Prólogo

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— Merda — murmuro correndo desastrada após olhar para o meu relógio de pulso que me revelou quinze minutos de atraso. Eu disse para aquele motorista idiota, ele estava sendo lento demais, mas o desgraçado respondeu com todo o sarcasmo possível "devia ter acordado mais cedo!".

Se eu não acordei cedo? Em vinte e três anos nunca acordei tão cedo, mas parece que minha roupa encolheu, ou eu engordei durante o sono, meu cabelo não ficava bom e meu rosto estava cheio de olheiras. Eu estava horrível, e nem sei como isso tudo foi possível em uma só noite!
Eu não podia simplesmente chegar no meu primeiro dia como a nova secretária do respeitado Adrian Collins daquela maneira, consequência, levei mais de uma hora me arrumando.

Como se já não estivesse ruim, a droga do elevador do meu prédio decidiu parar de funcionar, e tive que descer sete andares usando as escadas. Quando cheguei no final olhei no meu celular e uma mensagem do motorista do Uber que já me esperava dizia que eu demorei demais e ele foi embora!

Tive que chamar outro e aguardar por mais trinta minutos.
Não acredito que exista alguém com mais falta de sorte que eu. Para piorar ainda mais, começou uma chuva não muito intensa, mas que fez com que eu acabasse parcialmente molhada após percorrer o caminho do estacionamento até a entrada do enorme e glamoroso prédio.

— Droga — digo vendo que todos no prédio me olham, suspiro e tento ignorar, mas é impossível. As mulheres loiras, altas e bonitas me olham, falam entre elas e riem, o que está me deixando com ainda mais raiva deste dia que com certeza irá piorar. Não o conheço pessoalmente ainda, mas sei que meu querido chefe não é um homem muito amigável.

Sua sala fica no último andar e eu já estou dentro do elevador, apreensiva e tentando me secar para não passar mais vergonha.

Quando o elevador abre, me encontro no último andar.
Uma mesa vazia me recebe. Eu deveria estar ali. Suspiro caminhando em passos lentos e receosos até ver a porta da sala do meu chefe ser aberta.

— Venha até minha sala agora — seu tom é rígido e frio, sua voz é forte, mas não consigo observá-lo direito pois na mesma hora em que termina de falar se vira saindo do meu campo de visão.

Corro até a minha nova mesa e guardo minha bolsa, respiro fundo e caminho de forma lenta até a porta que gostaria que estivesse um pouco mais longe. Suspiro e bato levemente nela esperando a permissão para entrar que não demora e vem.

Com receio entro na sala vendo meu chefe de costas. Ele é um homem alto e grande, tem ombros largos e corpo atlético que seu terno preto faz questão de demarcar perfeitamente. Sobre seu rosto nada posso dizer ainda.

— Você está atrasada Senhorita Clark. No seu primeiro dia você se atrasa, isso não é um bom sinal — ele continua de costas e como antes seu tom é frio. Suspiro sem saber o que dizer, ele está certo, mas eu não tenho culpa.

— Me perdoe Sr. Collins, é que eu... — ele me interrompe quando se vira me dando, pela primeira vez, o privilégio de admirá-lo.

Adrian Collins é um homem jovem, muito jovem para o património que possui, sei que apesar de ter sido fundada por seu pai, a empresa atingiu outro patamar depois que o Sr. Collins assumiu o comando.

No auge dos trinta anos, como já mencionei, ele é alto, corpo grande e atraente. Seu rosto é ainda mais atraente, olhos verdes penetrantes, lábios rosados e chamativos, a barba por fazer o deixa ainda mais lindo. Seus cabelos pretos fazem um lindo contraste com sua pele branca.

— Senhorita Clark? — saio do meu transe quando ouço ele me chamar em um tom alto que indica que não é a primeira vez que o faz. Engulo em seco envergonhada.

— Me perdoe Sr. Collins, eu prometo que não irá se repetir — digo encarrando o chão, mas sinto seus olhos sobre mim, e isso faz com que automaticamente minhas bochechas ganhem um tom rosado.

— Não me faça promessas — sua voz sai ainda mais rígida, o que eu achei não ser possível.

— Me perdoe, mas eu ... — mais uma vez quando eu quero me explicar, meu chefe me interrompe, desta vez não com a sua beleza, mas com suas frias e duras palavras.

— Sua vida não me interessa, não quero explicações, quero que seja uma boa funcionária ou pode se considerar mais uma desempregada no país — engulo em seco encarrando seus olhos que estão levemente escuros.

— Não irá se repetir senhor — ele concorda com a cabeça. Me dá as costas novamente e se afasta. Sem saber o que fazer, continuo imóvel.

— Vá fazer seu trabalho — respiro fundo e assinto. Em passos apressados me afasto, mas quando estou prestes a atravessar a porta sua voz forte se faz presente mais uma vez.

— Se despeça antes de sair — ele diz em tom de repreensão, com a voz tão dura quanto antes. Suspiro, muito baixo para que ele não ouça.

— Sim senhor, me perdoe, com licença — mesmo de costas ele concorda com a cabeça e finalmente me vejo livre dele.

Suspiro me sentando no meu lugar, mas no mesmo momento vejo Senhorita Williams se aproximar, ela irá me instruir até que eu me familiarize. A mulher deve ser apenas alguns poucos anos mais velha que eu, tem cabelos num tom ruivo claro, é alta e magra, tem lindos olhos verdes e lábios finos coloridos por um leve batom vermelho.

— Senhorita Wiliams, bom dia — ela sorri de forma simpática, diferente do meu chefe, ela parece ser gentil.

— Já disse, me trate apenas por Paige — concordo com a cabeça enquanto sorrio sem mostrar os dentes. Ainda estou me recuperando da "conversa" com o meu chefe.

— Já conheceu o Sr. Collins? — pergunta num tom engraçado e concordo com a cabeça.

— Com o tempo você se acostuma — diz segurando meu ombro.

Não imaginei que um homem tão lindo e atraente seria tão frio. Pesquisei muito sobre ele quando fui admitida para ser sua secretária, vi algumas fotos e tenho que admitir, ele é ainda mais lindo pessoalmente. O resto do dia foi tranquilo, não tive nenhuma outra oportunidade para interagir com meu querido chefe, graças a Deus. Paige me mostrou tudo, enquanto as outras funcionárias continuaram com seus olhares debochados, mas nada que eu não aguente, preciso muito deste emprego.

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora