Velejam há algumas horas na balsa. Kai limita-se a ler seus escritos. Sua letra não está das melhores ultimamente. Pequena e espremida. Continua de onde parou:
Tudo que sei do O em minha coxa é pouco. Especulo apenas que possa ser Omicron. Correspondente grego do O assim como Ómega. O primeiro todavia, não regista valor, é igual a zero. Zero seria o quê? Considero a hipótese de se relacionar com a minha faixa etária, afinal se tenho isso desde sempre significa que ganhei no meu nascimento (avá.) aos zero anos e conforme envelhecesse também se alteraria o estigma. Loni diz que...
Novamente, tem dificuldade para ler. Espreme os olhos e esforça o cérebro. Nada. Guarda-os novamente, dobrados no bolso interno. Olha pro lado e dá para trás, se arrastando no banco em um impulso.
-Há quanto tempo está aí?
-Vinte minutos.- diz Loni sorrindo.- é que você fica bonita lendo. Você cresce e comprime os olhos e eu amo os seus olhos.- ele a abraça.- me dá vontade de te beijar muito enquanto lê.
Kai solta uma risadinha.
-Senti muito a sua falta. - diz Kai se deitando em seu colo. Ela beija sua coxa e Loni esfrega a lateral do seu corpo.
-Eu não descobri nada.
-Talvez não haja o que ser descoberto.- diz Loni agora acariciando seu cabelo.- não entendi, o que te levou a essa busca incessante por isso?
-É evidente que...- ela para pra pensar. Sim há um motivo, mas não, ela não se recorda de qual seja. Grunhe e sopra. Forma uma fumaça espessa. Estão perto. Ela se levanta e vai para uma das bordas da barca.
-Charmin doce Charmin. Quem sabe seu frio refresque minha mente!- ela vira-se. O vento faz alguns fiapos se bagunçarem. - Droga, por que não trouxemos Luci com a gente?! Ela explicaria o que quiséssemos. Principalmente sobre o Hans!
-Nós faremos isso na volta!- ele diz. - Enfim, você ao menos se lembra o que aconteceu?
Ela negou com a cabeça.
-Apenas da luta com aqueles dois.
Quando desembarcam, Kai levita a sua pequena bagagem.
-O que tem aí?
-O suficiente para a estadia.- Interrompe Francis.- Eu providenciarei vestimentas adequadas a sua esposa e a vossa alteza. Mas era necessário que trouxesse os itens de experimento.
Eles descem até o porto. Era frio e nebuloso, bem mais que a ilha. Haviam vários lirens na doca. Começa a sentir falta da agradável Grennavalle.
Andam em fila, Scarlett vai ao lado de Kai, com os olhos azuis, à frente vai a professora e atrás, Loni. O professor ficou com o fóssil em casa. Ela levava Alcaçuz também, a muito contragosto da preceptora, mas já havia ficado longe demais do seu gatinho. Ele se encolhia na sua cestinha.
-Ei, Kai.- diz Scarlett.- o que é isso?
-Ah.- diz percebendo os olhares ao seu colar de ametista.- o Loni me deu de presente de casamento.
-Com que dinheiro?- pergunta Scarlett virando se para o príncipe que franze o cenho.- foi nisso que gastou o dinheiro na estadia para se esconder da Imperatriz?
-Tive uma ajudinha do Jacob, não se preocupe. Os bellas são cooperativos entre si.
-Eu sei que são entre si. Não insinuei nada. - diz Scarlett vagamente.
-Bem parece que não aprendeu a se comunicar direito pois eu entendi outra coisa.
-Silêncio!- Sra Kelvin os corta.- estarão chamando atenção com suas picuinhas.
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A Charada Do Omicron: A Colecionadora De Conchas
FantasyE se em um dia fatídico você acordasse em um local estranho com o corpo repleto de hematomas? E se não reconhecesse as pessoas que ama? E se para completar, percebesse que quanto mais sabe sobre sua vida, menos queria saber enquanto se descobre com...