Em minha cabeça, assim que recuperassemos a chave, iriamos correndo para onde o escritório de minha mãe ficava, porém apos aquele dia, o Kook não tocou mais no assunto.
Uma semana havia se passado, minha avó já voltou para seu castelo, de acordo com ela, sua missão já estava feita, então arrastou meu avô de volta as burocracias de seu reino.
Minha outra avó se foi na noite anterior antes de a mãe de minha mãe anunciar sua partida, de acordo com ela, a mãe de minha mãe a dava problemas de azia, por isso teria que ir. Desde então eu vim conhecendo mais a rotina de um príncipe em Elanya, agora que não existiam mais convidados inusitados, a rotina do castelo voltou a sua naturalidade.
As sete da manhã o Kook me acordava, abria todas as cortinas e regava as plantas que ficavam em minha varanda particular. Em seguida uma quantidade significativa de criados entrava em meu quarto, recolhendo aquilo que deveria ser devolvido a cozinha ou a biblioteca. O Kook cordenava todos eles com eficiência, sorrindo para mim quando eu o encarava com um olhar preocupado. Ele tinha olheiras demais para um garoto de dezenove anos, cabelos secos demais, sabia que estava tentando fazer alguma coisa, porém não me contava o que.
Todos os dias após o café da manhã solitário, pois só o jantar é feito em conjunto com os criados. Eu vou para o escritório de meu pai, escutar as várias e várias táticas para se ser um bom rei, passo a manha inteira lá, falando com duques e ministros os quais tem nomes um pouco difíceis demais para eu decorar.
Na hora do almoço eu como com meu pai e então sou passado para Kook, que dedica sua tarde a me levar para conhecer o reino, Aponi provavelmente nunca voou tanto em uma semana, porém era possível perceber sua felicidade por estar sendo útil. Synorah e Ewen falam que ele nunca se comportou tão bem, até esta conseguindo socializar com os outros dragões.
No jantar eu me sento na mesa ao lado de meu pai, de vez em quando o vejo olhando para a cadeira vazia na outra ponta da mesa, onde minha mãe deveria estar sentada. Já fazem anos, mas pelo visto, ele ainda não superou totalmente, as vezes me pego pensando se um dia terei um amor como o deles, porém sempre que penso nisso, os sentimentos de Taegir tomam conta e vejo Kook ao meu lado, porém sei que esses sentimentos não são meus.
Vou dormir por volta da meia noite, depois de passear com Kook pelos jardins, o ajudando a coletar flores estranhas e catalogar borboletas de cores fantasiosas, imagino o quanto que ele se sacrificou para me dar toda a atenção que tinha me dado nos primeiros dias.
Agora são quatro da tarde, estamos no mercado da cidade, é uma construção enorme, cheia de plantas subindo pelas paredes, assim como praticamente todas as construções daqui. Pessoas de várias cores de pele e detalhes como orelhas pontiagudas passam por mim carregando suas mercadorias. Kook está na barraca a minha frente, negociando alguma espécie de tinta com um vendedor que parece capaz de te matar caso você o desrespeite.
Fico perdido em meus pensamentos, quando o vejo se aproximando de mim, o rosto exausto e as sobrancelhas tencionadas.
‐ Tudo bem? - Perguntei o oferecendo um pouco do suco de uma fruta a qual jamais tinha ouvido falar, o qual foi me oferecido por uma senhorinha simpática dona do estande de sucos.
- Eu odeio negociar com o Flamevic... sinto que meu sangue borbulha pelo meu corpo. ‐ Ele pega o suco e vira em segundos, me entregando a caneca de vidro vazia. ‐ Obrigada senhora Roseria. - Gritou para ela, recebendo um "por nada" animado da senhorinha.
- Kook, estive me perguntando algo, qual o motivo de nós não termos alguma característica mágica? Não temos rabo, asas, orelhas pontiagudas nem nada. ‐ Começo a caminhar ao seu lado, a bolsa cheia de moedas em seu bolso fazia barulho quando acabávamos nos esbarrando em alguns trechos, onde a quantidade de pessoas era tanta que quase nos fundiamos.
- Tecnicamente, nós temos sim, a falta dessas características é o que nos torna diferentes na verdade. Existem milhares de espécies convivendo, o fato de sua mãe e seu pai não terem características físicas marcantes o fez não ter também. Quanto as minhas, ainda não descobri quais são, talvez não sejam físicas, não saberei.
Confirmo com a cabeça, imagino como deve ser frustrante não saber sua característica em um mundo onde todos as tem, literalmente, estampadas no rosto. Andamos mais algum tempo, recebo alguns presentes de vendedores locais, descubro que Taegir também ficava desconfortável ao receber presentes, assim como eu fico, porém sempre foi obrigado a aceitá-los, para não magoar os moradores. Assim como eu tenho que aceitar.
Saímos do mercado e nos sentamos aos pés de uma grande árvore, e dividimos os doces que havíamos recebido. Ele me explicava a rotina das pessoas, de vez em quando ríamos de algo aparentemente sem graça para outros. Parecemos dois amigos normais que cresceram juntos, sempre estiveram juntos, as vezes até me esqueço que nunca estive aqui.
- As pessoas então percebendo. - Ele fala assim que um casal de dois velhinhos passa por nós, e eu os comprimento de volta.
‐ Percebendo o que? ‐ Digo colocando mas uma pequena bala em minha boca.
- Que o príncipe está mais alegre... Pelo menos mais do que costumava estar. - Ele diz oi para um dos criados do castelo, era seu dia de folga e ele estava com a esposa e os filhos saindo do mercado.
- Acha que eu deveria parecer mais rabugento? - Limpo a boca, lotada de açúcar fino como poeira.
- Não... Isso os deixa felizes também. Conforme os anos passam, as pessoas vão aprendendo a lidar com a falta de sua rainha amada, ver que você também está seguindo em frente, os motiva... Isso é bom.
Ele apoia a cabeça em meu ombro, dormindo quase instantaneamente, sua respiração se acalma aos poucos. Ao contrário da minha, meu coração esta em disparada, observo seu rosto sereno, porém cansado, não sei o que ele vem fazendo, o motivo pelo qual precisa tanto de uma tinta tão difícil de ser negociada.
Quando começa a anoitecer, chamo o Aponi, que chega voando alguns minutos depois, a boca pingando sangue, provavelmente devem ter o presenteado com algum animal.
Tento acordar o Kook, mas ele nem faz questão de se mexer, estava dormindo pesado, a primeira vez em não sei quanto tempo. O pego no colo e peço para Aponi me ajudar a colocá-lo acima dele. Depois de o arrumar nas costas do dragão, subo atrás dele, e vou em direção ao castelo.
Foi um dia tranquilo, comum... bom.
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Hoje estou inspirada, vou ligar vocês de atualização, compensar por todo esse tempo. Espero que gostem dessa, foi algo mais leve.
Vou começar a abrir mais os espaços de tempo entre um capítulo e outro. Assim a história pode se desenvolver de forma mais fluida.
Espero que gostem, do Taehyung como príncipe, pois ele esta tentando bastante.
Bye
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I Promise {KTH*JJK}
FanficDesde que eu cheguei aqui, muita coisa mudou, eu mudei. E para ser sincero não quero voltar a ser como antes. Mesmo com todas as dúvidas, sobre quem sou, onde estou ou sobre o que realmente vivi, sinto que esse acontecimento me tornou alguém mais co...