CAPÍTULO 30 - ANTES

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Alguns dias haviam se passado desde o suposto suicídio de Daniela Nóbrega. Irene estava deprimida, não havia saído do quarto desde o dia do enterro, ela não acreditava que havia perdido a única que amava entre todos os seus filhos.

Guilherme estava apreensiva, afinal Daniela nunca havia mostrado qualquer sinal de depressão. Ela odiava sentir aquilo mas era como um sexto sentido, Guilherme sentia que Renato estava envolvido naquele acontecimento, mesmo que não soubesse como.

Porém conversar com o Garcia era o maior problema, ele estava fugindo desde o velório. O garoto não havia achado estranho a falta de sentimentos do irmão diante de toda a situação, afinal sabia que seus irmãos não se davam bem porém achava estranho aquele sumiço, Renato estava fugindo dele.

Heyoon sentia a mesma coisa, agoniada pela falta de noticias do melhor amigo, que nem mesmo estava indo até a escola. Depois de quase uma semana, ela não aguentou de saudades. Foi até a casa dos Nóbrega's, mesmo sabendo que o clima por lá não estaria muito bom.

Tocou a campainha e foi recebida por Guilherme, que também parecia acabado. Ela queria abraçar o garoto a sua frente, mas não tinham intimidade para tal ato, então apenas desejou seus pêsames e subiu as escadas em direção ao quarto do garoto.

Ela não bateu na porta, apenas entrou no quarto e fechou a mesma atrás de si. Renato estava deitado na cama, encarando fixamente o teto e enxergou Heyoon depois de alguns segundos.

Ela sentiu um frio na barriga, os olhos do garoto pareciam ainda mais sem vida e ele levantou como um furacão, a encarando com ódio, pela primeira vez em todos os anos que estiveram juntos.

- O que você está fazendo aqui, Heyoon? - Renato alterou o tom de voz, a garota revirou os olhos.

- Para de ser um filho da puta, eu estou aqui por que me preocupo com você.

- Vai embora, eu não te chamei.

- Eu vou ficar, porra! Para de ser um ingrato! - Heyoon gritou, Renato odiava que gritassem com ele.

Em um impulso, levantou sua mão, pronto para acertar o rosto da garota. Heyoon tinha um ótimo reflexo e então segurou seu braço ainda no ar, o empurrou com toda a sua força enquanto sentia a raiva a invadir.

- Levante a mão para mim mais uma vez e você será um homem morto. Não estou brincando. - Renato suspirou, levanto a mão até sua nuca enquanto tentava manter a calma.

- Me desculpa Yoon, eu só estou nervoso com tudo isso.

- Sei que sua irmã morreu, mas você não precisa virar um merdinha por causa disso.

- Você não entende. - Renato revirou os olhos, sentindo sua respiração pesar. - Me diz uma coisa, você me amaria menos se soubesse algo muito ruim sobre mim?

- Jamais, você pode ser um idiota as vezes mas eu amo muito você.

O garoto alto caminhou até a porta e então a abriu, após olhar para todos os lados e conferir se o corredor realmente estava vazio, voltou para dentro. Aquela pequena atitude fez com que Heyoon ficasse apreensiva, ela sentia que algo ruim estava prestes a vir à tona.

- Promete não gritar e nem fugir de mim?

- O que você fez?

- Eu matei a Daniela. - Renato disparou, enquanto Heyoon não sabia como reagir.

- Você o que?

- Matei minha irmã, amarrei uma corda no pescoço dela e arrastei pelo quarto. Fiquei a observando enquanto ela perdia o ar e morria lentamente, também arranquei aqueles malditos longos cabelos negros que ela tanto amava e depois pendurei o corpo no suspensório do teto, ela não se suicidou Yoon, fui eu quem a matei.

Heyoon sentiu seu coração acelerar, ela não queria acreditar naquilo porém os olhos do Garcia não mentiam, ela sentia que ele estava sendo sincero.

A garota sentiu seus olhos marejarem e deu alguns passos para trás. O garotinho que ela tanto amava e tentava proteger de todo o mundo, estava confessando um assassinato sem demonstrar qualquer arrependimento. Ele era cruel, aquilo era algo que ela jamais imaginaria.

- Por favor Yoon, não me deixe, eu só fiz isso por que ela me maltratava. Ainda amo você e ainda sou o mesmo.

- Eu...preciso pensar, até mais.

Heyoon não olhou para ele, apenas saiu rapidamente pela porta, deixando o garoto magoado para trás.

Ele sentia que poderia suportar qualquer coisa, porém não estava pronto para perder Heyoon.

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Kill Game | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora