CAPÍTULO 25 - ANTES

1.2K 125 43
                                    

Renato observou cada movimento do gato em sua frente, que estava brincando com um besouro que andava tranquilamente no chão. Que gato estúpido.

Os olhos do Garcia se movimentaram rapidamente, sem perder o gato de vista, talvez aquilo fosse um dom, nada poderia passar despercebido diante dos seus olhos curiosos e ágeis.

- Oi, bebê. - Daniela chegou sorridente, acariciando o gatinho alaranjado. Porém aquele olhar amoroso se foi, assim que ela enxergou o irmão, sentado na varanda. - Por que está olhando? Isso é inveja por que você também queria um?

- Não, eu odeio gatos!

- Se fizer qualquer mal para ele, eu juro que acabo com você. - Daniela ameaçou, fazendo Renato revirar os olhos. Ele não tinha medo dela, não mesmo.

A mais velha passou pela varanda, fazendo questão de esbarrar no irmão antes de ir para dentro. Renato sentiu aquela raiva dentro de si, aquela que ele não sabia como controlar.

Quando não estava com Heyoon, todos os problemas desabavam sob sua cabeça e ele sentia uma raiva absurda, sem saber se aquilo era normal.

Ele descontava toda a sua raiva em si mesmo, deixando mais hematomas por todo seu corpo, até mesmo do que os que sua mãe já deixava. Tinha vezes que ele queria apenas explodir, mas preferia guardar tudo para si mesmo.

O gato dos pelos ruivos e brilhantes, continuou correndo atrás do besouro, fazendo com que Renato até mesmo bufasse de raiva. Como podia Daniela gostar mais daquela criatura patética do que do seu próprio irmão? Não era justo e ele odiava aquela situação.

Um pouco mais à frente, havia uma enorme pedra, até mesmo maior do que a própria mão do Garcia. Aos poucos, um pensamento macabro e perverso invadiu a sua mente e pela primeira vez, Renato não estava a fim de controlar suas vontades.

Ele queria aquele gato morto e queria matá-lo com suas próprias mãos, por mais perturbador que aquilo poderia parecer. Ele segurou a pesada pedra em mão e encarou o gatinho, que se assustou com a presença e então fugiu, trazendo Renato de volta para a realidade.

Heyoon estava lá, usando um patético vestido amarelo enquanto sorria de forma fofa. Renato sentiu ódio dela, por que ela havia atrapalhado o seu único momento de diversão? Heyoon também era patética.

- Olá.

- Não estou a fim de te ver, vá embora. - Renato aumentou o tom de voz, deixando visível toda a sua irritação.

Aquela era a primeira vez em que ele agia tal raivoso com ela e aquela atitude, fez com que Heyoon ficasse assustada. Porém não iria embora, afinal aquele inda era o garoto doce e gentil que ela conhecia.

A garota subiu rapidamente os degraus da varanda e então se sentou ao lado do amigo, o envolvendo com seus braços carinhosos. Renato estranhou a demonstração de afeto repentina mas finalmente respirou profundamente, sentindo todo o carinho que Heyoon podia dar para ele.

- Você nunca vai embora, não é?

- Nunca, somos alma gêmeas. - Heyoon sorriu para o amigo, sentindo uma estranha vontade de demonstrar todo o afeto que sentia. - Talvez tenhamos nos dado tão bem por que somos dois perdedores em um mundo onde todos conquistam coisas.

Heyoon sorriu mais uma vez, enquanto Renato encarava os lábios da garota. Ele nunca havia beijado ninguém porém não conseguia controlar aquela vontade, ele gostava tanto dela.

A garota também se deixou levar pela emoção, se aproximando do amigo para colar seus lábios com os dele. E foi ali, naquela varanda e em um beijo desajeitado pela falta de experiência dos dois, que Renato sentiu o amor pela primeira e última vez.

ㅡㅡㅡ
+30

Kill Game | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora