O Desastre

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A estátua está em um andar inferior, um pátio de pedra escuro, com a aparência de inóspito com várias decorações pedregosas: homens corujas, um chafariz no centro que parece cospir o musgo que o cerca. Voltando a estátua em questão, ela está de braços abertos, olhar destemido e sério. Os cabelos curtos e lisos, vestindo uma blusa com as mangas rasgadas. É uma figura audaciosa, mas não solitária, afinal, uma triste amante desiludida chora para ela.

-Meu amigo querido. - diz Luci a abraçando.- acho que só você pode me confortar na minha prisão.

-Sabe aquele homem que eu te falei? Eu terei de matá-lo.

Ela tem esperança que aquela enorme pedra possa ouvi-la.

-Eu acho que você não aprovava mesmo!

Ela sente aquele arrepio em seu pescoço. Suspira e vai logo correndo dali em direção as escadarias de pedra. A porta está dificil de abrir. Isso não é bom. Ela empurra com força até que a porta se abre abruptamente, a fazendo cair no chão. Levanta-se com apoio das mãos e olha para o lado: o seu mestre está lá, que sorri cinicamente.

-Olá, Luci.

-Isso não tem graça.

-Tem um pouco quando não se torna dramático. - estende a mão inutilmente, afinal ela termina de se levantar sozinha.

Eles andam para leste do corredor. Luci se surpreende que ele não falou algo sobre ela estar no pátio abandonado com a estátua. Chegam à uma sala muito bonita com estátuas de pedra decorando o local. Há um carpete vermelho que está abaixo algumas almofadas. Há uma bandeja de quartzo branco com um espelho plano do mesmo material.

-Lindo, não é?

Ela faz que sim.

-Eu lhe darei as ordens: você só tem - ele pega um frasco de liquido azul e entrega a Luci, fazendo-a apertá-lo. - que trazê-la para mim. Quando a capturar e terminar seu trabalho, me contate. Irei abrir outro portal.

-Sim, mestre. Mas... A gente não teria que ir á Bellaturia?

-É óbvio que não vamos justamente onde a Imperatriz está, ela quer a Michaella também.
Farei o portal da nossa casinha em Grennavalle. Você é assustadoramente lerda pra alguém tão astuta.

-Queira me perdoar.

Seu cachorro.

-Eu te perdoo, cachorrinho.- ele a acairicia seu cabelo. - até porque, você vai testá-lo para mim. Aponta para o portal. - sabe? Portais são muito difíceis de fazer sem a maga da energia pra me ajudar e são muito voláteis para alguém tão frágil como eu. É só ida e volta.

Ela olha para o espelho de vidro. Hans percebe a expressão de medo em seu rosto.

-Está com medo, cachorrinho?

Ela humilhantemente faz que sim e ele ri.

-Eu ordeno que você entre nesse portal.

Ela tenta hesitar mas os soluções fortes e doloridos começam e eles param quando ela começa a andar lentamente até ele. Agacha-se e o toca. O portal era como algo denso e viscoso e suas mãos afundam dentro dele. Até que ela toma coragem e mergulha dentro. A sensação de se estar dentro de um monnte de uma grande geleia continua. La debtro é um grande branco e não tem ar. Quando ela percebe isso ela tenta voltar para cima mas lembra-se que será pior. Ela o nada avidamente, mesmo que seus movimentos pareçam ser impedidos pela atmosfera do portal, até chegar a uma aérea que começa a escurecer. E, conforme o nada fica mais escuro e molhado. A sensação passa a ser de nadar em água, pode se ouvir até os barulhos típicos que quem está submeso e de repente, parou de nadar para baixo, e começa a nadar para cima sem que ela voluntariamente mudasse de direção. Alcança uma luz fraca até que sai finalmente respirando desesperada. Vê a luz da lua coberta pelas árvores que não acabavam mais. Ela percebe-se no meio de um rio, e começa a nadar para a margem, debruçando se sobre ela ofegante para depois subir, andando quadrúpede pela grama. Ela seca seu rosto com uma das mãos e se permite deitar de costas. Retira suas duas katanas da bainha e as deita ao seu lado. Ouve as melodias de um cristal em sua bolsa nas costas suspensa por uma alça e o recolhe, logo tocando suas pontas com os dois indicadores.

A Charada Do Omicron: A Colecionadora De ConchasOnde histórias criam vida. Descubra agora