Meu Chefe E Eu

Capítulo 07

Entro no meu apartamento e praticamente me jogo na porta. Anne me olha preocupada.

— O que aconteceu Julie? — caminha em minha direção.

— Collins e eu nos beijamos — ela arregala os olhos e no mesmo momento pula demonstrando felicidade.

— Ah Julie — me puxa até ao sofá onde ela se encontrava — Me conta tudo — ordena.

Conto tudo exactamente como aconteceu e é impossível não sentir novamente a sensação de ter a língua do Collins junto a minha.

— Você já está apaixonadinha!

— Cala boca, ele beija bem, só isso — ela parece nem ouvir minha justificação.

— Não me diga que você saiu correndo! — minha amiga me conhece muito bem.

— Ele é meu chefe Anne — tento me defender.

— Julie, você com certeza desperdiçou o maior e melhor orgasmo da sua vida — reviro os olhos.

— Cala boca, preciso de um banho — me levanto e ela me acompanha com o olhar enquanto ostenta seu sorriso debochado.

No banheiro tomo um frio e longo banho, meu corpo se arrepia só de lembrar dos lábios do Collins, seu toque, seus olhos...

•••

O final de semana passou mais rápido do que eu desejava e tenho que encarar o Collins novamente, e até agora não sei com que cara o fazer.

Caminho distraída em direcção ao elevador quando alguém, chamando meu nome, me impede de continuar. Me viro vendo Sebastian que caminha em passos largos em minha direcção, forço um sorriso sabendo que com certeza ele irá me encher de perguntas sobre nosso último "encontro".

— Oi Sebastian.

— Julie, tudo bem? — assinto e o vejo sorrindo largamente — Eu também.

— Que bom — digo olhando para os lados.

— Desculpa a indiscrição, mas você e o meu irmão...?

— Eu já disse que não Sebastian, naquele dia eu estava apenas levando alguns documentos para ele.

— Eu sei que você está mentindo — arregalo os olhos — Mas não se preocupe, eu respeito, você não tem a obrigação de me falar sobre assuntos pessoais se não quiser — assinto — Só quero que saiba que eu faço muito gosto de vocês dois juntos — o encaro sem entender — Digo, eu sinto que você seria capaz de despertar um sentimento bom no meu irmão, você seria capaz de fazer ele se apaixonar — engulo em seco.

— Se...Sebastian, você está criando coisas onde não há, Collins é apenas meu chefe — ele sorri.

— Ele também diz que você é apenas sua secretária, mas já notei os olhares entre ambos e é muito mais que isso.

Abro a boca e fecho sem encontrar as palavras certas, Sebastian sorri e se afasta após me desejar um bom dia, apenas assinto e continuo parada sem saber o que pensar!

Será que ele está certo?
Sacudo a cabeça com a intenção de espantar tais pensamentos e continuo em direcção ao meu posto, não seria justo me atrasar já estando aqui.

•••

O dia foi tranquilo, porém acabei saindo um pouco mais tarde que o normal. Nenhuma palavra foi dita sobre o beijo, mas sentia os olhos do Collins sobre mim a todo momento, ele parecia analisar cada movimento meu. As poucas palavras que trocamos eram revestidas de um tom sedutor, de ambas as partes, mas não passou disso, dos olhares e palavras insinuantes.

Agora estou me arrumando para ir embora, está caindo uma tempestade e não consegui um Uber para me levar, terei que ver se consigo um táxi.

Corro pela estrada com meu casaco cobrindo minha cabeça numa tentativa falha de não me molhar. Porém, um carro se aproximando me faz parar de correr, será um maníaco?

Adrian Collins me encara com seu sorriso sedutor me fazendo suspirar aliviada. Ele me convida a entrar no seu carro. De princípio recuso, mas no final ele me convence, já está tarde e essa chuva não é uma boa companhia.

— Obrigada, não queria incomodar — digo fazendo um coque alto no meu cabelo já no interior do veículo.

— Sem problemas, eu te levo para casa — agradeço ainda admirada.

O silêncio está me deixando nervosa, sinto o seu olhar sobre mim a todo momento, mas nenhuma palavra sai da sua boca e muito menos da minha. Quando sinto seus olhos sobre as minhas coxas parcialmente expostas devida a minha saia desajeitada, decido me pronunciar.

— Não devia olhar nessa direcção — digo num tom calmo. Sua risada me faz olhá-lo.

— Porquê Clark? Você tem namorado? — sou pega de surpresa por sua questão, ele olha para a estrada e eu nego com a cabeça.

— Não, não tenho namorado.

— Então? Nada me impede — ele é muito convencido.

Nesse momento noto que ele está fazendo o trajecto para minha casa sem pedir ajuda, e me questiono, como ele sabe?

Sei que no meu currículo está disponível o meu endereço, mas Adrian Collins não me parece o tipo de homem que olha para esses detalhes. Mesmo se olhasse, não lembraria de algo tão sem importância.

— Como sabe onde eu moro?

— Costumo saber tudo sobre as coisas que me interessam — engulo em seco — Você é minha secretária, certo?

Me lança um olhar pelo canto do olho acompanhado por seu sorriso cafajeste, ele é mesmo bom nisso, está sempre um passo à frente. Mas talvez um dia eu mude isso, Collins, um dia.

O resto do caminho é feito em silêncio, Collins dirige com atenção, afinal, a tempestade permanece forte. Mas graças a Deus depois de um tempo chegamos finalmente ao meu prédio. Agradeço de forma sincera pela gentileza e ele me responde com um sorriso simpático... pela primeira vez ... sempre que ele sorri para mim, ou é de forma sedutora ou é com deboche.

Agradeço por estar chovendo, não preciso o convidar para entrar, então me despeço e desço do carro. Correndo, entro no prédio. Finalmente em casa.

Anne me enche de perguntas sobre o facto do Collins ter me trazido, definitivamente ela está convicta que poderá acontecer algo entre Collins e eu.