"Sometimes that mountain you've been climbing
Is just a grain of sand
What you've been out there searchin for forever
Is in your hands
Oh, When you figure out love is all that matters after all
It sure makes everything else
Seem so small"
So Small - Carrie Underwood
— Eu sei que você e Graham estão tendo algo — Aaron comenta, naturalmente, como se fossemos amigos. — Alguma vez você teve dúvidas sobre o que estamos fazendo? Já pensou em desistir?
— Ahn... — enrolo. — É complicado.
— É, é mesmo — ele confirma. — Mas no fim, vai valer a pena toda essa confusão.
— Vai?
— Claro. Ao menos para mim, quando seu namoradinho Patrick me der a minha parte.
Não respondo. Não tenho como responder aquelas palavras. Não faço ideia do que elas significam. Que tipo de acordo Patrick e Aaron podem ter? Por que Patrick daria algo a Aaron? Nada disso faz sentido.
Não sei muito bem quanto tempo se passa. Depois de alguns minutos, Aaron percebe que eu serei uma péssima companhia e me deixa sozinha no balcão. Somos apenas eu e minha latinha de refrigerante escutando música country em um bar cheio de pessoas festejando.
Mas estou alheia a todas elas. Só quero ficar ali, olhando para o nada, pensando em nada. Curtindo minha própria tristeza. E faço isso pelo que parece ser muito tempo.
— Stella! — escuto um gritinho fino de longe. Antes que eu possa sair do meu transe, Calamity bate com tudo em minhas pernas e puxa meu braços me arrastando pelo bar e porta a fora.
— Cal, você vai me derrubar — reclamo, mas ela ignora, apenas continua me puxando pelas ruas cheias da cidade. — Calamity, o que houve?
— Tio Graham — ela diz. — Ele caiu.
Eu paro de me mexer um segundo enquanto absorvo aquelas palavras. Ele caiu, significa que Graham caiu do touro que ele estava montado. Um animal imenso e pesado com muita raiva.
— Nós precisamos correr, Stella. — Cal volta a me puxar. Dessa vez eu corro mais.
— Ele está bem?
— Ele está sendo atendido na ambulância fora da arena — explica. — Se nós corrermos você pode vê-lo.
Isso é suficiente para me fazer pegar Cal em meu colo e correr mais do que suas pernas curtas poderiam acompanhar. Deixo ela me guiar pelo caminho. Quando chegamos ao lado de fora de onde imagino que o evento esteja acontecendo, vejo várias ambulâncias. Reconheço a certa quando vejo Betty aflita parada ao lado de uma. Passo sua filha para seus braços quando a alcanço.
Não paro para falar com ninguém mais, sigo até a traseira da ambulância onde uma das portas está aberta. Vejo um paramédico sentado ali, mas não consigo dar uma boa olhada em Graham.
— Você quer entrar? — o homem pergunta depois de me assistir encarar a ambulância de longe por um tempo.
— Posso?
— Claro. — Ele pula para fora e estende a mão para me ajudar a subir.
— Obrigada.
Quando estou dentro, a primeira coisa que eu faço é soltar o ar. Respirar bem fundo de alívio ao ver Graham sentado na maca, com os olhos abertos. Isso tem que ser um bom sinal.
— Stella — ele chama e me estende a mão. — Venha aqui.
Eu choro. Choro descaradamente enquanto me sento no banco ao lado dele, deixo ele me puxar para perto e me abraçar enquanto choro em seu peito.
— Está tudo bem, princesa, por que você está chorando?
— Cal me disse que você caiu, Graham, e que eu precisava vir para cá correndo. Eu achei... achei que você tivesse...
— Princesa, minha sobrinha enganou você, eu mal me machuquei. Foi no máximo uma ou outra costela quebrada. Eu estou bem. — Eu olho para ele, mas percebo que não está brincando.
— Eu tive tanto medo — admito. — Se algo acontecesse... eu... nós mal nos falamos hoje.
— Eu entendo — diz. Me lembro que ninguém mais do que ele sabe o que é perder alguém que amamos. — Mas não se preocupe, eu estou bem. — Ele beija o nó dos meus dedos, depois a palma da minha mão, com carinho. — E sinto muito por termos brigado. Você estava certa.
— Estava? — Quer dizer, eu sei que estava, mas me surpreende ouvi-lo dizer.
— Claro. Eu tenho vivido com medo, por muito tempo. E tenho descontado isso em todos ao meu redor.
— Você tem direito de se sentir assim, Graham.
— Eu sei. Mas não quero mais. Eu gosto de você, princesa. Muito. E quero dar a nós dois uma chance real.
— Graham, querido, você bateu a cabeça?
— Não, querida, não bati.
— Então o que você está dizendo?
— Que eu estou apaixonado por você, princesa.
— Você está?
— Estou.
— Apaixonado por mim?
— Apaixonado por você — ele repete, achando graça da minha confusão. — Então, princesa, você acha que o Cowboy ainda aceitaria viver com a gente?
— Você definitivamente bateu sua cabeça — confirmo. — Vou chamar o paramédico. — Tento me levantar, mas ele me segura no lugar.
— Prometo que estou bem — garante. — Mas tenho uma condição para concordar com nós adotarmos aquele saco de pulgas.
— Graham! — Bato em seu ombro, mas me arrependo quando ele franze a testa, parecendo estar com dor. — Me desculpe — peço. — Qual condição?
— Eu quero ser seu caubói favorito — diz. — Sempre.
— Você é. — Eu sorrio para ele. — Sempre.
O paramédico libera Graham alguns minutos depois, com uma faixa na altura das costelas e um remédio para dor. Ele indica descanso, mas Graham nos convence que quer ir ao bar, esperar o resto das provas. Acredito que suas palavras exatas são: "não sou um invalido". No fim eu acabo cedendo quando ele me oferece as chaves da sua caminhonete para que eu nos leve até o bar.
Dessa vez, ele faz questão de pegar uma mesa para sentar comigo e Cal. E assumo que, fico feliz ao ver o olhar no rosto de Sara Jo quando Graham passa seu braço ao redor dos meus ombros e me puxa para um beijo.
É bom. A sensação é boa. Algo que eu nunca imaginei. Que estar em um bar country, cheio de caubóis, com o mais grosseiro deles, sua irmã e sua adorável sobrinha em uma sexta-feira à noite fosse se tornar a minha melhor ideia de diversão. Logo eu, que costuma passar as noites de sexta-feira em vestidos longos e saltos altos acompanhando Patrick em seus eventos chiques. Mas ao longo do caminho, algo tinha mudado. E aquela Stella já não existia mais. Se eu fosse ser realmente sincera, eu gostava bem mais dessa nova versão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enlaçada por você
RomanceNem tudo o que vemos, é o que parece ser. Quando Stella Cabot aparece na pequena cidade do Texas com seu terno sob medida e saltos altos, Graham Wilson tem certeza que ela é só mais uma patricinha mimada que quer comprar as terras de sua família. E...