Segredos inglórios

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No jardim, no centro do labirinto, há duas crianças brincando, um menino e uma menina com os mesmos cabelinhos loiros e olhinhos azuis ciano, ambos em roupagem nobre infantil. Especificamente Loni e sua irmã quinze minutos mais nova, Naru. Ela testa a elasticidade do seu arco enquanto olha para o irmão que deixou sua abada de madeira no chão, engolindo as rosas negras.

-Dá para você parar de comer as flores? Eu já disse que elas não tem gosto.- diz a menina.

-Tem razão. É até irónico a Regina comer.- ele olha pra cima cuspindo as pétalas - aonde você arranjou esse arco?

-Eu fiz ele.

De repente ela sente um arrepio e faz sua expressão de medo, balançando a cabeça repetidamente.

-Você tá bem?

-Ate mais, irmãozinho - ela corre para labirinto.

-Aonde você vai?- pergunta o garoto que solta um gritinho de susto apos sentir uma mão palida em seu ombro.

-Loni!- diz a mulher o abraçando por trás. Ele contempla a esquis figura alta em um capuz negro que cobria seu corpo, com o rosto coberto por uma mascara teatral de madeira branca com ornamentaçao como de cisne.

-Ah, você - ele sorri genuinamente.- Regina.

-Olá raio de sol, como tem passado?

-Bem, bem.

-Bom, bom - apesar de seu rosto mascarado, dava para ver que estava alegre - Cadê a sua irmã?

Ele faz que não com a cabeça, para indicar que não sabia. Ela dá de ombros e senta-se no chão.

-Eu estou com fome, você está com fome? Quer dizer, quando não come minhas rosas.

-Que gosto elas têm para a senhora?

A mulher ri.

-Gosto de rosa, Loni.

Ela entrega um bolinho grande com glacê amarelo para o garoto.

O principezinho morde sente algo estranho no meio do bolo, algo carnudo e com gosto de sangue.

-Não se preocupe Loni, é apenas o seu pai.

Ele cospe o bolo, e tenta se afastar. Como que desaprendesse a andar, cai no chão.

Ela coloca as mãos em torno do pescoço de Loni, tentando o estrangular.

-Por que você não diz aonde esta a idiota da sua irmã?

-Não...- ele tenta falar.

-Onde ela está?!- a mulher grita enquanto sufoca a criança.

-Não pode se esconder de mim, Loni, nem você nem a sua colecionadora de conchas!

Ele começa a gritar estridentemente, em uma voz não mais tão fina ou infantil.

-Ei! Ei calma.- Diz Kirshy - quer que os impeliais nos locarizem?

O príncipe olha para as suas mãos tremelicantes e em volta: não é uma criança e não está no colo da WormDamme, está no túnel escuro onde pararam para descansar. Loni esfrega sua própria garganta como se estivesse a lavando, engolindo o choro. Sente a testa fria e um arrepio percorrendo a sua espinha.

-O que houve?

-Sonhei com um fantasma.- sorri cansadamente. - não foi nada. O que descobriu?

-Bem, pelo que o musgo me contou, Bettany não esteve por essas bandas. E é espelto, afinal essa área é cheia dos lebeldes calmesianos. Ela não pode estar na parte periférica da cidade também.

A Charada Do Omicron: A Colecionadora De ConchasOnde histórias criam vida. Descubra agora