XIV

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"I'm sorry, but I'm just a girl

Not usually the kind to show my heart to the world

I'm pretty good at keeping it together

I hold my composure, for worse or for better"

Cry Pretty - Carrie Underwood

— O que foi aquilo, Stella? — Graham pergunta. Ele me deixou ficar em silêncio durante todo o caminho, o que eu aprecio. Mas agora estamos sozinhos em sua cabana e é claro que ele quer uma explicação, não posso nem julgá-lo.

— Não foi nada — minto. Acontece que eu não tenho uma explicação para dar. — Só estava me sentindo mal, mas estou melhor agora. — Tento me sentar em seu colo para beijá-lo até ele esquecer esse assunto, mas Graham desvia de mim.

— Você está mentindo — acusa. — Eu vi, claramente, o pânico em seu olhar quando aquele engravatado entrou no bar. Quem é aquele homem, Stella?

— Ninguém, Graham — desconverso. Deus, por que ele não pode somente esquecer isso? Deixar para lá.

— Ele claramente não era ninguém. Você o reconheceu, Stella. Seu rosto todo ficou branco e eu vi o medo em seus olhos. Aquele homem te fez algum mal? Ele te machucou, princesa? — Isso quebra meu coração. Que ele esteja tão preocupado comigo e com o meu bem estar. — Não fique com medo. — Me puxa para seus braços. — Se ele te machucou, eu prometo que nunca mais vou deixar que ele chegue perto de você.

— Não — eu choro. Me desfaço em seus braços. Sou uma pessoa horrível. — Não é nada disso.

— Me conte o que é então. — Ele limpa minhas lágrimas. — O que quer que seja, podemos conversar.

— Não é nada — minto outra vez. — É só um cara que eu achei que conhecesse, mas não conheço.

Ele percebe que não estou sendo verdadeira e se fecha. Perco aquela conexão. Algo tão raro. Tenho vontade de socar o meu próprio rosto.

— Certo — ele diz, encerrando o assunto. Me ajeito em seu colo, começo a beijar seu pescoço, desesperada para reencontrar aquele intimidade.

Mas não adianta. Sumiu. Graham não me afasta como eu espero que faça, muito pelo contrário, ele passa a mão na minha bunda sob o jeans, como já tinha feito outras vezes. Mas algo mudou. Não tem mais aquela faísca que Betty tinha comentado mais cedo. Graham está me tratando como trata Sara Jo. Alheio. Ele vai transar comigo e tenho certeza que vou me divertir, porque, bom, ele é gostoso, tem um pau maravilhoso, mas isso é tudo que vai ser. Sexo sem nenhuma afeição.

E a culpa é minha. Eu o afastei.

Me levanto do seu colo.

— Sinto muito — peço. — Preciso ir embora.

— Certo — é tudo que ele diz, indiferente. Seguro as lágrimas até estar na cozinha, até ter certeza de que ele não pode me ver chorar.

Eu mereço isso. Mereço seu desprezo. Sou de tantas maneiras uma mulher quebrada e estava me iludindo pensando que algum dia eu poderia ser algo diferente disso. Talvez o melhor para mim seja mesmo achar Patrick e ir embora logo desse lugar. Ele sempre dizia que era o único homem que poderia me amar, e ele estava certo.

Subo as escadas, decidida a fazer minhas malas e ir encontrar meu noivo, mas esbarro com Cal me esperando. Ela está segurando a caixa já desembrulhada. Vejo o pequeno chapéu rosa e as galochas cobertas de pedrinhas de brilhante em suas pequenas mãozinhas. A garota abre o maior sorriso que já vi em um bom tempo, mas antes de começar a me agradecer percebe as lágrimas em meu rosto e fica triste também.

Enlaçada por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora