O Doce Encanto do Mar

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Muitas coisas estavam acontecendo entre os deuses. De um lado estava o Olimpo, com muitos filhos de Zeus e seu séquito, todos tentando decidir o destino do inimigo da deusa da sabedoria, por ter destruído cidades e arruinado a adoração de Atena. Do outro, o impetuoso mas gentil soberano de todos os oceanos, Poseidon. O deus dos mares sempre foi assim, teve uma força descomunal e muitas vezes não sabia tratar muito bem os outros, mesmo assim, seu coração era puro e valente como o de um homem justo. Ele estava com o sonho de ser pai, queria muito realizar tal feito, porém não conseguia conter a vontade e sua insatisfação o fazia destruir pedras e aumentar as ondas. Atena nunca o suportou, queria que ele fosse menos selvagem, um homem dotado de estratégia e calmo, sempre tentando negociar ao invés de explodir e destruir tudo.

Enquanto os dois lados permaneciam tensos e preparados para uma guerra, Anfitrite carregava no ventre o que seria a futura cria de Poseidon. Ela devia tomar cuidado, pois era muito frágil e não devia ficar muito longe do templo do deus dos mares, para ser protegida e olhada sempre. Seus dias eram felizes, ela brincava com suas irmãs, ria, contava piadas de sereia e revestia seus cabelos longos com pérolas e joias marinhas. Enquanto estava grávida, a nereida carregava o título de consorte de Poseidon, o que a fazia ser tratada como especial, a segunda divindade mais importante de todo o reino das águas. Ela gostava disso, mas não sentia necessidade de tanta adoração. Ela tinha uma missão, a qual era muito importante, mas isso não a fazia tão nobre assim.

Poseidon estava a observando direto do trono, em silêncio. Estava com seus olhos fechados, se concentrando na aura de Anfitrite. Ela estava na forma de sereia, com uma cauda grande e pesada, azul cintilante. Cada escama de seu rabo brilhava em um tom azulado forte, o que fazia as suas amigas em volta a admirarem muito. Ela estava descansando em uma pedra marinha, recostada levemente sobre a mesma e cantando mentalmente com sua voz melodiosa e doce de mulher.

Poseidon se empolgou, sorriu e sentiu uma energia tão mansa, tão confortável que quase dormiu em seu trono.
A deusa estava feliz, realizada. De repente, ela sentiu a energia marinha em sua barriga ficar mais forte, a criança estava se desenvolvendo rapidamente. A vontade e o sonho de Poseidon a alimentava e a fazia ficar mais perto de nascer a cada instante. As nereidas ali perto também a sentiram, e jogaram flores delicadamente para celebrar o acontecimento.

— Anfitrite, Anfitrite! Você está ansiosa? — perguntou uma de suas irmãs, sorrindo.

— Sim, será um momento muito especial em minha vida, amiga. — ela respondeu, mexendo em uma mecha de seus cabelos e olhando para sua região umbilical.

— Que bom! — outra delas respondeu, animada. — assim teremos uma pequena sobrinha linda, será incrível.

Anfitrite riu, achou muito gentil da parte delas receberem sua filha de forma tão calorosa.

De repente, em sua mente, ela ouviu a voz masculina e forte de Poseidon. Ele estava a chamando para um encontro no salão principal do templo.

— Venha até aqui, e seja rápida, preciso fazer algo.

Ela assentiu com a cabeça, se despediu de todas e foi até lá. Subindo as escadas, ela sentiu o poder do deus dos mares. Mesmo apenas a sua presença já fazia o templo todo se encher de poder, era uma aura que regia todo um ecossistema. Ele estava imponente lá, sentado e esperando a si. Anfitrite se surpreendeu quando viu, mas ele estava em uma forma jovem e muito bela, isso era sinal de que o deus queria uma aparência mais nova desta vez.
Seus longos cabelos azuis estavam ornamentados com diamantes verdes, uma coroa enorme de ouro acima de sua cabeça e um brilho de confiança em seus lábios.

— Bem-vinda, Anfitrite. Quero lhe ajudar a se banhar. Não se preocupe, será para fazer bem para o bebê, não faremos nada sexual.

A deusa não se incomodou, sabia que ele não queria a si, e sim a criança que ela estava gerando. Então ela se despiu, e Poseidon a levou até a um salão com uma fonte. Ele se concentrou e tocou na água, a fazendo ficar quente. Tinha uma piscina enorme onde a água caía, e ele a convidou para entrar. Anfitrite relaxou com a temperatura e mergulhou algumas vezes. O deus dos mares trocou de roupa para trajes de banho e entrou também.

— Anfitrite, sempre senti que queria um filho, mas parece que a vontade tem aumentado muito nos últimos séculos, eu não consigo resistir...

Ela sorriu.

— Meu senhor, não se preocupe, ela logo chegará e estará em seus braços. Eu prometo.

— Obrigado, nereida. Deixe-me tocar em seu ventre para senti-la.

Então ele beijou sua barriga, fez carinho por cinco minutos e depois colocou seu ouvido lá para sentir a energia de sua futura filha.

— Ela é tão linda, já consigo prever sua aparência, ela irá nascer com os cabelos e os olhos que tenho. Sinto vontade de chorar... — Poseidon sentiu uma lágrima rolar seu belo rosto por conta da emoção que sentia.

Anfitrite se emocionou também, estava sentindo o amor que ele tinha por ela.

O deus fez uma concha com as mãos e passou água na barriga da nereida, isso era tão especial para ele.

— P-por favor — Poseidon chorava — deixe-me dormir hoje ao seu lado, já disse que não faremos nada sexual. Apenas quero sentir a minha criancinha com o papai...

— Sim, meu senhor, como quiser.

— Então se seque, iremos agora para a cama. — ele disse, feliz e comemorando muito.

Ele a tirou da água com calma, esperou ela se secar e ambos foram, de mãos dadas, para o quarto. O deus se deitou e se cobriu, chamando Anfitrite. Ela então foi logo depois, a deusa se sentia tão bem tratada e cuidada. Poseidon colocou uma camisola nela, que a deixou confortável. Então por trás, ele a abraçou com carinho e delicadeza, beijando seu pescoço e agradecendo a si por realizar seu maior sonho. Ambos adormeceram por muito tempo.

Espero que gostem do capítulo, foi feito com muito carinho.

Poseidon - O Grande Segredo do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora