Capítulo 04

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Desde o episódio na sala do meu chefe, nada demais aconteceu. Os olhares, claro, continuam presentes e cada vez mais intensos. Sinto sempre os olhos de Collins sobre mim, e inevitavelmente também o encaro sempre que posso.

É sexta-feira e o dia está calmo, estou na minha mesa mexendo no celular. Sei que não é apropriado, mas quando não há trabalho por fazer é entediante ficar aqui como um vegetal.

No mesmo momento que tenho esse pensamento o elevador abre revelando uma linda mulher, deve ter uns vinte e sete ou vinte e oito anos, alta, loira, magra, roupas de marca e óculos escuros. Porém, com uma grande cara de esnobe.

— Boa tarde Senhorita...? — me pronuncio vendo que ela ignora completamente minha presença tentando entrar sem que eu a anuncie ao Sr. Collins.

— Celine Torres — diz seu próprio nome com orgulho e satisfação, deve ser alguma famosa, depois eu pergunto à Anne de quem se trata.

— Senhorita Torres, eu preciso anunciá-la — ela me olha com desdém.

— Não preciso que me anuncie, eu sou noiva do Adrian — sou pega de surpresa, ele tem uma noiva?!

— Me desculpe, eu não sabia, mas o Sr. Collins ordenou que todos sejam anunciados — Celine revira os olhos com força e se aproxima de mim como se tentasse me intimidar.

— Olha aqui garota, eu sou praticamente a Sra. Collins, então pare com esse atrevimento senão vai ficar sem emprego, se eu disse que não precisa me anunciar, então não precisa — diz com o tom frio e se vira saindo sem me deixar responder, suspiro.

Alguns minutos depois da sua entrada na sala do Collins gritos começam a surgir. Não consigo entender o que eles dizem, mas os gritos são altos.

Depois de mais alguns minutos a porta é aberta. Collins surge puxando a futura Sra. Collins pelo braço. Sem me olhar, ele vai até ao elevador,
coloca a mulher no interior do mesmo e quando ele começa a descer ele finalmente se vira para mim. Com o maxilar travado, os olhos escuros e os punhos cerrados me olha de forma intimidadora.

— Por que não anunciou aquela mulher? — pergunta com frieza.

— Desculpa, eu quis, mas ela disse que era sua noiva e não precisava — ele continua com sua postura dura.

— Quem é seu chefe aqui? Ela? — nego com a cabeça — Então, eu já disse, anuncie todo mundo. Se minha mãe aparecer aqui, anuncie como qualquer outra pessoa — diz autoritário, mas visivelmente mais calmo.

— Aí vamos precisar de um segurança — murmuro esperando que ele não ouça, mas pela forma como me olha, com certeza ele ouviu.

— Digo, Sr., eu não tenho como obrigar ninguém a esperar. Esforço físico não faz parte das minhas funções — ele me olha e pela primeira vez o vejo revirar os olhos, o que é de certa forma engraçado, um homem como ele, todo maníaco por controle, arrogante e frio, revirando os olhos é engraçado.
Ele franze a testa.

— Do que está rindo? — arregalo os olhos. Eu estou rindo?! Merda.

— De nada — ele me olha desconfiado, mas não diz nada. Sai sem dizer mais nenhuma palavra, e eu suspiro aliviada.

•••

O resto do dia foi tranquilo, não apareceu nenhuma outra futura Sra. Collins ou algo parecido. Collins passou o tempo todo na sua sala e eu no meu posto, ele saiu mais cedo e agora eu estou me arrumando para voltar para casa.
Vejo o elevador abrir e sou surpreendida pela presença de Sebastian.

— Oi Julie!

— Ah, oi Sr. Collins — é estranho chamá-lo assim.

— O que é isso? Já disse, me trate apenas por Sebastian!

— Tudo bem Sebastian, seu irmão já foi embora — informo já com minha bolsa no ombro.

— Na verdade eu vim aqui falar com você — o encaro surpresa — Alguns funcionários se juntam num bar aqui perto às sextas, o que acha de vir comigo?

— Eu não sei ...

— Não se preocupe, meu irmão não costuma aparecer — diz de forma divertida e rimos.

— Não é por ele, eu ... — mais uma vez ele me interrompe, acho que esse é um defeito de família.

— Vamos Julie, comemorar seu primeiro mês aqui e conhecer algumas pessoas, você vive enfurnada aqui. Sei que o Adrian te explora, aproveita hoje para se divertir, é sexta e com certeza você não tem nada melhor para fazer — ele está certo, concordo com a cabeça.

— Tudo bem Sebastian, vamos — ele abre um grande sorriso e me dá espaço para que eu vá na frente.

•••

No caminho até o bar ligo para Anne informando que chegarei tarde, mas me arrependo quando ela fica perguntando com quem estou saindo e insinua que é com o Collins, mas até que é, não com o Collins que eu gostaria que fosse, mas é um Collins.

— No que você tanto pensa? — deixo meus pensamentos quando ouço a voz de Sebastian.

— Nada importante — sorrio. Já nos encontramos no interior do bar, ele é sofisticado e está com um número considerável de pessoas. Numa mesa distante reconheço alguns rostos, é o pessoal da empresa!

— O que vai querer beber? — Sebastian pergunta quando nos sentamos na mesa com o pessoal. Alguns me olham curiosos e outros se limitam a desejar um boa noite.

— Vodca — respondo e ele sorri indo pegar a bebida.

Todos conversam animadamente bebendo e dançando mesmo sentados, Sebastian regressa poucos minutos depois e me oferece a bebida.

— Obrigada!

— Então, o que está achando da empresa? Do meu irmão? Do seu trabalho?

— É legal, a única parte ruim é o seu irmão mesmo — rimos, eu já me sinto descontraída e talvez por isso digo tais palavras com tanta naturalidade.

— Por que ele é assim? — pergunto após um tempo em silêncio. Sebastian me olha surpreso.

— Por que o Collins é desse jeito? Frio e arrogante, vocês são tão diferentes — ele sorri de lado.

— Adrian passou e ainda passa por muitas coisas, mas ele é um cara legal — dou de ombros e volto a beber um pouco da vodca no meu copo.

— Você tem algum interesse nele? — sua pergunta faz com que eu me engasgue com a bebida que ainda tentava engolir.

— O quê? Claro que não, o Sr. Collins é meu chefe, só isso! — mesmo que lá no fundo eu deseje que seja mais, tenho consciência de que isso não pode acontecer nunca.

Sebastian e eu conversamos bastante durante o resto da noite, e descobri algumas coisas sobre ele. Ele é o caçula, tem vinte e sete anos, três anos mais novo que o Collins.

De forma descarada perguntei à Sebastian sobre Celine e para minha surpresa ele disse que ela não tem nada com o seu irmão, mas que o pai pressiona meu chefe para que se case com ela, os motivos ainda não consegui averiguar.

Meu Chefe E EuOnde histórias criam vida. Descubra agora