Capítulo 16

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Estou dormindo como uma pedra quando ouço o alarme tocar pela milésima vez e só aí consigo abrir os olhos e ver as horas no celular que está do meu lado. Pulo da cama na mesma hora, droga, droga, droga! Mais uma vez atrasada.

Com pressa vou para o banheiro onde tomo um banho que poderia concorrer para o mais rápido do mundo.

Visto-me e pego minha bolsa saindo apressada. Passo pela porta do quarto da Anne, mas paro quando ela é aberta e vejo Sebastian. O encaro boquiaberta e vejo que ele está com a mesma reacção. Anne surge logo atrás e sem jeito me olha e depois para Sebastian.

— Eu te levo? — sugere Sebastian, sem muita certeza. Depois de alguns os minutos de silêncio e constrangimento, lembro que estou atrasada, droga, parece que qualquer coisa consegue me distrair.

— Ah, sim, obrigada, estou muito atrasada, seu irmão vai me matar — respondo tentando parecer normal — Eu te espero na sala, digo, vocês devem querer se despedir, ou, ah, sei lá ... — me perco em minhas próprias palavras e saio sem esperar por alguma manifestação da parte deles.

Minutos depois Sebastian aparece e juntos descemos para o estacionamento do prédio onde está seu carro. O caminho até a empresa é feito em silêncio. Porém, não posso condená-los, estou muito longe de ser a santa desta história.

Quando chegamos agradeço e nos separamos, cada um indo para o seu posto. Para a minha surpresa, meu querido chefe não reclama pelo atraso. Graças a Deus.

O dia corre de forma agitada, com os preparativos para o evento beneficente da empresa que acontece anualmente. Porém, Collins parece distante, como se tivesse algo o perturbando, e isso me preocupa, apesar do seu jeito arrogante, e de tentar mostrar que tem tudo sob controle, sei que ninguém é perfeito e meu chefe não é uma excepção.

Quando o dia termina e estou me arrumando para ir embora sinto olhos sobre mim e me viro encontrando os olhos do Collins fixos em mim enquanto ele está com os braços cruzados encostado à porta da sua sala.

— Está tudo bem Sr. Collins? — Você sabe que não precisa me chamar assim nem? — sua voz está calma e suave, como não ouço há alguns dias.

— Eu sei — digo — Você não respondeu, está tudo bem?

— Eu vou ficar — diz sorrindo fraco.

— Você sabe que é muito bipolar? — ele assente.

— E arrogante, frio, convencido, duro, entre outras mais coisas?! Sim, eu sei — rimos enquanto eu nego com a cabeça, que boba eu sou.

— Eu preciso ir — digo me afastando, mas ele não permite, segura meu braço e me encara. Se aproxima e junta nossos corpos, a essa altura minha respiração já está alterada. Com nossas bocas próximas e sem tirar seus olhos de mim, ele tira sua língua molhada e passa por meus lábios, um de cada vez, e por fim, dá uma leve mordida me fazendo gemer baixo.

Na minha mente eu só consigo pedir para que ele me beije de uma vez. Mas não é o que ele faz.

— Eu te levo — diz ao pé do meu ouvido e se afasta.

Suspiro frustrada e tento me recompor enquanto ele sorri de forma maliciosa.

Idiota. Entramos no elevador que em poucos minutos nos deixa no andar térreo onde nos despedimos de algumas pessoas, e não posso deixar de prestar atenção nos rostos perplexos e nos olhares invejosos, afinal, estou com Adrian Collins do meu lado.

Já no seu carro ele permanece com o olhar completamente fixo na estrada. Eu olho para minhas pernas enquanto cantarolo baixo a música que insisti em colocar.

— Você canta muito mal Clark — reviro os olhos e mostro a língua para ele que ri descontraído voltando a prestar atenção na estrada mais uma vez.

Sem dar conta me percebo o encarando. Admiro não só a sua beleza, mas a capacidade de controlar tudo, seus sentimentos, as pessoas, tudo em sua volta. Porém, ainda vejo no fundo dos seus olhos escuros um sentimento escondido, que não é nem a arrogância e muito menos a auto-estima elevadíssima, algo que com certeza ele luta com todas as forças para esconder de todos e de tudo.

Sem mais nenhuma palavra chegamos ao nosso destino, agradeço pela gentileza e ele sorri.

— Até amanhã Collins!

— Você podia se despedir com um beijo, mas enfim, até amanhã — diz antes que eu me retire do carro e rio o olhando, só ele mesmo! Me fez implorar por um beijo há alguns minutos atrás e agora quer que eu o beije como se fosse a coisa mais recomendada a se fazer.

Quando entro no meu apartamento jogo minha bolsa no sofá e caminho até a cozinha em busca de um copo de água.

— Boa noite — digo quando vejo Anne que está entretida preparando algo, certamente para o jantar, o que não é muito comum. Sebastian deve estar fazendo muito bem a minha amiga.

— Boa noite Julie, sobre mais cedo, eu... — a interrompo.

— Você é uma mulher solteira e não tem nada que explicar, desde que façam o que estavam fazendo no quarto eu não tenho nada a ver com isso — digo tentando evitar detalhes.

— Que bom, Sebastian é um cara legal — concordo com a cabeça — E você e o Adrian?

— Não existe eu e o Adrian — ela me olha impaciente O que foi?

— Por que você insiste em negar Julie, é tão difícil assim admitir que você está afim do gato do Adrian? — reviro os olhos. — O problema não é estar afim ou não, eu estou dizendo que não existe nada entre nós dois.

— Mas você gostaria que existisse?

— Eu não sei Anne, eu não sei — ela suspira como se quisesse que eu confesse de uma vez que quero sim algo com o Collins, mas eu realmente não sei, é muito complicado, e não é só por ele ser meu chefe.

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora