XX

3.8K 416 8
                                    

"I got a heart that don't beat without ya

Get so jealous when you ain't by my side

I know it's selfish, but I need you tonight"

Make out with me - Maren Morris

A dor no corpo é a primeira coisa que eu sinto ao acordar. Talvez dormir sob o feno não seja uma ideia tão maravilhosa como tinha me parecido ontem a noite. Cowboy vem correndo até mim para lamber o meu rosto.

— Oi, pequeno — cumprimento. — Você acordou cedo, hein?

Não faço ideia da hora, meu celular está desligado devido a noite sem carregador, mas vejo os primeiros raios de sol aparecendo. É cedo. Pego o Cowboy em meu colo, balanço as minhas roupas para parecer menos com alguém que dormiu em um celeiro e faço meu caminho até o casarão.

— Uau, alguém levantou cedo hoje — Betty comenta. Ela provavelmente já está de pé a algum tempo, preparando o café da manhã. — Ah, então esse é o pequeno Cowboy?

Ela mexe com a bolinha de pelos em meu colo, que abana seu rabinho comprido todo feliz.

— Você já sabe?

— Sim, Graham me contou ontem a noite quando eu cheguei.

— Ele contou?

Antes de poder me responder, Betty espirra, como se algo tivesse entrado em seu nariz. Ela se afasta de nós e dá mais um ou outro espirro antes de se recuperar.

— Claro. Foi uma atitude bem bonita sua. — Se distrai novamente com as panelas, mas aquilo fica martelando na minha cabeça. Graham achava que era uma atitude bonita? O que poderia tê-lo feito mudar de ideia?

— Graham disse isso? — confirmo. — Que foi uma bonita atitude minha?

— Ahn, Stella, você está bem? — Ela ri. — Meu irmão não gosta de ter cachorros, mas ele não tem nada contra resgatá-los. É claro que ele acha que é uma atitude bonita você ter resgatado esse pequenininho e se disposto a levá-lo para o abrigo da cidade. Ele merece ter uma família feliz, não é, pequeno?

Abrigo da cidade. É claro. Graham não tinha mudado de ideia coisa nenhuma. Pelo contrário. O filho da mãe disse a Betty que eu levaria o cachorro a um abrigo, como eu poderia explicar a real situação agora? Filho de uma mãe.

— Claro — concordo. Coloco o pequeno no chão e deixo ele explorar o lugar, durante suas últimas horas aqui. — Vou levá-lo ao abrigo hoje a tarde.

— Ahn, se eu fosse você, faria isso agora pela manhã. Temos um compromisso a tarde.

— Temos?

— Ah, Graham, que bom que você chegou! Como você pode não ter contado a Stella nossos compromissos de hoje?

Ele deixa sua botas sujas junto à porta da cozinha e calça tênis limpos, calmamente.

— Acho que me esqueci.

— Homens — Betty revira os olhos. — Stella, hoje é dia de rodeio.

— Rodeio?

— É, você sabe, com cavalos, touros, e cowboys metidos a besta como meu irmãozinho. Vocês não tinham isso em Colorado?

— Nós tínhamos.

— Então, você consegue adivinhar em qual categoria meu irmãozinho vai competir?

— Betty... — Ele reclama. Mas eu não preciso olhar para Graham para responder.

— Touro.

— Exatamente! Todo anos nós damos uma festa no bar, para garantir a Graham que ele vai conseguir os oito segundos — ela conta. — Nunca falha. Esse ano, você é a nossa convidada de honra.

Enlaçada por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora