III

4.9K 504 38
                                    

"He can't be what you're lookin' for

He's got a half-assed smile and fake southern drawl

He's dressed up like the Marlboro man

He's never backed in a box or dropped in a chute

And he's never rode for a brand"

He Ain't a Cowboy - Casey Donahew

A ideia de se comportar e ser inofensivo claramente significa coisas muito diferentes para mim e para o resto das pessoas do Texas. Graham tinha me ignorado por todo o caminho de volta até o rancho, só para me insultar quando abriu a porta do casarão e eu pedi a ele que me ajudasse com as malas. "Não sou seu mordomo, princesa", foram suas exatas palavras.

— Esquece, eu mesma levo — reclamo. Não espero nem ele sair do caminho para passar com as rodinhas sobre suas botas de vaqueiro. Ridículo.

Quando finalmente consigo subir as duas malas para o segundo andar do casarão antigo de madeira percebo que Elizabeth não me disse em qual quarto eu posso ficar. E não quero correr o risco de colocar minhas coisas no quarto do seu irmão mal educado. Merda. Encontro-o tranquilamente tomando uma cerveja na cozinha.

— Olha, eu acho que nós claramente não começamos com pé direito — digo. Estou disposta a estender uma bandeira branca aqui. — Sua irmã me disse que você não quer vender esse lugar e eu respeito isso. A única razão pela qual eu estou aqui é por que ela aceitou negociar conosco. Não quero atrapalhar e nem incomodar você.

— Eu te disse, princesa, não vamos vender o rancho.

— Entendo isso. Mas esse lugar me parece bem grande, deve te dar muito trabalho. E sua irmã tem o bar, ela quer continuar cuidando daquele lugar, não deve sobrar muito tempo para ajudar aqui.

— E? Você está tentando me pedir um emprego? Por que eu não acho que você e seus sapatos se dariam muito bem por aqui.

— Não. — Eu sorrio para ele. — Só estou dizendo que eu não sou a vilã aqui. Só estou aqui para fazer uma proposta. Podemos ser educados um com o outro. Você é Graham Wilson, certo? — Estendo minha mão para ele. — Stella Cabot.

— Eu não me importo com quanto dinheiro você esteja oferecendo, princesa. — Minha mão fica ali, estendida, esperando um cumprimento que nunca vira. — Você pode voltar para Nova York, Califórnia, ou qualquer outro buraco de que você tenha saído e enfiar esse dinheiro todo na sua...

— Tio G! — Um grito de criança atrapalha o xingamento. Mas eu posso adivinhar muito bem onde ele quer que eu enfie o dinheiro.

Elizabeth tinha razão sobre sua filha. No momento que eu a vejo sei quem a criança entrando na cozinha é. Ela é pequena, parece ter cinco ou seis anos. Tem cabelos pretos e a pele muito branca. Olhos mais verdes que o da mãe e algumas sardinhas na bochecha. Está usando um vestidinho rosa com um monte de tule. É a coisa mais fofa que eu já vi.

— Quem é você? — ela me pergunta. Fico só um pouco orgulhosa quando percebo que ela ignora completamente a presença do tio babaca enquanto tenta decifrar quem é a estranha em sua cozinha.

— Stella Reed Cabot. — Ofereço a ela a mão que eu tinha estendido. Ela aceita e envolve minha mão com seus dedinhos finos.

— Calamity Jane Wilson, mas as pessoas me chamam de Cal.

— Como a Calamity Jane das histórias de velho oeste?

— Sim, você conhece ela? — Seu rosto se ilumina como se eu tivesse dito a ela que sou o próprio papai noel.

Enlaçada por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora