CAPÍTULO 23 - ANTES

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- Renato, seu demônio. - Daniela gritou, enquanto o garoto corria sorridente pela casa.

Renato tinha treze anos, estava entrando na adolescência e até mesmo a sua voz mudando aos poucos, conseguia irritar sua mãe, que evitava encontrar com ele pela casa.

Dani também não gostava do irmão, que adorava fazer brincadeiras bobas que a deixavam cada vez mais irritada. Renato gostava de se inspirar no irmão mais velho, Guilherme, que geralmente era sua cúmplice e que o fazia esquecer da maldade naquela casa, durante boa parte do tempo.

- Vamos fazer nossa oração? - Gui perguntou, assim que o irmão entrou no quarto e fechou a porta.

- Por que oramos?

- Para agradecer pelo dia.

- Mas eu não gosto. Acho que não acredito em Deus.

- Nunca diga isso na frente da nossa mãe. - Guilherme sorriu. - Vou deixar você fugir, mas só dessa vez, okay?

- Obrigado Coco, você é o melhor. - o garoto sorriu fofo, deixando um beijo na bochecha da irmão.

- Eu te amo, durma bem.

Renato correu para a cama e fechou seus olhos, deixando sua mente viajar em coisas aleatórias. Porém acordou depois de algum tempo, sentindo algo molhar suas pernas. Ah não.

O garoto se levantou em um pulo, se sentindo constrangido após perceber o que havia acontecido. Sua bochechas haviam ficado ainda mais coradas, ele se sentia velho demais para fazer xixi na cama, pela segunda vez naquela semana.

- Gui. - sussurrou, pensando na única pessoa que podia contar. - Aconteceu de novo.

- Sério? Tome um banho, eu vou tentar resolver as coisas aqui.

Renato assentiu e então seguiu em direção ao banheiro. Enquanto Guilherme coçava os olhos para tentar acordar.

- Não acredito, esse porco fez isso de novo? - a garota morena apareceu na porta, fazendo sua melhor cara de nojo. - A mamãe vai adorar saber.

- Dani, não!

Guilherme sabia bem sobre as consequências que aquilo teria mas Daniela não pareceu se importar, deixando o quarto saltitante.

A garota retirou os lençóis e assim que os levou até a lavanderia, escutou um grito agudo. Acelerou seus passos e até mesmo tropeçou na escada, enquanto escutava os gritos de socorro do irmão.

Renato estava no corredor, enquanto sua mãe batia nele diversas vezes com uma cinta. Guilherme se sentiu desesperado, enquanto via o garoto se contorcer no chão.

Sua primeira atitude foi segurar o braço da matriarca, recebendo uma cintada no braço acidentalmente. Demorou alguns segundos até que ela finalmente conseguisse parar a mais velha, que tinha sangue nos olhos.

- Você ficou louca? E você Dani, é uma sadista! Sua idiota do caralho!

- Não aguento mais esse garoto mijão, ele faz de propósito para me irritar! Eu te odeio, demônio!

- Não a ouça, por favor!

Guilherme pegou o irmão em seus braços, que estava cada dia mais alto e pesado. Ele o levou até o quarto dos dois e então trancou a porta, com medo de que o ódio da mãe a levasse a fazer algo pior.

- Odeio a Dani! Odeio, odeio, odeio! - Renato disse entre soluços.

Guilherme o levou até sua cama, deixando que ele deitasse em seu peito. Os cílios possuíam gotas de lágrimas, os olhinhos estavam brilhantes e as bochechas ainda mais coradas, a pele possuía diversas marcas avermelhadas e ele sentia o ardor se tornar cada vez mais intenso.

- Por que ela sempre faz isso? Até quando ela vai continuar me machucando? Eu sou mesmo um demônio como ela diz?

- Não Renato, você na verdade é um anjo. - Guilherme acariciou o rosto do irmão, ele queria protegê-lo de toda a maldade do mundo. - É como o paraíso estar aqui com você, você é como um anjo tão bom para ser verdade.

Renato sorriu ao escutar a voz doce do irmão, cantando Rose & The Originals. Aos poucos a voz doce, fez com que ele pegasse no sono. Oh como ele queria, que todas as pessoas no mundo fossem como Guilherme.

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Kill Game | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora