Capítulo 15

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Adrian

— Clark — digo em forma de despedida a ela que sorri e se afasta indo em direcção ao seu prédio. Sorrio e volto ao carro onde ordeno ao motorista que dirija, agora, em direcção ao meu apartamento.

E assim acontece. Durante o caminho me pego pensando na minha secretária atrevida e surpreendentemente encantadora, bonita e atraente. Nunca pensei em me ver envolvido como estou me envolvendo com esta mulher. Já tive casos sexuais, mas nunca me peguei pensando neles como estou fazendo agora. Ela parece ter algo diferente, algo que nunca consegui encontrar numa mulher antes. Além do seu atrevimento e seu sorriso lindo, Julie é uma mulher que parece frágil por fora, mas que sinto que esconde uma força enorme por dentro.

Suspiro e lembro do seu primeiro dia na empresa, após ter que dispensar minha secretária por incompetência, abrimos uma vaga de emprego e às pressas contratamos uma jovem de vinte e três anos sem muita experiência, e o que ela faz? Se atrasa no primeiro dia. Me enfureci na hora, estava pronto para demiti-la, mas, quando aquele elevador se abriu e revelou aquela mulher todas as palavras que treinei na minha cabeça desapareceram e um arrepio percorreu todo meu corpo. Naquele momento tive a certeza que eu não só queria aquela mulher na minha cama, mas que ela seria um grande problema na minha vida e eu estava certo. Quando finalmente consegui tê-la pensei que aquele desejo que já vinha me queimando desapareceria, que eu finalmente poderia voltar a viver minha vida normalmente sem ocupar minha mente com mulheres, ou melhor, uma mulher em específico, Julie Clark.

Fiquei frustrado quando acordei e não a encontrei do meu lado. Me senti decepcionado. Logo eu que nunca queria ver as caras das mulheres com quem dormia no dia seguinte.

Tentei ignorá-la, me afastar, para ver se a esquecia, mas parecia piorar. A sensação de não querer que outro homem a toque, a sensação de querer tê-la na minha cama sempre, a sensação de querer beijá-la como se não houvesse amanhã me dominaram. Se eu acreditasse nisso, diria que Julie me enfeitiçou. — Chegamos senhor — avisa o homem me fazendo sacudir a cabeça e perceber que estou viajando demais.

— Obrigado — desço do carro e entro no prédio onde aceno para algumas pessoas que me cumprimentam. Sei que todos fazem isso por eu ser o Adrian Collins, por minhas posses e pelo status, no fundo essas pessoas não ligariam se eu não tivesse tudo isso.

Quando estou entrando no apartamento meu celular que está no bolso da calça apita indicando a chegada de uma nova mensagem. Pego no mesmo e abro a mensagem da minha mãe.

"Boa noite querido, tudo bem? Seu pai quer que venha jantar com a gente no final de semana."

Reviro os olhos, o que será que ele quer?

Meu pai e eu nunca nos demos bem, ele sempre me humilhou, sempre preferiu meu irmão, sempre fez de tudo para tentar provar que eu não era bom o suficiente, porém hoje em dia eu percebo que esse era o motivo, ele sempre soube que eu sou muito bom, o melhor!

A nossa empresa era apenas mais uma dentre várias, mas depois que eu assumi, controlamos o mercado sem nenhuma concorrência a altura. Quanto a Sebastian, nunca o culpei. Somos irmãos e temos uma boa relação de irmãos.

Sofri muito na infância pela falta de amor do meu pai. Naquela época eu não entendia nada e achava que o problema estava comigo, que eu tinha alguma coisa que fazia meu pai não gostar de mim e sim do Sebastian que ele fazia parecer perfeito.

Talvez por isso, eu me fechei para o mundo, estudei, me dediquei, e quando chegou a hora, assumi o negócio da família e hoje sou um dos maiores empresários do país.

Não sou ingrato e sei que devo muito a minha mãe que sempre me apoiou e sempre esteve do meu lado, em minha defesa, quando Richard Collins me atacava.

"Tudo bem mamãe, até lá"

Respondo e subo directo para o quarto, depois de um banho relaxante me jogo na cama e durmo.

•••

A semana passou rápido, para o meu azar! Foi toda resumida em relatórios da reunião no exterior e planos para o negócio lá fechado. Julie e eu trocamos alguns olhares e insinuações, mas não passou disso, mesmo havendo vontade, e sei que não só da minha parte.

Suspiro mais uma vez. Estou em frente a porta da casa dos meus pais. Não queria estar aqui, porém, sei que se não viesse passaria meses ouvindo reclamações e chatices, e isso é o que menos quero.

Quando finalmente me revisto de coragem, toco a campainha na minha frente e rapidamente uma das empregadas abre a porta me desejando uma boa noite, agradeço e retribuo entrando, na sala vejo apenas Sebastian e minha mãe.

— Filho, que bom que veio — mamãe diz e puxa-me para um abraço.

— Eu disse que viria Sra. Collins, sou um homem com palavra — brinco me afastando e aceno para meu irmão que retribui — E o estimado Sr. Collins? Onde está? Preciso voltar cedo para casa.

— Ai, Adrian, ainda com isso, quando vocês dois vão parar com esse comportamento infantil? — quando pretendo responder o som dos passos fortes invade o local me fazendo desviar o olhar e encarar Richard Collins, que com as mãos nos bolsos da sua calça e um sorriso de superioridade no rosto se aproxima.

— Não há nenhum comportamento infantil, pelo menos não da minha parte — diz com a voz dura me fazendo revirar os olhos já sentindo o nervosismo se fazer presente.

— Porque você me chamou aqui? — olho directamente em seus olhos enquanto tiro as palavras num tom frio.

— Porque eu quero que você assuma logo um relacionamento com Celine — suspiro.

— Porque não comemos primeiro e depois vocês conversam? — minha mãe sugere enquanto abraça meu braço ficando do meu lado.

— Eu quero uma resposta Adrian, agora, quero que você se case de uma vez por todas com Celine, quero que você se torne homem!

— E eu não sou homem? Tem certeza? Aquela empresa era um fracasso em suas mãos, e agora não tem concorrência que aguente, e o senhor diz que eu não sou homem? Tem certeza? Acha que para ser homem eu tenho que casar com aquela louca só porque o pai dela é um político influente?! Pois saiba que eu não preciso disso, eu levantei aquela empresa sem nenhum influente, sozinho, sem nem mesmo você do meu lado — minhas palavras carregam ódio e raiva.

— Só não se esqueça que o dono ainda sou eu, e se você me desobedecer vai estar sozinho, mas no olho da rua, fora da minha empresa e da minha vida!

— Na sua vida eu não faço questão de estar, mas a empresa, você não me tiraria — digo com a voz fraca pela primeira vez não acreditando que ele seria capaz.

— Você duvida Adrian? — depois destas palavras ele se afasta indo para onde está a mesa.

Suspiro e me viro pronto para ir embora. Sabia o que esperar quando vim para esse lugar, mas parece que ele tem sempre a capacidade de me surpreender e da pior forma possível.

— Filho, não vá embora, o jantar.... — a interrompo já próximo a porta.

— Dane-se o jantar — digo com a voz rude e saio da casa, com um nó na garganta. Sei que estou errado por descontar a raiva na minha mãe que nunca teve culpa por aquele homem ser um monstro.

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora