XXVI

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"So God sends girls like you for guys like me

Thank God there's girls like you for guys like me"

Guys Like Me - Eric Church

— Ele disse que vocês deveriam dormir lá? — Betty pergunta pela terceira vez. Ela está atrás do balcão, eu e Emma estamos sentadas do outro lado. No mínimo uns três clientes estão nos encarando com ódio tentando entender por que a bartender/dona do bar decidiu ignorá-los para conversar com as amigas.

— Não sei. Quer dizer, mais ou menos. Ele disse que podemos, um dia, viver lá.

— Você entende como isso é importante?

— Eu nem sei se ele estava falando sério. Se ele realmente quer isso ou se foi só uma coisa de momento.

— Tipo quando você vai desligar o telefone com alguém e em vez de falar "obrigado" diz "eu te amo"? — Emma sugere.

— É, tipo isso. — Nem um pouco.

— Stella, isso significa muito. Meu irmão não entra naquele quarto desde que a Harper morreu. Se ele está disposto a esvaziar o quarto e viver lá com você é por que ele finalmente superou.

— Não é tão simples assim — rebato.

Não posso dizer que entendo Graham. Não sei o que é perder alguém que você ama muito. Mas posso imaginar. Isso não é algo que você supera como se estivesse virando uma página. Eu entendo que é um processo e que Harper sempre vai ocupar um lugar especial dentro do coração de Graham. A única coisa que eu quero, é que tenha espaço para mim também.

— Eu sei. Mas significa algo, você não pode ignorar isso. — Betty finalmente decide atender os clientes insatisfeitos e deixa Emma e eu com nossos copos recém enchidos.

— Está tudo bem se você ainda não estiver pronta para isso — Emma diz.

— Eu? — Como é possível que eu não esteja pronta?

— Você não percebe, Stella, mas você estava numa relação abusiva com aquele metido. Isso não é um laço que simplesmente se corta de um dia para o outro. — Ela desvia o olhar de mim para a porta. — Falando no diabo.

Eu me viro para confirmar, mas sei que Patrick está atrás de mim antes de vê-lo. Sinto sua presença como um arrepio.

— Oi, querida — ele me cumprimenta. Ignora completamente a presença de Emma ao meu lado quando se senta na banqueta vazia.

— Patrick — consigo dizer. Estou um pouco em choque, quase paralisada.

— Eu senti sua falta, querida. — Ele coloca a mão na minha nuca, como costumava fazer para me beijar, mas consigo virar o rosto. — Ainda brava comigo?

— Eu não estou brava — digo.

— Bom, por que temos negócios para discutir.

— Eu não consigo assistir isso sem vomitar — Emma sussurra ao se levantar. — Vou estar com a Betty, qualquer coisa me chame, Stella. — Patrick ignora sua saída como tinha ignorado sua presença.

— Sobre o que você quer conversar — pergunto.

— Como está o processo? Já começou? Eu tenho um pouco de pressa nessa aquisição, querida. — Ele passa a mão pelo meu cabelo, como se eu fosse um cachorro, em uma forma de carinho esquisita.

— Não vai ter processo nenhum, Patrick.

— O quê? — ele parece se divertir.

— Os irmãos mudaram de ideia, não querem mais vender a propriedade — minto.

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