavam sendo auxiliados pelos plebeus e Sor Arthur com muita determinação conseguia dissuadi-los, pois os plebeus possuíam a ilusão que a Irmandade era quem protegia seus direitos. O cavaleiro fez solicitações à coroa que foram atendidas, o rei concordou em medidas que expandiriam os direitos, ou seja, pagar por tudo que os cavaleiros retirassem do campesinato. Mas mesmo com essas conquistas, ainda não havia ocorrido nenhuma batalha, eles eram atacados durante os horários mais importunos e, antes que conseguissem se mobilizar adequadamente, os foras da lei retornavam para o interior da floresta.

Por mais que fosse cansativo cavalgar pela mata do rei, a notícia de que Elia encontrava-se ainda solteira e segura em Dorne o tranquilizou. Sor Arthur achou extremamente estranho quando ele começou a sondá-lo sobre a princesa dornesa, respondendo-o com poucas palavras e, depois de meia dúzia de perguntas, mostrou-se profundamente irritado e querendo respostas para o interesse dele em relação a Elia. Jaime utilizou-se da amizade entre sua falecida mãe e a princesa reinante de Dorne como resposta para sua curiosidade, mas era evidente que Sor Arthur não acreditou.

Quatro semanas depois, Jaime estava sentado próximo à fogueira do acampamento. Haviam optado por um campo com pouca grama e flores, árvores menores que encontravam-se distantes umas das outras por no mínimo um metro, um pequeno riacho podia ser ouvido ao fundo e, se olhassem para o sul vislumbravam Porto Real, em especial a Fortaleza Vermelha e o Septo Baelor.

— Esses putos não irão aparecer? – Merrett Frey resmungou. Ele era um garoto gordo, lento, desajeitado e estúpido, acostumado a atormentar os outros escudeiros de Crakehall com sua força brutal.

Jaime simplesmente o ignorou, as queixas de Merrett não o adiantavam de nada e sua atenção estava focada no horizonte.

— O que você queria, Merrett? Que os putos aparecessem e ficassem parados em sua frente? – Addam Marbrand questionou irritado. Estava quebrando alguns gravetos e lançando-os em direção ao fogo, assistindo a madeira fina queimar rapidamente. – Isso não é nada como eu imaginava.

— Nunca é, mas tenho certeza que um menestrel transformará essa catástrofe em um evento lendário. – Jaime observou rispidamente, antes de se levantar e espreguiçar-se. – Acho prudente que aproveitemos essa falta de ação para descansar. – Seguiu para a tenda que dividia com os outros escudeiros de Lorde Crakehall e acomodou-se na cama de palha improvisada, totalmente desprovido do conforto que estava acostumado. Se recordava bem de como seria a luta contra a Irmandade da Mata do Rei, assim que o infame grupo de foras da lei percebesse que os plebeus não os auxiliariam mais, como última alternativa, atacariam o acampamento durante a noite. O soldado solitário designado como sentinela seria ferido, mas conseguiria tocar o sino para informar aos outros sobre a invasão.

O Cavaleiro Sorridente era exatamente como ele se recordava, a Montanha de sua juventude, com o dobro da loucura e metade do tamanho.

— Isso é muito ouro em uma armadura, garoto. – O Cavaleiro Sorridente comentou, a voz fina esganiçada e os olhos escuros brilhantes com loucura.

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