Capítulo 30

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Existe uma frase muito comum e antiga, "felicidade de pobre dura pouco", pois é, nunca duvidem dessa frase.

Mais uma vez, Richard Collins bateu na minha porta exigindo que eu me afaste do seu filho, com quem estou saindo todos os dias há pouco mais de um mês. Porém, desta vez, decidi não agir de forma precipitada, não decidir por Adrian ou cometer outro grande erro. Decidi que desta vez, iremos resolver isso juntos.

Anne conseguiu um contrato de seis meses com uma agência boa no exterior, e fará a viajem no próximo final de semana, então, decidimos que sexta-feira será um dia de comemoração, algo que estou precisando muito.

Mas enquanto não chega, estou aqui, sentada na minha mesa, lendo — sem nenhuma vontade — uma pilha de documentos que não fazem sentido algum. Adrian está numa reunião via Skype na sua sala há mais de uma hora e o resto do pessoal está também fazendo seu trabalho. Como é habitual, com muita agitação. Quando estou marcando um ponto importante nos documentos nas minhas mãos, sinto meu celular, que está no bolso da minha calça social, vibrar.

Com muita rapidez, por estar me livrando da seca que é fazer esse trabalho, pego o aparelho e na tela, com letras pequenas e um coração vermelho na frente, está escrito "Mamãe".

— Definitivamente se eu não telefono você esquece que tem mãe — reclama a mulher do outro lado da linha assim que atendo a sua ligação.

— Desculpa mamãe, tenho trabalhado muito! — com certeza essa não é uma causa justa para não se dar um sinal de vida para uma mãe preocupada, mas eu preciso dizer algo.

— E isso é justificativa para não telefonar para a sua mãe? — minha mãe nunca foi fácil de enganar, e parece que nunca será.

— Não — sei que ela está certa — Mas e aí? Como a senhora está? — tento, com sucesso, mudar de assunto.

— Bem e você?

— Também.

— Sei que provavelmente você se esqueceu, mas o aniversário do Logan é daqui a duas semanas e você prometeu vir — realmente eu não me lembrava mais. Minha cabeça anda a mil, na verdade, minha vida toda, desde que conheci Adrian Collins.

— Claro que eu não esqueci — minto mesmo sabendo que ela não acreditará, não é a primeira vez que me esqueço do aniversário do meu padrasto, ou de qualquer outra data importante — E não se preocupe, eu vou — finalizo para deixá-la tranquila.

— E o cara com quem estava saindo? — depois de alguns minutos de conversa, mamãe pergunta, graças a Anne que sempre que pode fala sobre Adrian para minha mãe e para todos.

— Ah, mãe, continuamos saindo.

— Traz ele, para conhecer a cidade, passear, e se distrair da movimentação, não diz que é para conhecer sua mãe, eles não gostam — rio do seu tom divertido.

— Vou pensar, preciso trabalhar mãe, beijos. — informo quando lembro que estou atrasando ainda mais o meu trabalho com nossa conversa.

— Ok, te amo filha.

— Também te amo mãe.

•••

O resto do dia foi, como a manhã, muito agitado, mas graças a Deus, o expediente chegou ao fim, uma hora mais tarde que o normal, mas nada muito surpreendente.

Adrian se ofereceu para me levar para casa, sem nenhuma abertura a uma resposta negativa, claro.

Eu só consigo pensar se conto sobre a "visita" do seu pai ou não. Achei que estivesse certa e firme sobre a minha decisão, mas agora, parece que toda a coragem me abandonou.

— Está distante, tem algo te incomodando? — suspiro ao ouvir a voz de Collins que se faz acompanhar por um olhar sereno.

— Na verdade sim — digo sem o olhar — Eu preciso te contar algo.

— Prossiga — diz Adrian, agora com sua atenção totalmente virada para a estrada.

Suspiro e penso mais um pouco, se falo, me calo, ou invento algo para fugir do assunto.

— Pode falar Julie, o que está acontecendo? — sua voz demonstra preocupação mas ao mesmo tempo procura me encorajar.

— Seu pai foi até o meu apartamento ontem, na verdade não chegou a subir porque o encontrei na frente do prédio — paro ao perceber que isso não tem importância alguma Bom, mais uma vez ele exigiu que eu me afaste de você e te convença a se casar com Celine.

Adrian não responde de imediato, mas sua expressão demonstra toda raiva que sente. Suas mãos apertam o volante com mais força que o normal e seu maxilar está travado.

— Você fez o certo em me contar — diz finalmente depois de muito tempo em silêncio.

— Espero.

Depois de mais alguns minutos, Adrian para o carro em frente ao meu prédio. Nos olhamos em silêncio, com certeza, ambos temos milhões de coisas para dizer, mas faltam palavras, coragem ou até mesmo certeza. Me liberto do cinto de segurança ainda o encarando.

— Bom, eu preciso ir, a gente se fala amanhã — informo e quando abro a porta do carro, seu toque me impede de continuar.

Adrian me puxa para um beijo calmo, doce e apaixonante, nossas línguas se movimentam numa sintonia inacreditável, uma de suas mãos está em volta do meu pescoço e a outra na minha cintura. Enquanto eu tenho apenas uma das mãos em seu peito e a outra segurando a bolsa sobre minhas pernas.

Quando o beijo chega ao fim, nos olhamos mais uma vez falando com o silêncio.

— Tenha uma boa noite Julie.

— Você também Adrian.

Nos separamos e saio do carro, depois de caminhar um pouco e estar diante da porta de entrada do prédio, me viro uma última vez para onde Adrian continua sem nem ligar o carro.

Ele me olha, e com um sorriso, e sem emitir som diz "eu te amo".

Sorrio e também, sem emitir som, movimento os lábios cuidadosamente dizendo "Eu também te amo Adrian Collins".

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora