O grandioso deus dos mares passeava, caminhando vagarosamente pelos cômodos de seu palácio real. O teto dos corredores possuía delicados diamantes incrustados e envoltos em um camada do mais puro ouro. Pedras azuis e água muito cristalina decoravam e acalmavam o ambiente de Poseidon. Com isso, ele sorria alegre e dava algumas ordens à seus fiéis súditos. O deus queria fazer uma festa daqui alguns dias em seus aposentos, e iria chamar Anfitrite para ficar ao seu lado. Era importante para si que todos do reino soubessem da novidade, ajudassem e comemorassem juntos. Em suas mãos estava o poderoso tridente, a sagrada arma dos sete oceanos. Era dourado, completamente divino e um símbolo da maior majestade de todo o submerso das águas.
Na terra, estava Atena. Há alguns dias ela havia descido do Olimpo para ajudar melhor seus adoradores a se recuperarem. As inundações feitas por seu inimigo haviam destruído 1/3 da região grega de Atenas. As ondas eram fortes e furiosas, passando dos 50 metros de altura. Muitos sacerdotes e famílias importantes morreram nos desastres, por isso a deusa continuava nervosa e pensando no que podia fazer para melhorar a situação. Ela rezava para Zeus pedindo proteção e calma para não discutir com Poseidon.
— Meu pai... Ó, por favor, me ajude com isso! Me ajude a esquecer a intriga que tenho com o deus dos mares, preciso de ajuda. Quero poder resconstruir muitos templos que aqui foram destruídos, alimentar meu povo e fazê-lo forte e unido contra Atlântida. Os exércitos precisam treinar caso acabe acontecendo alguma guerra, então por favor me dê forças!
O deus dos céus não respondia com muita clareza, apenas a observava de longe e dava alguma ajuda, mas não tentava consolar sua filha de maneira alguma. Esse era o seu jeito de se manifestar, e Atena tentava compreender isso.
Seu tio, Poseidon, escutou de leve as preces que ela havia acabado de fazer a seu pai. Então ele começou a observá-la em silêncio. Concentrou-se no trono de olhos fechados e viu Atena, desesperada e chorando um pouco dentro de um templo na Grécia. Em seu íntimo, o deus dos mares gostava muito daquilo, achava incrível ver sua inimiga triste e muito mal. Era ótimo, mas ele não riu para não chamar sua atenção. Atena no começo não percebeu nada, mas depois sentiu que havia algo a observando. Seus nervos ficaram agitados, ela sabia que não era Zeus. Então a deusa respirou fundo e fez de tudo para não levantar a voz, mas perguntou:
— Quem está aí? O que você quer comigo?
Silêncio.
— Diga! Preciso saber quem é... Não se esconda.
— Não irei me revelar. — uma voz forte respondeu.
Então ela orou a Zeus para lhe ajudar a saber quem era tal pessoa. Ele, que também não gostava de Poseidon, sussurrou em seu ouvido: é o deus dos mares.
"— MALDITO! — ela praguejou, em pensamento.
— Poseidon, cretino! Pare de fingir que não é você, porque o conheço muito bem...
— Cale a boca, você mereceu isso! — Poseidon disse, com raiva, mas ao mesmo tempo estava feliz em poder humilhá-la.
— Você... você... — ela disse, com o rosto vermelho de raiva. Estava queimando em ira por dentro e fechava ambos os seus punhos, sentia vontade de acabar com ele.
— Ah, e sobre os tsunamis, também foi muito bem merecido! Sempre tentou contra mim, sempre quis abusar do deboche, das piadinhas sem graça e de outras coisas mais! Você é uma pirralha, Atena. Deve calar essa boca e nunca mais ousar ir contra a minha pessoa, desista!
Ela estava prestes a explodir em furor, mas Zeus chamou sua atenção e não permitiu. Era uma ordem que ela não podia brigar ou mexer com o seu tio. Apesar de tudo, ele era muito poderoso e caso ambos entrassem em guerra, Poseidon podia acabar destroçando seu corpo divino.
— Maldito, cretino, eu o odeio! — ela pensou, mas não disse nada.
Poseidon, se apercebendo do silêncio e da falta de respostas para consigo, desconectou a ligação por telepatia e riu um pouco de sua sobrinha. Aproveitou para provocar mais, criando um pequeno tsunami em uma área próxima de Atenas. Poucas pessoas morreram afogadas, a maioria delas fugiu e perdeu tudo nos templos, mas apenas isso já valia muito para o deus dos mares.
— Ótimo, pelo menos ela teve o que devia ter. Uma pequena deusinha em meu caminho... Não deve me incomodar mais por enquanto.
Agora que estava satisfeito, ele preparou sua carruagem divina e foi até uma região submersa ali perto. Era uma espécie de "escola" em Atlântida. Havia crianças de todos os tipos, cada uma delas possuía uma grande cauda de peixe em metade de seu corpo. No caminho, o deus dos mares acenou para muitos tritões que estavam por perto, nadando e conversando entre si. Quando chegou, viu a construção alta e grandiosa, emanando uma energia muito bonita.
As crianças se mostravam surpresas de ver seu rei Poseidon ali pessoalmente. Ele tinha um cabelo enorme e branco, uma barba que cobria parte de seu peito e olhos profundamente azul-esverdeados que cintilavam abaixo d'água. Ele pegou uma das crianças que estava ali perto, era um menino pequenininho, na idade terrena ele teria apenas 5 aninhos.
O deus sorriu e o beijou no rosto, a criança estava muito insegura mas ele foi carinhoso e a conquistou. Poseidon colocou-a em seu colo e foi até um quarto que estava cheio de crianças também. Todas o receberam e agradeceram pela visita. Ele se sentou em um banco e começou a cantar para elas. Depois, ele disse que também teria uma criancinha assim como elas para cuidar e amar muito.
— Vocês sabiam disso? É, eu serei um pai! Ela será uma menina e vai ser linda igual a vocês, prometo que levarei a minha filha para conhecer todo o reino submarino. Quero me acostumar com bebês e pequeninos seres infantis como vocês, por isso vim até aqui.
Elas sorriam e queriam se aproximar dele, que pegou alguns no colo e também brincou com outros. Poseidon começou a chorar um pouco, mas tentou esconder o sentimento que estava sentindo, mesmo sendo algo difícil para ele. O deus passou a tarde toda contando histórias, brincando e cantando com as crianças. No fundo, ele queria mostrar o quanto amava sua filha, o quanto queria tê-la para dar amor e muito carinho de papai.
Após isso, ele se despediu de todos e abençoou a escola. Subiu em sua carruagem divina e se foi, voltando para seus aposentos reais.
Apesar de todas as dificuldades, de todas as brigas com Atena e as desavenças com Zeus, Poseidon estava feliz. Ele queria ter um laço amoroso com sua cria, queria tentar renascer e ser o maior pai de todos. Ele não se esqueceria de abraçar todos os dias sua filha, ensiná-la tudo que pudesse e dar o maior amor que uma criança pudesse receber. Essa era a sua vontade, e se realizaria. E quanto a Atena? Ele faria de tudo para destruí-la junto com Zeus, apagar a existência desses deuses que, para si, não mereciam o menor afeto e compaixão.
É isso, espero que estejam gostando e até o próximo capítulo! Abraços da autora.
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Poseidon - O Grande Segredo do Mar
FantasyPor muitas e muitas eras o mar foi uma fonte de grande conhecimento e beleza, enormes eram suas ondas, muito esplendorosas. Um brilho dourado formava o metal forte do tridente de Poseidon. Peixes e sereias nadavam nas águas fundas e cristalinas do m...