CAPÍTULO 34 - DEPOIS

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Depois.

- Será que ela dormiu?

- Será que está sonhando com ele?

Vozes femininas em uníssono rondavam pela mente de Hanna, aos poucos ela tentava abrir os olhos pesados, se assustando ao ver as duas figuras magrelas e de olhos fundos em sua frente.

- Mas que porra...

- Hanna Beatriz soltou o cara mau e em seguida o matou, mas será que foi o final? - a mais magra cantarolou, deixando Hanna irritada.

- Vai para o inferno, sua demônia.

Hanna levantou do sofá da sala de recreação, observando as outras garotas estranhas ao seu redor. Havia sido transferida para o sanatório há mais de três meses, pouco tempo depois de completar dezoito anos.

A princípio deixaria o abrigo de jovens delinquentes para ir para uma prisão feminina mas havia sido diagnosticada como louca, após chamar todos os enfermeiros para dizer que estava sendo ameaçada por Renato Nóbrega Garcia.

O mesmo havia sido morto por Hanna há pouco mais de um ano, desde então a cidade havia voltado a sua rotina normal. Mas enquanto todos estavam em paz, Hanna estava vivendo um inferno, recebendo bilhetes assinados pelo maldito serial killer.

Pensar naquilo era como uma tortura e quando Hanna mostrava os bilhetes aos enfermeiros, eles apenas riam e aumentavam as doses do remédio. Acreditando cegamente que a própria Hann escrevia os bilhetes.

E nem mesmo ela sabia dizer, qual era a verdadeira realidade, estava mesmo enlouquecendo aos poucos.

- Hanna, você tem visita.

- Hm será que é o garoto moreno bonitinho? Eu o vi observando a Hanna na outra noite. - uma garota riu, Hanna piscou diversas vezes.

- Você ouviu? Não ouviu? - Hanna perguntou para o enfermeiro, enquanto era algemada e empurrada para fora da sala. - Eu estou correndo perigo!

- Nathalie tem esquizofrenia, acho que você se esqueceu disso.

O enfermeiro parecia não se importar mas Hanna olhou para Nathalie uma última vez, com aquele sorriso no rosto sussurrando coisas como "ele vai voltar". Aquilo era assustador.

Hanna logo estava na famosa sala de visita, uma extremamente parecida com aquela onde encontrou o Garcia pela primeira vez, ela conseguia até mesmo sentir calafrios.

Hero estava do outro lado do vidro, tentando demonstrar força, uma força que Hanna sabia que ele não tinha. Todos da família estavam abalados com tudo aquilo.

- Me diga que você conseguiu e eu estou finalmente livre.

- Você sabe que a única coisa que posso conseguir para você, é uma transferência para o sanatório do nosso tio.

- Não, obrigada. - nunca, aquilo definitivamente estava fora de cogitação. - Eu estou em perigo, Hero, se eu não sair daqui logo, ele vai acabar comigo.

Hero respirou profundamente, era triste ver o quão transtornada a irmã estava ficando, talvez fosse a convivência com todos aqueles malucos.

- Ninguém está atrás de você, Hanna. Você atirou nele e o viu sangrar até a morte, ele está morto.

- E que são esses malditos bilhetes que sempre estão embaixo do meu travesseiro?

- É você quem os escreve mas não se lembra depois, os remédios estão fodendo a sua mente.

- Sinceramente? Vá para o inferno! Vou fazer tudo sozinha, como sempre fiz.

- Da mesma forma que soltou a porra de um assassino? Se você está se perdendo agora, a culpa é unicamente sua.

- Sei disso Hero, sei disso. - Hanna se levantou, preferia ficar sozinha do que ter que ouvir as palavras do irmão. - Você ainda vai ouvir falar de mim, mas não como uma maluca e sim como uma heroína, a garota que acabou com com o maldito Garcia e trouxe segurança para todos.

- Eu não contaria com isso.

- Pois você verá, todos verão.

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Kill Game | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora