Presente
Loni caminha pelo jardim, segurando em mãos um ratinho branco, de olhos marrons. Kai daria-se por satisfeita apenas se conseguisse tirar suas próprias conclusões, então resolveu colaborar. Está descalço e sem bandana, as mangas da blusa verde musgo de baixo arregaçadas, e a blusa de cima por fora da calça, que está dobrada acima do tornozelo. Adentra a sala, onde sua esposa o esperava sentada á mesinha da sala, murmurava algo sobre a almofada em que sentava ser fofa. Seu cabelo estava preso em um rabo se cavalo baixo mais arrumado.
-Trouxe qual?- a voz ainda era vaga e levemente falha.
Ele mostra um rato.
-Precisa testar no bichinho?-
-Posso testar em você se quiser.- provoca com um sorrisinho.
-Essas coisas podem ser item pra chá.
-Eu vou descobrir isso agora - diz com uma leve preocupação na voz.- a vovó tinha colocado um negócio parecido no meu chá. Eu tenho uma hipótese. Que pode ser 50% verdade.
Loni segura o ratinho enquanto Kai o tenta alimentar com miolo de pão contendo liquido o frasco. O rato come, e ambos esperam pessimistas que o rato asfixie e se debata até morrer. Não acontece isso, nada acontece. Loni segura pra não soltar um "ufa".
-E agora?
-Precismos botá-lo em observação!- diz Kai levemente decepcionada-Arranja um local pra colocá-lo.
Loni acaricia a cabeça do bichinho.
-Vou pensar em um nome pra ele.
A garota olha para cima.
-Chama de Koe.
-Você perde a memória mas não a lingua de faca!- anda pela casa procurando algo para o roedor.- vou pensar em um nome pro nosso filho que não seja pra ser uma provocação.
Ela olha para cima com a testa franzida.
-Nosso filho?
-Me desculpa.
-Meu filho! - diz Kai. - Eu adotei, você apenas buscou da casa de caridade.
-Você acha isso?- sussura com voz melosa para o ratinho. Kai ri.
-Fica de olho nas reações dele, paizão. Eu acho que vou me deitar- diz se apoiando na mesa, a tontura voltou. Loni suspira aliviado.
-Bom, bom, bom! Te ajudei com seus experimentos agora você vai cumprir sua parte do trato e ficar na cama, como uma boa menina.
-Eu não tenho escolha mesmo!- sorri enquanto a voz falha.
Loni entra no quarto com o ratinho e retorna de mãos vazias para pegar sua esposa no colo.
-Proxima parada: a cama que uma tartaruguinha rebelde não deveria ter deixado.
De volta a cama, ela começa a cheirar os hibiscos do vaso.
-Eu fico pensando como alguém como ele tem uma coisa tão bonita..
-Ele é bom em ter coisas que não merece.
-Eu estava procurando algo que a chave abra mas achei esses desenhos.
O príncipe retira duas folhas de dentro da blusa e as aproxima da visão de Kai: eram retratos realistas de duas pessoas: um homem que indicava ser Agiota, pelo cabelo liso de aspecto molhado penteado para trás que tinha ondulações nas pontas. Mas havia algo diferente: ele estava sem mascara, revelando a sombra de uma barba e um cavanhaque, além de sorrir timidamente. No desenho aparentava usar um enorme cachecol que puxava para revelar seu rosto. Porém o desenho mais curioso foi o da mulher, que não era feia, na verdade, conclui que era ridiculamente linda, uma joia: em cima de um esguio pescoço, havia um rosto fino de uma mulher bom uma bela boca em formato de coração, sorrindo discretamente, cabelo liso e longo repartido na lateral esquerda, olhos delineados de preto marcante. Em uma das suas sobrancelhas, haviam dois riscos. Tinha um nariz levemente arrebitado. No pescoço da moça, curiosamente estava escrito: Meu.
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A Charada Do Omicron: A Colecionadora De Conchas
FantasyE se em um dia fatídico você acordasse em um local estranho com o corpo repleto de hematomas? E se não reconhecesse as pessoas que ama? E se para completar, percebesse que quanto mais sabe sobre sua vida, menos queria saber enquanto se descobre com...