Capítulo 23

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Adrian

Se alguém me perguntasse há alguns meses atrás, dois, para ser mais exacto, sobre paixão, eu com certeza responderia que isso não é para mim, mas agora, me vejo completamente confuso sobre meus sentimentos, minha única certeza é que ela me faz bem.

Julie tem algo que me deixa tranquilo, algo que me faz ver o mundo e os problemas com outros olhos. Seu sorriso me faz querer sorrir, seu jeito espontâneo e sua sinceridade me fazem querer estar do seu lado a todo momento.

Enquanto estou perdido em meus pensamentos a porta da minha sala sofre leves pancadas que eu já sei muito bem de quem são, e como sempre solto um calmo e audível "entre".

Julie atravessa a porta rebolando, seu corpo está perfeito num vestido preto, comportado, mas no seu corpo parece a mais sexy peça de roupa. A cada passo que ela dá eu sorrio de lado, porém recebo uma expressão séria, mas não chateada, apenas profissional. Enquanto eu já não consigo destingir o profissional do prazer.

— Com licença, seu pai está lá fora — diz num tom calmo e no mesmo momento minha expressão muda, sinto a raiva percorrer todo meu corpo.

Quando eu pretendo dizer algo a porta da minha sala é aberta, olho para a mesma e é ele, vestindo uma calça preta, camisa branca e casaco castanho, ligeiramente mais gordo que o normal, com sua barriga saliente chamando atenção e a barba por fazer revelando seus fios grisalhos.

— Essa empresa ainda é minha queridinha, não preciso ser anunciado — enquanto diz isso, ele passeia sua mão no queixo de Julie que o encarava sem esboçar qualquer reacção.

— Tire suas mãos dela — me levanto rapidamente e voo até onde eles estão, tiro sua mão de Julie que parece não entender o que está acontecendo.

— Então essa é mais uma secretária que você está comendo? — pergunta o homem que eu não considero pai, com um sorriso provocador.

— Julie, pode se retirar por favor — ela assente como se voltasse a realidade e sai correndo, literalmente. — O que você quer? — minha questão é ignorada. Ele vai até minha cadeira se sentando logo em seguida, com um sorriso no rosto. Cerro meus punhos na hora, mas respiro fundo e o encaro.

— Você não é nada Adrian, essa empresa é minha, e mesmo estando na presidência, saiba que eu que comando e os planos eu é que traço — tagarela me fazendo revirar os olhos.

— Fala logo o que você quer!

— Eu quero que você case logo com a Celine — diz num tom alto. Lá vamos nós mais uma vez...

— Vai sonhando!

— Você decide Adrian, ou se casa com a Celine ou perde o comando da empresa — diz se levantando — Você tem um mês — diz quando passa por mim e caminha em direcção à porta — Você não é nada — ri e sai fechando a porta.

— Ahh — grito jogando um dos objectos da decoração na porta.

Você não é nada.

Eu cresci ouvindo essa droga de frase, sofri minha vida inteira com seu desprezo e ódio. Eu sinceramente não entendo e nunca entendi o porquê desse homem me odiar tanto. Eu sou seu filho, era suposto ele me amar. Eu tento, tento não me importar, não ligar para ele, fazer minha vida e ignorar esse detalhe! Mas mesmo fingindo que sou um homem bem resolvido em todas as esferas da vida, sei que isso eu ainda não superei.

Resumindo, a "visita" do meu pai acabou estragando o resto do meu dia. Peço a Julie que cancele todas minhas reuniões e fico enfurnado na minha sala até ao fim do dia.

Quando chega a hora, arrumo minhas coisas e saio, vejo Julie sentada na sua mesa concentrada na tela do computador onde lê alguma coisa, porém, por sua expressão, ela deve não estar entendendo nada, sorrio, e me aproximo chamando sua atenção.

— Ah, Adrian, você está aí?! — ela sorri fraco — Você está bem? — pergunta virando a atenção para mim.

— Estou, estou indo embora, eu posso te levar?! — ela nega com a cabeça.

— Vou ficar até mais tarde, preciso terminar umas coisas — assinto suspirando — Tem certeza que você está bem?

— Sim. Você não precisa ficar até mais tarde, pode terminar isso amanhã. — Amanhã terei mais coisas para fazer, não se preocupe chefinho, eu consigo chamar um táxi — diz divertida e sorrio negando com a cabeça.

— Então ok, vou andando — ela assente e me encara enquanto eu me afasto. Quando estou no interior do elevador nos olhamos até quando ele se fecha e não podemos mais fazê-lo.

Quando o elevador se fecha e eu fico sozinho os pensamentos que me incomodavam voltam, e é só mais uma prova do quão bem Julie me faz, com poucas palavras e seu sorriso tímido e provocador, Julie tem a capacidade de me transmitir uma paz que eu nunca senti antes!

Mas o que isso significa?

Será que eu estou apaixonado por Julie?

Talvez sim, ou talvez não, porém, o que quer que seja não estou disposto a perder, muito menos para as maluquices de Richard Collins!

Me casar com Celine nunca foi uma opção, ainda mais agora que Julie está na minha vida.

— Sr. Collins — sacudo a cabeça voltando ao mundo real ao ouvir um dos colaboradores da empresa dizer meu nome em forma de cumprimento. Apenas assinto com um meio sorriso e continuo andando até fora da empresa, durante o curto caminho, quem chega perto de mim me dirige a palavra de forma educada, ou talvez bajuladora, mas isso é a menor de minhas preocupações nesse momento.

Já no meu carro vou em alta velocidade, não porque tenho pressa, mas porque amo a adrenalina.

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora